sexta-feira, dezembro 28, 2007
quarta-feira, dezembro 26, 2007
quarta-feira, dezembro 19, 2007
2007 Filmes
Apesar de todos os condicionalismos inerentes à minha reduzida mobilidade física neste ano que agora finda, não deixei de acompanhar com a proximidade possível o panorama cinematográfico em 2007 e, por isso, aqui fica uma reflexão crítica sobre aqueles que são indiscutivelmente os (meus) Filmes do Ano.
Cartas de Iwo Jima (*****)
Se 2006 foi o ano de “Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos” (a infeliz tradução para “Little Miss Sunshine”), 2007 foi decididamente o ano de “Cartas de Iwo Jima”. Embora tenham estreado em Portugal em anos diferentes, estes dois filmes concorreram ambos à Cerimónia dos Óscares deste ano e foram (em nosso entender, injustamente) batidos por “Entre Inimigos” (“The Departed”) na categoria de Melhor Filme. Mas se “Little Miss Sunshine”, uma descontraída comédia que gira em torno de uma disfuncional família americana, prima pela genialidade do argumento e pela desconcertante performance dos actores, “Cartas de Iwo Jima” é aquilo a que podemos chamar de uma verdadeira obra-prima. A segunda parte do díptico sobre a II Guerra Mundial realizado por Clint Eastwood, de que “As Bandeiras dos Nossos Pais” constitui o primeiro filme, afirma-se como um verdadeiro exercício de estilo do próprio realizador, que desagua num mágico turbilhão de emoções, tendo como pano de fundo a árdua batalha dos soldados japoneses na ilha de Iwo Jima. Enquanto “As Bandeiras dos Nossos Pais”, que vive a história do lado americano, sem deixar de ser uma obra interessante, raramente suplanta a banalidade de outros filmes do mesmo género e cai facilmente na unissonância do desenrolar de acções, este “Cartas de Iwo Jima” constitui um verdadeiro hino à força de vontade e ao querer do ser humano, personificados no General Tadamichi Kuribayashi (uma extraordinária interpretação de Ken Watanabe), que se apresenta em contraste com a própria natureza inóspita da ilha que lhe serve de pano de fundo. Enfim… Sublime…
À Prova de Morte - Death Proof (****)
Um dos meus realizadores de eleição, Quentin Tarantino, regressa ao grande ecrã em 2007 com “Death Proof”, mais um projecto em dois actos, de que “Planeta Terror”, de Robert Rodriguez, constitui a segunda parte. A parte realizada por Tarantino do projecto “Grindhouse” é uma homenagem e, simultaneamente, uma sátira aos filmes de série Z. Nada falta. Uma cópia riscada, saltos de imagem, falhas no som. O que faz de “Death Proof” um daqueles filmes perante o qual a reacção só pode ser uma de duas: ou se gosta – e emana de Hollywood mais uma obra-prima – ou se detesta – e o espectador sai da sala a meio da projecção perante tanto “bad cinema”. O que me coloca no primeiro grupo de reacções e me faz considerar este filme uma obra de mestre da sétima arte é o facto de esse “bad cinema” ser voluntário e propositado por parte de Tarantino! A sua chancela está lá, nas melhores cenas de pancadaria, na fantástica perseguição final, no inconfundível grafismo, na exemplar fotografia, no registo musical e até na deliciosa referência às “massagens de pés” celebrizadas em “Pulp Fiction”. Ao contrário de “Death Proof”, a segunda parte do projecto “Grindhouse”, o filme “Planeta Terror”, de Robert Rodriguez, mais não é do que uma entretida (mas vulgar) fita de zombies, em que se destaca a brilhante interpretação de Rose McGowan.
Promessas Perigosas – Eastern Promises (****)
Pecados Íntimos - Litlle Children (****)
Uma das surpresas do ano. "Litlle Children" vive intensamente o dia-a-dia de um conjunto de pessoas cujas vidas se cruzam em parques infantis, piscinas municipais e ruas de uma pequena comunidade. E o realizador Todd Field fá-lo de forma surpreendente e soberba, explorando genialmente cada uma das personagens e os perigos que encerra cada esquina. Grande história, baseada na obra de Tom Perrota, que explora a crise de uma geração nascida nos anos setenta, meio perdida entre a “velha guarda” e nova sociedade da informação. E grande interpretação de Kate Winslet, justamente nomeada pela Academia, num dos melhores papéis da sua carreira. Com nomeações para os Óscares ainda em mais duas categorias, “Litlle Children” é um filme sublime e provocador, que merece ser visto atentamente em cada pormenor.
Apocalypto (****)
Os Simpsons: O Filme (****)
Sim. Sou suspeito. Mas não podia deixar de eleger “Os Simpsons” como um dos filmes do ano. E é fácil perceber porquê. Fã incondicional da série desde os anos 80, fiel às diabruras de Bart, Homer, Lisa, Marge e Maggie e demais habitantes da pitoresca Springfield, eu que nem gosto particularmente de filmes de animação, não podia perder esta pérola. Felizmente, não sou o único a reconhecer a qualidade cinematográfica de “Os Simpsons: O Filme”. E se é verdade que compreendo as vozes críticas que dizem tratar-se de um episódio com noventa minutos (ao invés dos habituais vinte), é porque este filme mantém os factores que fazem da série um caso sério de popularidade um pouco por todo o mundo: o argumento é cinco estrelas, os nomes que dão voz às personagens são escolhidos a dedo, é efectuada uma sátira perfeita à sociedade actual. A família amarela mais famosa de planeta e o seu criador Matt Groening estão de parabéns.
O Último Rei da Escócia (****)
A Rainha (***)
Era impossível fazer uma crónica sobre cinema em 2007 sem falar de “A Rainha” e “O Último Rei da Escócia”. E ao longo das próximas linhas perceberão porque estes dois filmes têm que ser analisados em conjunto. Geniais interpretações (de Helen Mirren em “A Rainha” e de Forest Whitaker em “O Último Rei da Escócia”) que valeram da Academia os Óscares de Melhor Actriz e Melhor Actor, respectivamente. Histórias reais enformadas num contexto ficcional, a da Rainha de Inglaterra num papel magistral de Helen Mirren (que encarnou genialmente uma personagem de interpretação dificílima), e a do governante do Uganda, Idi Amin, brilhantemente interpretado por Forest Whitaker (quem diria que o delicado e elegante actor dava um psicótico e carismático ditador?). Soberbos argumentos de Peter Morgan, que assina ambas as fitas, revelando uma capacidade muito própria de aplicar um polimento de ficção a personagens verídicas. Mas se há muito que une “A Rainha” e “O Último Rei da Escócia”, há sobretudo um aspecto que os separa. Se a obra de Stefen Fears, “A Rainha”, é um característico telefilme, baseado em personagens e acontecimentos reais, n’“O Último Rei da Escócia”, apesar de Idi Amin ter efectivamente existido, o médico escocês Nicholas Garrigan e todo o seu envolvente são criações ficcionais, o que faz desta película uma obra muito para além de um mero telefilme: “O Último Rei da Escócia” é também e, sobretudo, uma brilhante e emotiva viagem à Uganda de Idi Amin e à magia do continente africano.
