domingo, dezembro 31, 2006

Fantástico...

Valentim Loureiro pelo sempre fantástico Ricardo Araújo Pereira...

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Lusos encantos...













No cais (Ponte 25 de Abril, Lisboa)

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Cinemacção

Como todos os rankings, muito pessoal e fundado em critérios de cientificidade duvidosa, deixo seguidamente a lista dos meus filmes de eleição...

1. Beleza Americana (de Sam Mendes)

2. A Vida é Bela (de Roberto Benigni)

3. O Senhor dos Anéis (de Peter Jackson)

4. Uma Mente Brilhante (de Ron Howard)

5. Pulp Fiction (de Quentin Tarantino)

6. O Pianista (de Roman Polanski)

7. Magnólia (de Paul Thomas Anderson)

8. O Grande Peixe (de Tim Burton)

9. Os Condenados de Shawshank (de Frank Darabont)

10. Lost in Translation – O Amor é um Lugar Estranho (de Sofia Coppola)

quinta-feira, dezembro 21, 2006

É Natal...






terça-feira, dezembro 19, 2006

Palavras de Vida Eterna

Crucificada

Amiga... noiva... irmã... o que quiseres!
Por ti, todos os céus terão estrelas,
Por teu amor, mendiga, hei-de merecê-las
Ao beijar a esmola que me deres.

Podes amar até outras mulheres!
- Hei-de compor, sonhar palavras belas,
Lindos versos de dor só para elas,
Para em lânguidas noites lhes dizeres!

Crucificada em mim, sobre os meus braços,
Hei-se poisar a boca nos teus passos
Pra não serem pisados por ninguém,

E depois... Ah! Depois de dores tamanhas
Nascerás outra vez de outras entranhas,
Nascerás outra vez de uma outra Mãe!

Florbela Espanca
Delicioso...


segunda-feira, dezembro 18, 2006

Carpe Diem

Por Prazeres Alentejanos

Estive relutante em escrever este texto, uma vez que me irritam solenemente aquele tipo de blogues que relatam a vida diária dos seus criadores ("Hoje levantei-me à uma da tarde e fui dar comida ao canário... Limpei a caca da gaiola e regressei para dormir uma reconfortante sesta") que, a julgar pelos exemplos, sofrem precisamente do problema de nunca fazerem nada de particularmente interessante no seu dia-a-dia, motivo mais do que suficiente, a meu ver, para tornar absolutamente inútil para a sociedade em geral, e para os leitores do blogue em particular, o conteúdo da página.
Sem querer cair nesse tipo de registo, não vou deixar de transmitir aos dois fiéis leitores deste espaço (oops.. acabei de perder mais um)... Dizia, não vou deixar de transmitir ao único leitor fiel deste espaço (que por acaso sou eu), alguns dos momentos únicos vividos pela minha pessoa. E não conseguiria deixar de fazer referência à minha passagem por terras alentejanas, este fim-de-semana.
Herdade do Esporão, em Reguengos de Monsaraz. Soava a prenda de aniversário, mas disso teve apenas o facto de não ter pago a despesa no final. Foi antes uma experiência única, um momento reconfortante, um dia excepcional. Vinhas a perder de vista, a imponente torre que serve de imagem de marca do Esporão, o magestático e deliciosamente interminável almoço, recheado de pratos que só o nome encheria este blogue, o acolhedor recostar no sofá depois da mágica refeição e a prova do envolvente Private Selection Tinto 2003, tudo enformado numa atmosfera feérica de prazer e puro relax.
Garrafeira atestada, prazeres degustados, parto rendido à descoberta de outras paisagens. Monsaraz e o seu castelo altaneiro, uma Rua Direita envolta num enorme espírito natalício. Que outra coisa seria de esperar de uma aldeia repleta de personagens bíblicas, simbolicamente reconstituídas para celebrar esta época festiva? Barragem do Alqueva, o imponente reconforto da natureza, num gigantesco cenário de água e, por isso, de vida. Regresso a Évora, cidade património da humanidade, beleza e história em cada esquina.
Rendido, regresso a casa. Guardo o carregado sotaque alentejanos da simpática senhora que me atendeu no Plus (acho que a marca não era para dizer). "Quer levar um folheto com as nossas promoções? Volte sempre, obrigado..." Penso no que deve ser feito para preservar este património único. Penso em como potenciar (ainda mais) estes espaços, sobretudo em termos turísticos. Penso em Portugal e como gosto cada vez mais deste pequeno rectângulo à beira-mar plantado. O racional eleva-se, pela primeira vez no dia, ao emotivo. Porque esse já nada tem a acrescentar para além do sorriso rasgado que iluminou todo o resto do fim-de-semana. Àqueles que proporcionaram tudo isto e acompanharam cada gesto, o meu muito obrigado... Sempre...

sábado, dezembro 16, 2006

Lamentável...

