terça-feira, novembro 28, 2006
Passagem dos Elefantes
Elefantes na água optimistas à solta
optimistas à solta elefantes na árvore
elefantes na árvore optimistas na esquadra
optimistas na esquadra elefantes no ar
elefantes no ar optimistas em casa
optimistas em casa elefantes na esposa
elefantes na esposa optimistas no fumo
optimistas no fumo elefantes na ode
elefantes na ode optimistas na raiva
optimistas na raiva elefantes no parque
elefantes no parque optimistas na filha
optimistas na filha elefantes zangados
elefantes zangados optimistas na água
optimistas na água elefantes na árvore.
Mário Cesariny
(1923-2006)
segunda-feira, novembro 27, 2006
quinta-feira, novembro 23, 2006
domingo, novembro 19, 2006
Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê, quem não ouve música,
Quem destrói o seu amor próprio,
Quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda as marcas no supermercado,
Não arrisca vestir uma cor nova,
Não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere o "preto no branco" e os "pontos nos is"
A um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da
Chuva incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
Não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo
Exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!
Pablo Neruda
quarta-feira, novembro 15, 2006
O Caso Português
Este processo de transnacionalização crescente da economia torna particularmente relevante a competitividade estrutural da economia no mercado global. Um país torna-se mais ou menos atractivo ao Investimento Directo Estrangeiro (IDE) em função do desempenho das suas estruturas económicas. Esse desempenho é medido tendo por base um conjunto de indicadores estruturais que, no caso português, se traduzem em evidentes problemas de competitividade. Senão vejamos. Sem necessidade de recorrer a uma análise exaustiva, facilmente verificamos que: a) existem problemas de fundo no sistema fiscal; b) o Estado é “gordo” e ineficiente; c) o ensino e formação profissional são ministrados mais em quantidade do que em qualidade; d) existe uma baixa produtividade empresarial; e) os índices de corrupção são elevados; f) existe escassez de mão-de-obra qualificada (up-grading); g) a intensidade de concorrência no mercado interno é baixa; h) são bem patentes o esforço insuficiente em I&DE e os baixos níveis de “acesso ao conhecimento”.
Para garantir a existência de uma convergência real entre os Estados-membros, a UE implicou uma substancial transferência de recursos financeiros para os países com dificuldades de índole estrutural, daí a denominação de fundos estruturais. No entanto, apesar de Portugal ter sido amplamente beneficiado por este tipo de ajudas, a economia nacional continua actualmente no extremo inferior da classificação no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado pelas Nações Unidas.
Não esqueçamos, contudo, que os níveis de partida foram muito baixos à escala da Europa Ocidental, sobretudo em termos de desenvolvimento de recursos humanos. Os números são inequívocos e revelam que a economia portuguesa registou um crescimento profundo na última metade do século XX, em grande parte alavancado por indução externa, enquanto resultado directo do fim do “autocentramento imperial” e de uma crescente abertura externa (europeia e ibérica).
Acrescente-se ainda que o princípio da solidariedade europeia parece não ser conciliável com a lógica de mercado global. De facto, as transferências de fundos comunitários são necessárias, mas não suficientes, uma vez que não atenuam variáveis como a posição periférica do país e as suas matrizes culturais idiossincráticas. Por exemplo, a emergência à escala global de países como a China, que praticam o chamado dumping social, acentua as dificuldades de uma economia como a portuguesa, largamente em mão-de-obra barata e produtos de baixo valor acrescentado. Também os recém-integrados países da Europa Central e de Leste constituem ameaça directa à economia nacional, ao aliarem aos menores custos directos e indirectos de trabalho um sólido e inestimável capital do conhecimento.
Portanto, o problema centra-se no evidente e amplamente discutido atraso em termos de capital humano e no estatuto periférico no seio da UE, reforçado por força do alargamento a uma Europa a 25. Como verificámos anteriormente, falta, em grande parte, à economia portuguesa a criação de valor acrescentado, ou seja, a situação portuguesa actual reflecte a globalização num estádio avançado, em contraponto com o atraso na transição para a EBC. Neste cenário, parece-nos que o único rumo possível para o futuro de Portugal é a valorização da diferença, o que implica uma mudança necessariamente gradual no sentido do aumento da capacidade endógena de inovação e empreendedorismo.
Consideramos, portanto, que não podemos considerar a integração na UE uma oportunidade desperdiçada. No contexto global actual, seria impossível abdicar da pertença europeia e, se é verdade que, qual sina lusa, voltamos a partir atrasados para um novo desafio, importa, sobretudo, não perder o comboio do conhecimento. Nesta nova epopeia, o Estado e os empresários portugueses têm um papel decisivo na definição de estratégias em prol de uma sociedade do conhecimento. Mas, porque a etiologia do problema de competitividade estrutural português tem uma enorme fatia cultural, a premência de mudança impende sobre cada um de nós. E deve, por isso, partir, antes de mais, de cada um de nós. De todos nós.
terça-feira, novembro 14, 2006
Lamentável
Afinal o pequenito Saúl não morreu... Como o prova esta reportagem da SIC Notícias, está bem vivo e recomenda-se... Ou então não... Pelo menos os organizadores de espectáculos já não o recomendam muito... O moço está velho e perdeu toda a sua piada característica... A solução? Bom, promomos algo num registo Ana Malhoa. Uma verdadeira ressurreição artística de Saúl Ricardo, mas desta vez não enquanto um pequenito petiz que toca acordeão e salienta as virtudes do belo bacalhau à portuguesa, antes enquanto um verdadeiro sex-simbol, dono de um portentoso e musculado cabedal, que seduz as moças e aperece na capa da Ragazza. Só precisa de uns ligeiríssimos retoques estéticos...
segunda-feira, novembro 13, 2006
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca
quarta-feira, novembro 08, 2006
terça-feira, novembro 07, 2006
Pedro Crespo in Agradecimentos do Relatório de Estágio, 2003
segunda-feira, novembro 06, 2006
Fantástico...
Paulo Bento por Ricardo Araújo Pereira. Irrepreensível...
O treinador do Sporting já reagiu e em Conferência de Imprensa do dia 5 de Novembro declarou (e isto é absolutamente verídico) "Não me incomodam essas piadas... Desta vez foi com o «Tranquilidade»... Para a próxima pegam noutras expressões quaisqueres... Sou um profissional e estou preparado para este tipo de situações..."