segunda-feira, dezembro 17, 2007
Há Coisas que Nunca Mudam…
O sorriso dos caracóis está atrasado. Há coisas que nunca mudam, dizem-me…
O mesmo sorriso que degusta uma alface temperada com magia. Há coisas que nunca mudam, fazem-me crer…
A bela joaninha sobrevoa o jardim de máquina fotográfica em punho e crava ao empregado a tal “foto de família”. Há coisas que nunca mudam, pelo que consta…
A pequenita mocita surge do nada como se do tudo se tratasse e saúda-nos com o “Arô” de sempre. Há coisas que nunca mudam, oh se há…
O homem camarão tem direito aos melhores beijinhos porque vem de longe. Traz histórias para contar como poucos. Parece que foi ontem que ele nos contou as últimas. Há coisas que nunca mudam, acredito que sim…
Há quem trabalhe agora num banco mas não resista em relembrar momentos no Corpo Louco ou na Escola Eugénio de Castro. Há coisas que nunca mudam, há mesmo…
O trabalhador do conhecimento, conhecemo-lo porque só ele seria capaz de nos trazer a história de uma colega de trabalho que chora muito. E só ele sabe como chora. Há coisas que nunca mudam, é um facto...
Ainda há a querida menina de sempre que proporciona dois dedos de simpática conversa à anciã senhora que apenas queria saber se nós éramos da TVI e dizer mal dos “Morangos com Açúcar”. Há coisas que nunca mudam, reconheço…
E parece que alguém se vai casar. Mas só ele nos apresentaria isso como um “acordo”. E só ele nos faria ansiar tanto por esse momento. Há coisas que nunca mudam, é verdade…
Anda por aí um certo vídeo. Relembra a melhor semana da minha vida. Estão lá a Estúpida, o Organizador da Maior Queima de Sempre, o Homem Mais Bonito do Brasil e até a Égua Pocotó. Ainda bem que há coisas que nunca mudam.
“Os afectos continuam lá. Como ontem. Como sempre.” (Joaninha)
Parece que foi ontem a última vez. Mas desta vez foi mesmo. Poucas pessoas seriam capazes de provocar em mim uma felicidade tal. A nostalgia embutida em cada pedra da calçada coimbrã voltou a fazer das suas. Já estou cheio de saudades. Afinal o Natal ainda pode servir para coisas bonitas. Há coisas que nunca mudam. Felizmente.
domingo, dezembro 16, 2007
terça-feira, dezembro 11, 2007
Ranking Best of 2007
Mantendo o desafio de anteriores ocasiões, escolhi aqueles que considero os temas musicais do ano. Se é verdade que alguns singles, como “Rehab”, de Amy Winehouse, ou “Young Folks”, de Peter, Bjorn e John, foram lançados ainda durante o ano de 2006, foi em 2007 que se afirmaram enquanto casos sérios de popularidade no panorama musical. Na lista não podiam faltar os aguardados e bem conseguidos regressos de Jorge Palma e dos Da Weasel, a fantástica afirmação mundial da “nossa” Nelly Furtado, a límpida voz da portuguesa Rita Redshoes, a pérola conseguida pela junção das performances de Vanessa da Mata e Ben Harper ou o vibrante tema de Mika, “Garce Kelly”. Aqui fica a lista dos eleitos:
1. Jorge Palma – Encosta-te a Mim
2. Amy Winehouse – Rehab
3. Da Weasel – Dialectos de Ternura
4. Peter, Bjorn and John – Young Folks
5. Vanessa da Mata (feat. Ben Harper) – Boa Sorte
6. Nelly Furtado – Say It Right
7. Mika – Grace Kelly
8. Rita Redshoes – Dream On Girl
9. Scissor Sisters – I Don’t Feel Like Dancing
10. David Fonseca - Superstars
11. Orishas – Hay un Son
12. The Kaiser Chiefs – Ruby
13. Sara Tavares – Bom Feeling
14. Clã – Tira a Teima
15. Mundo Cão – Morfina
16. K-Os – Sunday Morning
quinta-feira, dezembro 06, 2007
Por intermédio de uma inspirada borboleta, descobri uma pérola na blogosfera. Chama-se "Aqui me Encontro". O mote diz tudo:
Deixei por lá o seguinte comentário ao post "Ciúmes e Cromossomas":
Publicado aqui.
quarta-feira, dezembro 05, 2007
terça-feira, dezembro 04, 2007
"Não tenho tempo para avanços tão lentos. Tenho pressa de viver. Ao avançarmos tão devagar sinto-me como se estivesse a andar para trás. Como se estivesse a perder outras oportunidades que andem ao meu ritmo. Sou acelerada. Quero tudo. Quero tudo e quero tudo para já! Se não me acompanhas, então deixa-me ir. Voltarei a apanhar-te, mas com uma volta de avanço. Para mim todos os segundos contam. Tempo que durmo é tempo que perco. E eu detesto perder tempo. Porque esse nunca se recupera. Não me empates. Respeito as tuas indecisões se respeitares as minhas decisões. Não tenho tempo para jogos de faz de conta. Para diz que não disse. Tenho pressa para ter tudo. Tenho pressa para viver. Não tenho tempo para dúvidas e respostas como "não sei" ou "esperemos pelo amanhã". Não quero só o amanhã. Quero o dia de hoje! Quero vivê-lo. Tenho pressa. Desculpa mas, desta vez, vou partir sem ti."
terça-feira, novembro 27, 2007
Um Voo de Classe
O Toino não morreu no mar
Acabou de adquirir um castelo na Escócia…
Enfim… Não é bem na Escócia…
É uma cave sóbria
Em Gaia…
O excerto é do tema “O Centro Comercial Fechou”. Jorge Palma regressa, em 2007, com “Voo Nocturno” e não é por acaso que o álbum ocupa há várias semanas o lugar cimeiro do top de vendas nacional. O aguardado trabalho de Jorge Palma é a prova de que é possível fazer coisas mágicas através de uma fórmula simples. Um roteiro pelas inebriadas emoções do autor, uma sentida partilha de sentimentos. Serei talvez exagerado se afirmar que este é o melhor álbum nacional desde os tempos de “Viagens”, de Pedro Abrunhosa, lá no longínquo ano de 1993. Mas é o que eu sinto. E que bom é senti-lo. Há muito que não devorava um álbum assim. Encostem-se a ele e… Deixem-no rir...
quarta-feira, novembro 21, 2007
Porque…
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner
terça-feira, novembro 13, 2007
Antes e Depois
sexta-feira, novembro 09, 2007
quinta-feira, novembro 08, 2007
terça-feira, novembro 06, 2007
Encosta-te a Mim
Encosta-te a mim,
nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim,
talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim,
dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.