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Palavras de Vida Eterna

Eu não sei, que mais posso ser
um dia rei, outro dia sem comer
por vezes forte, coragem de leão
as vezes fraco assim é o coração
eu não sei, que mais te posso dar
um dia jóias noutro dia o luar
gritos de dor, gritos de prazer
que um homem também chora
quando assim tem de ser.

Foram tantas as noites
sem dormir
tantos quartos de hotel
amar e partir
promessas perdidas
escritas no ar
e logo ali eu sei...

Tudo o que eu te dou
tu de das a mim
tudo o que eu sonhei
tu serás assim
tudo o que eu te dou
tu me das a mim
tudo o que eu te dou...

Sentado na poltrona, beijas-me a pele morena
fazes aqueles truques que aprendeste no cinema,
mais, peço-te eu, já me sinto a viajar
pára, recomeça, faz-me acreditar.

Não, dizes tu, e o teu olhar mentiu
enrolados pelo chão no abraço que se viu.

É madrugada ou alucinação
estrelas de mil cores extasy ou paixão
hum, esse odor, traz tanta saudade
mata-me de amor ou da-me liberdade
deixa-me voar, cantar, adormecer.

Pedro Abrunhosa
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Lamentável...

Imagens das cheias na Sertã, em Novembro de 2006 (vídeo amador).

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Elogio ao amor

"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas.
Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro.
Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.
A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição.Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente.
O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e mintae sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se podeceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira.
E valê-la também."

Miguel Esteves Cardoso
Expresso, 2005

terça-feira, dezembro 05, 2006

Pura ilusão...

terça-feira, novembro 28, 2006

Palavras de Vida Eterna

Passagem dos Elefantes

Elefantes na água optimistas à solta
optimistas à solta elefantes na árvore

elefantes na árvore optimistas na esquadra
optimistas na esquadra elefantes no ar

elefantes no ar optimistas em casa
optimistas em casa elefantes na esposa

elefantes na esposa optimistas no fumo
optimistas no fumo elefantes na ode

elefantes na ode optimistas na raiva
optimistas na raiva elefantes no parque

elefantes no parque optimistas na filha
optimistas na filha elefantes zangados

elefantes zangados optimistas na água
optimistas na água elefantes na árvore.

Mário Cesariny
(1923-2006)

segunda-feira, novembro 27, 2006

Lamentável...

quinta-feira, novembro 23, 2006

Delicioso...

domingo, novembro 19, 2006

Palavras de Vida Eterna

Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê, quem não ouve música,
Quem destrói o seu amor próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda as marcas no supermercado,
Não arrisca vestir uma cor nova,
Não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere o "preto no branco" e os "pontos nos is"
A um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da
Chuva incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
Não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo
Exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!