Chegado da guerra,
fiz tudo p´ra sobreviver
em nome da terra,
no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem,
não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói,
não quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi,
hei-de inventar contigo
sei que não sei
às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem,
encosta-te a mim.
Encosta-te a mim,
desatinamos tantas vezes
vizinha de mim,
deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba
que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada,
seja como for.
Eu venho do nada
porque arrasei o que não quis
em nome da estrada
onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim,
vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba,
quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi,
um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei,
às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem,
encosta-te a mim.
Encosta-te a mim
Encosta-te a mim
Quero-te bem.
Encosta-te a mim.
Jorge Palma
quarta-feira, outubro 24, 2007
(clique para aumentar)
segunda-feira, outubro 15, 2007
quarta-feira, outubro 10, 2007
Paraíso Filmes
Shôr Anibal
A mais que merecida homenagem àquela que é, em minha opinião, a melhor série de humor alguma vez feita em Portugal. Brilhantemente escrita por Filipe Homem Fonseca, Nuno Markl, Eduardo Madeira e Henrique Dias no longínquo ano de 2001, contou com a participação de António Feio, José Pedro Gomes, Dinarte Branco, Marco Horácio, Carla Salgueiro, Nuno Lopes, Manuel Marques, Carlos Curto e Miguel Melo. Junto-me ao coro de fiéis que pede o DVD da série... Sem dúvida que seria um justísssimo prémio...
Aqui fica uma das pérolas cinematográficas criadas, o Shôr Aníbal, uma versão de Hannibal com elementos de Silêncio dos Inocentes e Psycho.
"Eu sei o que é que voces tão a pensar... Estão a pensar tipo 'Eh, lá estão aqueles dois gandas malucos a levar um corpo enrolado num tapete'... Mas aquilo não é corpo nenhum, muito menos o do filho do Director de Programas da RTP!!... Isto e só droga, e tão somente droga, meu Deus!... E a droga é só droga..."
terça-feira, outubro 09, 2007
Carpe Diem
A pedido de muitas famílias, o vídeo gravado em 2005 na Missa do Figueiredo... Gosto particularmente da efusividade do Padre Vítor no encitamento aos fiéis para participarem activamente na inigualável performance do assombroso intérprete. Isto apenas até ao momento em que o celebrante percebe que já não há nada a fazer e constata que perdeu todo o protagonismo para o sublime cantor. E claro que há ainda a fantástica saída de cena do brilhante artista antes do fim do tema musical para evitar os aguardados aplausos. E o genial momento final em que o orador pede subtilmente ao cameraman que termine a gravação, uma vez que vai dar início à homilía, o momento em que divaga até nunca ninguém sabe muito bem onde (o que é terrível que fique registado... nunca se sabe quem é que pode cometer a maldade de publicar isso no malvado e demoníaco mundo da internet...). Uma pérola...
quarta-feira, outubro 03, 2007
O mercado ditou as suas leis e, em Setembro, despediram-se da imprensa portuguesa duas publicações emblemáticas. Em ambos os casos, a justificação dada foi a perda insustentável de leitores. Uma situação inevitável, dirão alguns. Controlável, dirão outros. A certeza é apenas uma. Goste-se ou não dos títulos que se despedem do mercado e independentemente do seu público-alvo (bastante diferente, aliás, entre as duas publicações), a imprensa nacional ficou mais pobre.
A despedida da versão portuguesa da Premiere, a única revista de cinema publicada no nosso país, não resta dúvidas que deixa um vazio no panorama da imprensa nacional. Era um desfecho anunciado e, por isso, não espanta o adeus da “Premiere”. Mas os amantes de cinema (e alguns meros simpatizantes da Sétima Arte) perdem uma revista de referência, de linguagem cuidada e colaboradores seleccionados com rigor e profissionalismo. Assim o lamento de um leitor ocasional, mas decerto reconhecedor da qualidade da publicação que agora se despede do mercado português.
segunda-feira, outubro 01, 2007
O Amigo do Povo
E, eis que, nas páginas do jornal surge, há tempos, a mais inesperada das indicações. Anunciadas, em letras garrafais, aí estavam as palavras que soaram como música para os meus ouvidos: “Visite-nos agora também na Internet em http://www.amigodopovo.com/”. Estava consumado o milagre. Maior do que qualquer vitória do Fátima sobre o Futebol Clube do Porto. “O Amigo do Povo” está disponível on-line e o seu sítio é, pura e simplesmente, uma pérola. Digno de figurar nas maiores Ambiguidades da história da World Wide Web, o espaço on-line d’ “O Amigo do Povo” é a prova de como a igreja se adaptou brilhantemente aos desafios do século XXI. Ou então NÃO. Como o comprova Nuno Markl numa deliciosa entrada do seu blogue: “É isto para que servem os amigos. Do povo."
O grafismo da página é um must. As próprias cores do sitio encaixam à maneira. E as secções, Senhor!!! As secções são de bradar aos Céus. Para além dos inevitáveis links para as páginas da paróquia, temos... A Doutrina. Os Documentos do Vaticano. A Via Sacra. A Bíblia Sagrada!!!! Sim… A Bíblia, em versão integral, disponível on-line. O link “Utilidades” é uma pérola tal que é impossível não espreitar (porque nunca se sabe quem responde a perguntas como “Gosta de acender uma vela quando reza? A internet também tem um altar virtual! Acenda uma vela e escreva um resumo da sua oração. Depois pode continuar a pedir, a agradecer ou a louvar... Com a vela acesa por muito tempo... se isso não aumentar a conta a pagar!”).
Um verdadeiro hino à Palavra de Deus. Só mesmo visto. Vale a pena perder (provavelmente é mesmo isso) alguns minutos a explorar com profundidade http://www.amigodopovo.com/.
sexta-feira, setembro 28, 2007
quarta-feira, setembro 26, 2007
Silent Magic Words
Dream on Girl
Dream on girl, Dream on girl
I want to see you sleep tonight
You’re up and down
You hit the ground
And time is drifting trough your fears
I can’t find your dreams tonight
And make your lover come back home
If you don’t know, you are on your own
I’ll choose the best days for your sleep
Come back to see the day you lost your heart
And odd your hopes
I’ll take you to see the sunrise and try to catch your ghost
Come on girl, a dream is your world
The sins you see are in your mind
The words that you speak are here in my ear
So I can hear you falling down
Take a breath to see me
I can wait for you to
Live your live with no hopes but
If you still believe…
Come back to see the day you lost your heart
And odd your hopes
I’ll take you to see the sunrise and try to catch your ghost
terça-feira, setembro 25, 2007
É Proibido Pensar
“Confrontado com o meu desespero face à tirania do barulho, um amigo aconselhou-me a efectuar uma imersão intensiva na televisão portuguesa como uma experiência antropológica. Tentando, dispus-me – até pela impossibilidade de alternativa - a ver os programas da manhã e da tarde (…). E descobri que se organizam de acordo com uma lei implícita, segundo a qual o que importa é dizer o que quer que seja, desde que em tom entusiasta, acompanhado de expansiva linguagem corporal e sorriso radioso no rosto. Sendo os apresentadores, na sua maioria, gente nova e agradável à vista, parecem envolvidos num qualquer concurso oculto em que ganha quem falar mais alto, de forma mais exagerada ou estridente. Os convidados parecem escolhidos pela sua quase generalizada irrelevância e estão atentos à «proibição» de falar de temas «chatos» (conceito em que se engloba tudo quanto é da esfera político-social) ou deprimentes (a não ser através dos «casos da vida», invariavelmente bem sucedidos, que comunicam edificantes mensagens «de amor e coragem»).
(…) As inefáveis prestações musicais, dominadas pela música pimba ou por grupelhos pseudomodernos, obedecem ao mesmo critério: canta bem quem mais «puxa» pela voz, mais exacerba o grito, mais sua e mais comovido parece. Mas o cúmulo da estridência oca é ocupado, sem sombra de dúvida, pelos sketches cómicos que integram estes programas. Tipicamente, um senhor vestido de mulher, em paródia preconceituosa e de mau gosto aos homossexuais e transsexuais, acha que tem piada por falar alto e com voz de falsete, fazer afirmações de sentido dúbio e pontuar as frases com «ai, filha» ou «ó rica». Neste contexto, e para que vejam onde cheguei, confesso que os episódios, que tive pela primeira vez oportunidade de ver, dos Morangos com Açúcar me pareceram uma coisa muito tolerável, pelo menos com alguma organização narrativa, sequência lógica e um pouco menos de estridência sonora”.
Carla Machado, Professora Universitária, in Público, 9 Agosto 2007
Nota do Autor do Blogue: Como eu a percebo, Carla… Também actualmente a televisão é uma das minhas principais fontes de entretenimento e companhia diárias. Contudo, apesar do meu actual estado de dependência televisiva, acho que não conseguiria sujeitar-me a uma experiência antropológica tão vil e cruel. Embora assuma: Sim… Eu ultimamente espreitei algumas vezes «As Tardes da Júlia». E quem não o fez?
sexta-feira, setembro 14, 2007
Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias. Difícil é encontrar e reflectir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.
Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir. Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.
Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado. Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais...
Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar. Difícil é mentir para o nosso coração.
Fácil é ver o que queremos enxergar. Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.
Fácil é dizer "oi" ou "como vai'? Difícil é dizer "adeus". Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...
Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados. Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.
Fácil é querer ser amado. Difícil é amar completamente só. Amar de verdade,sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.
Fácil é ouvir música que toca. Difícil é ouvir a sua consciência. Acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.
Fácil é ditar regras. Difícil é seguí-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.
Fácil é perguntar o que deseja saber. Difícil é estar preparado para escutar esta resposta. Ou querer entender a resposta.
Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade. Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.
Fácil é dar um beijo. Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.
Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida. Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.
Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica. Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.
Fácil é sonhar todas as noites. Difícil é lutar por um sonho...
Carlos Drummond de Andrade
sábado, setembro 08, 2007
sexta-feira, agosto 31, 2007
segunda-feira, agosto 27, 2007
Cinemacção
A crítica diz que é um dos melhores filmes de animação dos últimos tempos e, provavelmente, o melhor filme do ano saído de Hollywood até ao momento. Ratatouille é o desenho animado dos estúdios Pixar sobre um rato cozinheiro que tem animado as salas de cinema de todo o país.
Segundo Nuno Markl, Ratatouille provoca no espectador "uma contagiante onda de felicidade que só os grandes clássicos da animação são capazes de provocar, sejam eles épicos como O Rei Leão, anárquicos como uma boa curta da Warner Bros assinada por Chuck Jones, sarcásticos como um bom episódio d' Os Simpsons ou perversos como uma aventura de Ren & Stimpy. Tudo o que nos faz amar o cinema de animação é-nos recordado por Ratatouille".
Le Festin, a canção do filme é escrita por Michael Giacchino e interpretada pela cantora francesa Camille. É mais uma agradável surpresa.
Definitivamente, eu que nem sou particularmente fã de cinema de animação, tenho que ver Ratatouille. Ou não fosse a Ratatouille também uma das minhas iguarias de eleição.
sexta-feira, agosto 17, 2007
Silly - [‘sili], s. louco; estúpido; parvo. (in Dicionário Inglês-Português, Porto Editora)
O elenco e análise crítica dos mais loucos, estúpidos, parvos (e lamentáveis) acontecimentos que estão a marcar a precisamente denominada “silly season”.
1. A versão portuguesa do filme “Os Simpsons”.
Quando uma série que leva 18 temporadas de exibição, associadas a mais de duas décadas de sucesso, é transmitida anos a fio no nosso país na sua versão original, legendada em português, não se percebe que o filme, fiel à série, que leva Homer, Bart, Marge e companhia pela primeira vez ao grande ecrã, seja dobrado em português. E que a versão na língua original esteja arredada da maior parte das salas de cinema nacional. Sobretudo porque falamos de uma série adulta (a todos os níveis), com um público-alvo fiel (não são de certeza crianças de 6 anos), que se habituou às vozes de sempre dos Simpsons (não é fácil imaginar outras). Assim não…
2. O afastamento de Dalila Rodrigues do comando do Museu Nacional de Arte Antiga.
Só quem não conhece o fantástico espólio do MNAA e o excelente trabalho desenvolvido por Dalila Rodrigues nos últimos tempos é que poderá ficar indiferente à decisão de não renovação da comissão de serviço da ainda directora do Museu por parte da tutela. Mormente quando o motivo para que tal aconteça é a manifestação pública de posições discordantes com o Governo. Assim não…