Pablo Neruda

quarta-feira, novembro 15, 2006

Globalização e Conhecimento (II):
O Caso Português

O Conhecimento, enquanto a base de grande parte do comportamento implica, como vimos, capacidade de organização da informação existente tendo em vista a resposta a problemas específicos. O trabalhador do conhecimento imerge na sociedade actual como grupo profissional dominante, com níveis elevados de habilitações académicas, autonomia e desenvolvimento profissional contínuo. Este novo operário surge no culminar de um processo de desenvolvimento do capitalismo que corresponde à transição para uma fase porventura terminal, o capitalismo do mercado global.
A Globalização, termo diverso e complexo, falsa ideia clara ou verdadeira ideia confusa, o certo é que constitui um dado adquirido e incontornável. Por isso, a questão que a sociedade actual deve colocar não é se deve ou não existir uma economia global, antes como potenciar essa economia. Como analisámos no primeiro momento da nossa reflexão, a economia de mercado global e a transição para a EBC constituem dois verdadeiros megaprocessos em curso no contexto macroeconómico que se condicionam reciprocamente. Nesse sentido, podemos afirmar que existe um nível englobante das economias nacionais, em que se situam as grandes empresas transnacionais ou, nas palavras de José Pinto dos Santos, professor português do INSEAD, um novo tipo de multinacionais, as metanacionais.
Tomando como prisma de análise a globalização enquanto processo de integração económica mundial, podemos considerar a integração de Portugal na União Europeia (UE) um processo de inserção da economia portuguesa num processo mundial de globalização. A integração europeia assume-se, assim, enquanto uma resposta macro-regional à Globalização, sem criar uma fortaleza europeia, salvaguardando identidades culturais e não deixando de defender interesses nacionais.
Este processo de transnacionalização crescente da economia torna particularmente relevante a competitividade estrutural da economia no mercado global. Um país torna-se mais ou menos atractivo ao Investimento Directo Estrangeiro (IDE) em função do desempenho das suas estruturas económicas. Esse desempenho é medido tendo por base um conjunto de indicadores estruturais que, no caso português, se traduzem em evidentes problemas de competitividade. Senão vejamos. Sem necessidade de recorrer a uma análise exaustiva, facilmente verificamos que: a) existem problemas de fundo no sistema fiscal; b) o Estado é “gordo” e ineficiente; c) o ensino e formação profissional são ministrados mais em quantidade do que em qualidade; d) existe uma baixa produtividade empresarial; e) os índices de corrupção são elevados; f) existe escassez de mão-de-obra qualificada (up-grading); g) a intensidade de concorrência no mercado interno é baixa; h) são bem patentes o esforço insuficiente em I&DE e os baixos níveis de “acesso ao conhecimento”.
Para garantir a existência de uma convergência real entre os Estados-membros, a UE implicou uma substancial transferência de recursos financeiros para os países com dificuldades de índole estrutural, daí a denominação de fundos estruturais. No entanto, apesar de Portugal ter sido amplamente beneficiado por este tipo de ajudas, a economia nacional continua actualmente no extremo inferior da classificação no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado pelas Nações Unidas.
Não esqueçamos, contudo, que os níveis de partida foram muito baixos à escala da Europa Ocidental, sobretudo em termos de desenvolvimento de recursos humanos. Os números são inequívocos e revelam que a economia portuguesa registou um crescimento profundo na última metade do século XX, em grande parte alavancado por indução externa, enquanto resultado directo do fim do “autocentramento imperial” e de uma crescente abertura externa (europeia e ibérica).
Acrescente-se ainda que o princípio da solidariedade europeia parece não ser conciliável com a lógica de mercado global. De facto, as transferências de fundos comunitários são necessárias, mas não suficientes, uma vez que não atenuam variáveis como a posição periférica do país e as suas matrizes culturais idiossincráticas. Por exemplo, a emergência à escala global de países como a China, que praticam o chamado dumping social, acentua as dificuldades de uma economia como a portuguesa, largamente em mão-de-obra barata e produtos de baixo valor acrescentado. Também os recém-integrados países da Europa Central e de Leste constituem ameaça directa à economia nacional, ao aliarem aos menores custos directos e indirectos de trabalho um sólido e inestimável capital do conhecimento.
Portanto, o problema centra-se no evidente e amplamente discutido atraso em termos de capital humano e no estatuto periférico no seio da UE, reforçado por força do alargamento a uma Europa a 25. Como verificámos anteriormente, falta, em grande parte, à economia portuguesa a criação de valor acrescentado, ou seja, a situação portuguesa actual reflecte a globalização num estádio avançado, em contraponto com o atraso na transição para a EBC. Neste cenário, parece-nos que o único rumo possível para o futuro de Portugal é a valorização da diferença, o que implica uma mudança necessariamente gradual no sentido do aumento da capacidade endógena de inovação e empreendedorismo.
Consideramos, portanto, que não podemos considerar a integração na UE uma oportunidade desperdiçada. No contexto global actual, seria impossível abdicar da pertença europeia e, se é verdade que, qual sina lusa, voltamos a partir atrasados para um novo desafio, importa, sobretudo, não perder o comboio do conhecimento. Nesta nova epopeia, o Estado e os empresários portugueses têm um papel decisivo na definição de estratégias em prol de uma sociedade do conhecimento. Mas, porque a etiologia do problema de competitividade estrutural português tem uma enorme fatia cultural, a premência de mudança impende sobre cada um de nós. E deve, por isso, partir, antes de mais, de cada um de nós. De todos nós.

terça-feira, novembro 14, 2006

Lamentável

Afinal o pequenito Saúl não morreu... Como o prova esta reportagem da SIC Notícias, está bem vivo e recomenda-se... Ou então não... Pelo menos os organizadores de espectáculos já não o recomendam muito... O moço está velho e perdeu toda a sua piada característica... A solução? Bom, promomos algo num registo Ana Malhoa. Uma verdadeira ressurreição artística de Saúl Ricardo, mas desta vez não enquanto um pequenito petiz que toca acordeão e salienta as virtudes do belo bacalhau à portuguesa, antes enquanto um verdadeiro sex-simbol, dono de um portentoso e musculado cabedal, que seduz as moças e aperece na capa da Ragazza. Só precisa de uns ligeiríssimos retoques estéticos...