3. O desaparecimento de Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni em menos de 24 horas.
O mundo do cinema ficou mais pobre. Um intervalo de poucas horas separou as mortes de Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni, duas verdadeiras lendas vivas do cinema, os dois cineastas que melhor souberam trabalhar a dificuldade de comunicação entre os seres humanos.. Mais do que a perda de dois dos mais proeminentes realizadores do século XX, assistimos à perda de um estilo de fazer cinema, de uma forma particular de criar (sétima) arte. Assim não…
4. A suspensão da assembleia geral do BCP devido a problemas informáticos.
Não lembra a ninguém que uma decisiva assembleia geral do BCP seja suspensa devido a problemas informáticos no sistema de contagem de votos, sem que seja sequer iniciada a discussão da ordem de trabalhos. Ficou uma vez mais adiada a clarificação do poder dentro do maior banco privado português. E logo pelo motivo mais absurdo, irresponsável e embaraçante. E logo num banco que deve às novas tecnologias uma parte substancial da sua implantação no mercado. Assim não…
5. A não aplicação da Lei da Interrupção Voluntária da Gravidez na Madeira.
Oh... As mágicas terras da Madeira… Um paraíso único… A imagem de umas férias de sonho… E… As parvoíces habituais de Alberto João Jardim. Como escreveu Eduardo Prado Coelho no Público de 7 de Agosto, “o que se passa em terras da Madeira deixa-me sempre num estado de desesperada perplexidade”. E não é para menos. Desta vez, uma farsa hipócrita e absolutamente desnecessária. Jardim alega que a Lei da IVG está em vigor na Madeira, só que, uma vez que não foi prevista no orçamento regional, não está em condições de ser aplicada. E lá vai mais um capricho de Alberto João, com o estilo que lhe é habitual e perante uma atitude passiva de Cavaco Silva. Assim não…
6. A ausência do Governo nas comemorações do centenário do nascimento de Miguel Torga.
“Lamentável”. Foi precisamente esta a expressão utilizada por Carlos Encarnação, Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, para caracterizar a ausência de qualquer elemento do Governo nas cerimónias de comemoração dos 100 anos sobre o nascimento de Miguel Torga. Não obstante algum aproveitamento politico-partidário da situação por parte do edil conimbricense, o que é indesmentível é que a cidade de Coimbra e um dos maiores escritores portugueses de sempre mereciam mais de um Executivo que continua a evidenciar falhas graves quando se fala de cultura em português, “apenas” uma das mais vincadas marcas de afirmação da identidade lusa. Assim não…
sexta-feira, agosto 10, 2007
Quando falamos de uma vida cheia há datas que funcionam como verdadeiros marcos da nossa existência. Que nos ajudam a reviver e a perceber melhor o passado. Que nos dão um novo ânimo e uma nova perspectiva para o futuro. Se o dia 29 de Abril de 2007 é uma data verdadeiramente marcante da minha vida pelas razões evidentes, outra é, seguramente, o dia 19 de Outubro de 1998.
19 de Outubro de 1998 é a data que marca a minha entrada na Universidade. Corresponde ao meu primeiro dia de aulas em Coimbra e simboliza a mais importante viragem na minha vida. Foi neste dia que vi pela primeira vez algumas das pessoas que hoje guardo com maior carinho e que marcam presença assídua no meu dia-a-dia actual. A definitiva abertura ao mundo, concretizada pelo deixar do Figueiredo para trás e pela partida à descoberta de pessoas, lugares, contextos, enfim… vidas… mais próximas do meu modus vivendi, mais ligadas ao meu ser e estar, mais minhas. Nada mais do que o meu libertar do casulo em busca do verdadeiro futuro. Que sentia ser o meu. Cresci muito desde então. Porque tive a sorte de encontrar naquela Cidade, naquela Faculdade, naquele grupo de amigos, as pessoas certas no momento certo.
As palavras dizem tudo. É por isso que a melhor forma de perceber a importância daquele dia é a transcrição de alguns excertos das folhas de uma espécie de “diário de bordo” que escrevi naquele dia.
“(…) Lá me puseram ao pescoço a cartolina com o número 137 e fui para dentro do anfiteatro aturar os habituais discursos dos presidentes daquelas associações todas malucas. Puseram-me logo nas mãos um teste diagnóstico de oito folhas para preencher em meia hora. Lá fora, já estavam os preparativos para a tragédia. Inevitavelmente, lá tive de fazer uma declaração de amor (com humor) à Senhora Doutora, fazer de porteiro dos Claustros e gritar a chegada de cada Doutora, cantar umas versões (muito, mas muito) radicais das músicas ditas pimba e, mal descobriram que tinha boa voz, proclamaram-me «Cornetim» e puseram-me logo a cantar a solo. (…) A cantar e a pular lá fizemos figura de parvos a dizer palavrões desde os jardins da AAC até à Faculdade, onde vivi uma tarde memorável (principalmente para a minha garganta!). O desgraçado do «Vermelhão» - que raio de apelido de praxe! Vá-se lá saber porquê Vermelhão! – lá teve de gritar os 250 nomes de caloiros (um por um), passar a rastejar por debaixo de dezenas de capas doutoradas e a cantar (ou será gritar?) as entradas da tourada. Tive de chamar os touros, os cavalos, os forcados e o João Baião de um “Big Show Caloiro” em que fiz de Quim Barreiros e cantei uma bacalhoada. (…) Nessa noite, foi o meu primeiro encontro, a primeira piscadela de olho à noite académica Coimbrã. Para bem da minha saúde psicológica, não vou aqui escrever o que vi, nem o que bebi, muito menos por onde andei no meu primeiro e importante contacto com as noitadas da Lusa Atenas. (…) De regresso a «casa», vi-me a ter de dormir ao relento ao encontrar a porta da rua fechada. Um segredo que há na porta (que, obviamente, não vou contar) e que tive de perguntar da rua à D. Marina, salvou-me de passar a primeira noite fora de casa. (…) Felizmente, adormeci num ápice, só acordado pela chegada do meu companheiro de quarto. Uma surpresa: o tal alentejano, de nome Hugo, mais não era do que um dos Doutores que me praxara, um dos colegas da minha Faculdade. Chegou com a «garina» e, como viu que eu estava acordado, apenas balbuciou, como quem não quer a coisa, «Ó caloiro, eu não tenho aqui comigo nenhuma rapariga, pois não?», a que se seguiu a minha suavemente embriagada resposta: “Não. Claro que não!” Na manhã seguinte, o Hugo veio certificar-se de que não tinha sido tudo fruto da sua imaginação e que eu era, de facto, o tenor «Vermelhão»”.
terça-feira, agosto 07, 2007
quarta-feira, agosto 01, 2007
Ver TV
Uma Série Viciante
O elevado nível de sub-ocupação a que tenho sido votado nos últimos tempos tem-me possibilitado uma leitura mais atenta da programação das nossas televisões, bem como a dedicação de mais umas horas diárias àquilo que o pequeno ecrã tem para me oferecer. O segundo canal da estação pública tem vindo a assumir-se, por via da mensagem que nos é transmitida pelos seus spots promocionais, como aquele que oferece as melhores séries da televisão portuguesa. E, se é verdade que existe algum exagero nesta publicidade, o que é certo é que é a RTP2 o canal de televisão que menos maltrata as séries que exibe, sobretudo em termos de horários e de fidelidade ao público-alvo.
O melhor exemplo do que acabámos de referir é o horário 22h30-23h30 de segunda a sexta-feira, em que a 2: nos presenteia com algumas das melhores pérolas de ficção da televisão portuguesa. Se não, vejamos. Comecemos por congratular-nos pela excelente iniciativa de exibição da série Anatomia de Grey às terças-feiras, desde o primeiro episódio da primeira temporada, substituindo Serviço de Urgência. Uma das mais aclamadas séries dos últimos tempos, que retrata os dramas e as emoções de uma equipa hospitalar, depois de muito maltratada pela RTP1, onde teve mais de três horários diferentes, no último dos quais empurrada para as madrugadas diárias, pode ser, finalmente, devidamente apreciada.
À quarta-feira, prosseguem as atribuladas e vertiginosas aventuras de Jack Bauer em 24. A série, protagonizada por Kiefer Sutherland, perdeu muita da originalidade e emoção das primeiras temporadas e vive de uma fórmula já um pouco rebuscada e repetitiva, mas continua a deliciar os telespectadores mais fiéis. O Meu Nome é Earl, uma deliciosa e bem-humorada série acerca de um homem que resolve mudar o seu estilo de vida, anima as noites de quinta-feira na RTP2. E à sexta, absolutamente imperdível, Irmãos e Irmãs, a série que retrata de uma forma brilhante as vivências de uma família disfuncional norte-americana, fazendo lembrar, em muitos aspectos, Six Feet Under (Sete Palmos de Terra), aquela que foi, provavelmente, a série com o melhor argumento dos últimos tempos.
Mas o foco principal da minha análise é a mais recente aposta do segundo canal para as noites de segunda-feira, o meu mais recente vício, como o nome que lhe dá o mote. Weeds, série norte-americana de 30 minutos lançada pela RTP2 com o título Erva, é, seguramente, a série mais original e melhor escrita da televisão portuguesa, desde a passagem pelo pequeno ecrã das aventuras da família Fisher na já citada Sete Palmos de Terra.
Criada pela argumentista e produtora Jenji Kohan, Weeds constitui um magnífico exercício de ficção, em que esta se cruza com a realidade de uma forma insólita e fascinante. A história é a de uma mulher que enviúva jovem e que, para sustentar a família, começa a comercializar marijuana. Daqui até o tarado irmão do marido lhe oferecer um vibrador como prenda ou o filho mais novo ser suspenso na escola depois de provocar uma batalha no recreio, é um pequeno passo. Ou seja, Weeds explora de uma forma sublime cada personagem e faz uma brilhante sátira aos valores de uma sociedade representada por uma família dos subúrbios ricos de Los Angeles. Sem estereótipos ou generalizações. Sem pretensões de moralismo ou bom-senso. Um retrato fiel das relações humanas. Um exercício de estilo algures entre a ironia e a realidade. Uma série recheada de ambiguidades. Como a vida.
Mary Louise Parker, até aqui actriz secundária em vários filmes, encontra em Weeds a oportunidade de ouro para provar todo o seu valor. Desconcertante, estranha, mas genial e a todos os títulos brilhante, a protagonista lidera um bom elenco que, associado à excelência do argumento e dos diálogos, transforma Weeds num caso sério de sucesso nos Estados Unidos. A confirmação de uma série viciante, a apreciar com dedicação nas próximas noites de segunda-feira na RTP2.
Um único senão para o facto de Weeds ser exibida em dose dupla, com dois episódios semanais, abruptamente interrompidos na ligação entre ambos, quando se percebe perfeitamente que cada episódio de meia hora foi concebido e idealizado para ser “devorado” isoladamente, com uma dinâmica própria do género, fazendo lembrar os 30 minutos frenéticos de Seinfeld. Ainda assim, é bem melhor ver 2 episódios às 22h30 do que um episódio isoladamente às 2 da matina. E, nesse aspecto, há que louvar a RTP2 pela forma como são tratadas algumas das melhores pérolas televisivas do momento. E Weeds é, seguramente, uma delas.
sexta-feira, julho 27, 2007
Daqui, boa noite! Em directo do estádio da Cascalheira, algures na cidade da Cornadura, onde se vai realizar o segundo pé da meia final do sapato do campeonato da capoeira. Em directo, neste desencontro, as equipas de Cebolais de Cima e Cebolais de Baixo. O estádio está no lugar da capoeira. Daí, estar todo enlameado, devido à chuva que se tem feito sentir no último fim-de-século por estas redondezas. Na assistência há meia dúzia de gatos pingados e a dona do terreno, que o alugou por uma galinha gorda.
Cebolais de Cima
3-Galo
4-Porco Espinho
6-Hipopótamo
7-Tigre
8-Pato
9-Pulga
10-Grilo
6043-Toupeira
Cebolais de Baixo
1-Elefante
2-Carraça
5-Leão
O árbitro deste grande desencontro é José Diamantes, auxiliado pelos fiscais de linha “Ti Manel” das Couves e Zé das Carnes Estufadas(dono do Talho que faz fronteira com o galinheiro e celebre pela sua mão de vaca estufada).
Vai agora principiar o desencontro. O árbitro José Diamantes dá sinal para o inicio do jogo, com algumas horas de atraso. O pontapé de saída vai ser dado por Pulga, da equipa de Cebolais de Cima. Pulga para Pato. Pato lança já em profundidade para Toupeira. Aí vai ela, por debaixo da terra com a bola nos dentes. E, eis que chega a Avestruz, em missão defensiva que enterra a cabeça no solo, fazendo parar a Toupeira. Com um galo na cabeça, ainda maior que o de Barcelos, Toupeira sai do círculo de jogo e recebe assistência atrás da baliza do Caranguejo. Este, com ar de doutor de 1ªcategoria amarra uma ligadura à cabeça da Toupeira. E, se já era míope, agora não há nada a fazer. O jogo vai prosseguir com um pontapé de rede furada para Cebolais de Baixo. O guarda-redes Elefante bate para Carraça e esta, ao ser batida pelo Elefante, acaba lesionada. Mas, como é pequena, ninguém nota a sua falta. Agora vai Tartaruga, em grande velocidade, sendo no entanto batida por Formiga, que recupera a bola.
Leão salta para cima de Formiga e recupera a posse de bola. No entanto, o árbitro assinala falta de jeito para Leão e mostra-lhe o cartão cor-de-rosa. Jogo interrompido, para a execução do funeral de Formiga. Esta é substituída por Aranha, número 2439 da equipa de Cebolais de Cima. O livre vai ser marcado por Grilo, por ser o único que estava livre. Grilo para Gafanhoto, que começa a pular galinheiro fora. Entra na grande área e, como o guarda-redes Elefante estava a beber o seu chá matinal, a bola entra. Gooooloooo! Gafanhoto, após excelente jogada individual inaugura o placard a pilhas. Agora, aos 23 minutos de jogo, Cebolais de Cima 1, Cebolais de Baixo 0.
segunda-feira, julho 02, 2007
sexta-feira, junho 15, 2007
Transcrevo cada uma das mensagens electrónicas que, em tom de newsletter, a minha querida Juaninha enviou para os amigos ao longo de uma longa espera. Serve também como justa homenagem para ela e para todos os que com ela foram incansáveis na busca do tal final feliz.
"Meus queridos,
De facto não têm sido as melhores notícias a manter o nosso contacto, mas quanto ao nosso Clarim mostra-se “consciente e controlado”, palavras da enfermeira. Não me pareceu muito querida, talvez desconfiasse que eu não seria verdadeiramente familiar, mas perpassou-me algum conforto e alguma confiança.
Deixo-vos no entanto o contacto do Hospital, 239 800 100, e desde que se apresentem como familiares, palpita-me que conseguirão noticias.
Vistas para já, só mesmo dos pais, mas eu vou arriscar lá dar um salto amanhã e logo vos conto tudo.
Beijinhos de serenidade,
Joana Couto, 30/4/2007
Meus caros,
O report actual é então o seguinte:
O Clarim continua nas Urgências, possivelmente por indisponibilidade na UCI, garantindo-se desta forma a sua permanente vigília.
As tias, as primas e os primos que estão espalhados por aí :), podem continuar a ligar, e o feedback ser-nos-á dado por telefone (239 800 100 e peçam para transferir para as urgências).
Neste momento, por precaução, as visitas não lhe estão permitidas.
Vamos por isso em cadeia partilhando as novidades, sempre que as houver, para que de alguma forma, o Vereador De Nunes, nos sintam com ele… :)
Beijos e abraços para todos,
Joana Couto, 1/5/2007
Oi oi oi,
Ontem depois de várias tentativas de contacto falhadas para os Covões, o nosso Clarim ligou-me ao fim do dia…:)
Está novo, a voz perpassa algum cansaço, alguma sensibilidade acrescida, mas sobretudo está deliciado com os miminhos que ninguém se tem acanhado de lhe passar… :)
Depois desta, já nada o derruba…:) E já só fala em fazer a sua visita à Passerelle, actual Club 22…JJ
A D. Júlia também tem uma cor nova na voz, e não se esqueçam de a mimar muito também hoje, porque está de Parabéns (XXX XXX XXX)
Bijinhos a todos, e a partir de agora mais do que nunca, saboreiem cada instante que passa, e façam de cada dia o privilégio que é...
Joana Couto, 3/5/2007
Meus queridos,
aqui vai um excerto da recém chegada mensagem do Clarim:
“É de uma enorme satisfação ser eu agora a dar as novidades… Regresso hoje mesmo a casa… não vou ter muitas saudades do hotel dos covões…”
Beijos e abraços,
PS: quando voltamos então ao Figueiredo?!!
Joana Couto, 7/5/2007
E transcrevo aqui uma mensagem do Clarim com data de 07/Maio, recebida pelas 19:31:
“À boa moda portuguesa, um dos elos da cadeia falhou, um médico esqueceu-se de prescrever um medicamento, e desapareceu sem deixar rasto. Já vestido para partir e com todos os bens pessoais arrumados, depois de 5 horas de espera dos meus pais, regresso frustrado à cama do hospital. Assim, fico+uma noite…”
:)
Garanto Clarim que não fiz macumba alguma, mas hoje se ainda aí estiveres, mal chegue a Coimbra, rumo directa aos Covões.
Bijinhos e abraços,
Joana Couto, 8/5/2007
“Finalmente…está um dia lindo…O dia perfeito para um cortejo de estudantes…Volto a pisar terra firme, a ouvir os pássaros, a sentir a brisa suave no ar…Finalmente livre…” (Clarim, 08/05/2007 13:30)
Joana Couto, 8/5/2007"
quarta-feira, junho 13, 2007
Fix You
When you try your best but you don't succeed
When you get what you want but not what you need
When you feel so tired but you can't sleep
Stuck in reverse
And the tears come streaming down your face
When you lose something you can't replace
When you love someone but it goes to waste
Could it be worse?
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you
And high up above or down below
When you're too in love to let it go
But if you never try you'll never know
Just what you're worth
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you
Tears stream down your face
when you lose something you cannot replace
Tears stream down your face
And I
Tears stream down your face
I promise you I will learn from my mistakes
Tears stream down your face
And I
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you
Coldplay
Ironic
An old man turned ninety-eight
He won the lottery and died the next day
It's a black fly in your Chardonnay
It's a death row pardon two minutes too late
And isn't it ironic... don't you think
It's like rain on your wedding day
It's a free ride when you've already paid
It's the good advice that you just didn't take
Who would've thought... it figures
Mr. Play It Safe was afraid to fly
He packed his suitcase and kissed his kids goodbye
He waited his whole damn life to take that flight
And as the plane crashed down he thought"Well isn't this nice..."
And isn't it ironic... don't you think
It's like rain on your wedding day
It's a free ride when you've already paid
It's the good advice that you just didn't take
Who would've thought... it figures
Well life has a funny way of sneaking up on you
When you think everything's okay and everything's going right
And life has a funny way of helping you out when
You think everything's gone wrong and everything blows up
In your face
A traffic jam when you're already late
A no-smoking sign on your cigarette break
It's like ten thousand spoons when all you need is a knife
It's meeting the man of my dreams
And then meeting his beautiful wife
And isn't it ironic...don't you think
A little too ironic...and, yeah, I really do think...
It's like rain on your wedding day
It's a free ride when you've already paid
It's the good advice that you just didn't take
Who would've thought... it figures
Life has a funny way of sneaking up on you
Life has a funny, funny way of helping you out
Helping you out
Alanis Morissette
segunda-feira, maio 28, 2007
Porque o mundo é feito de ironias…
My Love, Justin Timberlake.
Ironicamente, ser esta a música que ecoava nas colunas do extinto C3.
Ironicamente, estar cheio de fome e sede e passar horas sem comer ou beber o que quer que seja.
Ironicamente, terem acabado de insistir para não fazer aquele desvio no percurso.
Ironicamente, ter comentado no dia anterior como podia o carro estar intacto, tal a qualidade da minha condução.
Ironicamente, há muito desejar mudar de corte de cabelo.
Ironicamente, ter adquirido aquele telemóvel há cerca de um mês, que estava condenado a não funcionar em pleno.
Ironicamente, quase ter um acidente minutos antes contra uma ambulância.
Ironicamente, estar a caminho de um almoço prometido há séculos e adiado vezes sem conta só para eu poder estar presente.
Ironicamente, ter levado calções para um passeio pedestre com um percurso acidentado e acabar com um enorme corte no joelho.
Ironicamente, ter vivido, até aquele momento, um dos fins-de-semana mais divertidos da minha vida.
Ironicamente, ter tudo planeado para uma grande Queima das Fitas e acabar mesmo por lá estar, em Coimbra, do lado certo do rio, a poucos quilómetros do Parque.
Ironicamente, ser hemofílico e quase me ter esvaído em sangue.
Era quase noite. Porque hoje é um inspirado dia…
Acordar em Sesimbra tendo o mar como pano de fundo.
Actuar para uma plateia rendida pela In Vino Veritas.
Apreciar criticamente um filme candidato ao Oscar.
Assistir a um concerto dos Xutos na Festa do Avante.
Beber uma taça de traçadinho, acompanhado por uma bifana cheia de óleo e mais uma cantiguinha, no extinto Pratas.
Cantar uma serenata a uma donzela apaixonada pelas ruas calcetadas da Lusa Atenas.
Clamar Aleluia em cada missa no Figueiredo.
Comer pataniscas de bacalhau acompanhadas com arroz de feijão num restaurante do Bairro Alto.
Compartilhar angústias até às quatro da matina tentando perceber alguma coisa de Contabilidade.
Comprar o Expresso e tê-lo como companhia no Forninho do Pinhal ao sábado de manhã.
Comprazer-me com um gelado numa esplanada no pico do Verão.
Concretizar o impensável num jantar do auto-denominado Clube da Pila ®.
Conhecer a magia natural de um sítio como o Penedo Furado ou a Tapada de Mafra.
Conquistar uma vitória profissional.
Correr no Choupal como se não existisse amanhã.
Deambular por Paço de Arcos em busca do local do casting da Mega FM.
Degustar um vinho de colheita seleccionada na Herdade do Esporão.
Deleitar-me com uma ginjinha em Óbidos.
Deliciar-me com um pica-pau ou umas moelas descontraidamente no Sôr Abílio, em Taveiro.
Desafiar a gravidade nas dunas de Pipa.
Descobrir as discotecas africanas da capital.
Discutir intensamente um tema da actualidade na varanda com vista para a Sertã.
Divertir-me à grande num fim-de-semana em Peniche.
Dormir até tarde num dia de chuva.
Ecoar cada golo num derby na Catedral.
Encontrar uma mesa posta à beira-mar.
Fazer uma pausa para chá no local de trabalho.
Fugir à rotina dos dias com um bem regado e farto jantar lá para os lados de Pombal.
Fumar um cigarro e beber um cálice de Chardonnay no terraço do Lux.
Gritar Bingo! ao lado daqueles que amo.
Imitar Marco Paulo num qualquer bar com karaoke.
Ir até à Praia da Vieira de propósito numa noite de Verão só para comer um gelado na melhor das companhias.
Jogar uma cartada, uma matraquilhada ou um simples jogo de PC.
Ler apaixonadamente a última obra de Gabriel Garcia Marquez.
Marcar um encontro no Cartola ou no TAGV.
Obrigar nove pessoas a dormir amontoadamente no chão alcatifado da minha sala.
Ouvir deliciado o novo álbum dos Coldplay.
Parar no Pastor a caminho de Coimbra e saborear uma gigantesca nata.
Partilhar dois dedos de conversa nas mesas azuis da Faculdade.
Passar uma tarde em família na pesca ou em passeio.
Perder-me nos corais de Porto de Galinhas.
Regalar corpo e mente com um incomparável pastel em Belém.
Saborear o melhor rodízio do mundo ao som de Tibinha Aragão.
Sentar-me no maior cajueiro do mundo.
Sentir o mar tendo o Festival de Marisco da Ericeira como pano de fundo.
Ser praxado e baptizado de Cornetim no primeiro dia de Faculdade.
Ser presenteado com um capuccino quente diário na cama de um hospital.
Ser recebido com um sorriso rasgado no fim de um extenuante dia de aulas.
Subir ao Picoto Raínho à luz da lua ou, em alternativa, numa tórrida tarde de Agosto.
Suspirar rendido a um fantástico rodízio de peixe na Doca de Setúbal.
Transformar uma noite da Queima numa homenagem ao Paulinho.
Trautear fado de Coimbra no Diligência.
Usar a compra de uma cadeira no IKEA como pretexto para viver um dia fantástico na capital.
Vibrar com uma vitória política, desportiva ou simplesmente pessoal.
Virar os ponteiros do relógio na passagem de ano na Tocha tendo ao lado a melhor companhia.
Porque vale a pena acreditar na felicidade…
Na impossibilidade de o fazer pessoalmente junto de todos aqueles que povoam os meus dias de alegria, servem estas palavras para agradecer o incomensurável apoio dos últimos tempos. Sem vocês desse lado, seria seguramente mais difícil. O meu sentido obrigado.
Porque tudo nos faz crescer…
quinta-feira, maio 24, 2007
quinta-feira, maio 17, 2007
Quem me leva os meus fantasmas
Aquele era o tempo em que as mãos se fechavam
E nas noites brilhantes as palavras voavam
E eu via que o céu me nascia dos dedos
E a Ursa Maior eram ferros acessos
Marinheiros perdidos em portos distantes
Em bares escondidos em sonhos gigantes
E a cidade vazia da cor do asfalto
E alguém me pedia que cantasse mais alto
Quem me leva os meus fantasmas
Quem me salva desta espada
Quem me diz onde é a estrada
Aquele era o tempo em que as sombras se abriam
Em que homens negavam o que outros erguiam
Eu bebia da vida em goles pequenos
Tropeçava no riso abraçava venenos
De costas voltadas não se vê o futuro
Nem o rumo da bala nem a falha no muro
E alguém me gritava com voz de profeta
Que o caminho se faz entre o alvo e a seta
De que serve ter o mapa se o fim está traçado
De que serve até à vista se o barco está parado
De que serve ter a chave se a porta está aberta
De que servem as palavras se a casa está deserta
Quem me leva os meus fantasmas
Quem me salva desta espada
Quem me diz onde é a estrada
Pedro Abrunhosa