segunda-feira, novembro 13, 2006

Palavras de Vida Eterna

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca

quarta-feira, novembro 08, 2006

Puro Relax...

terça-feira, novembro 07, 2006

Sobre a Amizade

(Re)Descobri estas palavras enquanto viajava pelo amontoado digital de documentos que guardo no disco rígido da memória... Servem, também e sobretudo, para homenagear um grande amigo há alguns meses longe da vista...

"Os amigos que descobrimos nos claustros da faculdade são o nosso contentamento e alegria. Neles encontrámos – enfim! – a tranquila bonança da compreensão e do respeito, o precioso consolo da estima e do apreço, o tónico desafio do génio e do intelecto, o júbilo extremo do humor e da mordaz ironia, o valor inestimável do afecto e da incomensurável amizade. Este é o momento de agradecer o tempo que já partilhámos e desejar que a casualidade dos nossos percursos individuais não nos afaste por muito tempo."

Pedro Crespo in Agradecimentos do Relatório de Estágio, 2003

segunda-feira, novembro 06, 2006

Delicioso...

Fantástico...

Paulo Bento por Ricardo Araújo Pereira. Irrepreensível...

O treinador do Sporting já reagiu e em Conferência de Imprensa do dia 5 de Novembro declarou (e isto é absolutamente verídico) "Não me incomodam essas piadas... Desta vez foi com o «Tranquilidade»... Para a próxima pegam noutras expressões quaisqueres... Sou um profissional e estou preparado para este tipo de situações..."

segunda-feira, outubro 30, 2006

Globalização e Conhecimento (I):
Sobre a inovação e o empreendedorismo


Vivemos num tempo de transições. A expressão não é nova e identifica grande parte das macro-mudanças que vive actualmente o mundo económico. Neste tempo de transições, assiste-se à emergência da Economia Baseada no Conhecimento (EBC), caracterizada por elevados níveis de instrução da mão-de-obra, alta qualidade dos sistemas de ensino e prolongada esperança média de vida da população, ou seja, pela valorização do capital humano das organizações.
Face a este contexto, a inovação surge enquanto elemento central da EBC. Trata-se de um conceito abrangente e que pode assumir várias modalidades de acção, caracterizado essencialmente pela introdução de alterações estratégicas em produtos ou processos. Concordamos com Joseph Schumpeter, ele próprio um verdadeiro inovador que, já no início do século XX, defendia que a característica básica do Capitalismo é a ruptura do estado rotineiro e estacionário de equilíbrio, num processo de desenvolvimento endógeno e auto-adaptativo, que denominou de destruição criadora. Assim, o equilíbrio surge não como um objectivo em si, antes como um meio, um instrumento tendo em vista a optimização de recursos. E, nesse processo dinâmico, surge a figura do empresário empreendedor (entrepreneur) enquanto agente anti-rotineiro capaz da inovação. Para tal, ele necessita de conhecimento, isto é, da recolha, organização e sistematização da informação relevante que lhe permita a adaptação bem sucedida da empresa às modificações ocorridas na sua envolvente.
A inovação é, assim, mais do que um conjunto de pequenas mudanças. Ela não será necessariamente criativa; poderá mais não ser do que uma inovação imitativa, adaptativa, incremental, ou seja, uma adaptação com êxito de algo já existente a um novo contexto. Inovar é, antes de mais, aproveitar uma oportunidade de mercado, antecipando a concorrência. Evidenciamos, assim, a necessidade que impende à organização de gerar vantagem competitiva de forma a aproveitar as oportunidades e ter capacidade de resposta atempada e eficaz a movimentos competitivos da concorrência. Portanto, embora a inovação possa simplesmente acontecer, de uma forma mais ou menos frequente, surge cada vez mais a necessidade de a posicionar no centro da estratégia empresarial.
É aqui que importa introduzir o conceito de valor acrescentado, enquanto dimensão intimamente associada à noção de inovação. De facto, uma inovação bem sucedida no mercado é origem da criação de valor, o que implica a capacidade de tirar proveito de cadeias produtivas flexíveis e cada vez mais organizadas a nível transnacional. Para que seja possível uma eficiente gestão da cadeia de valor, é necessário que o empreendedor possua a capacidade de maximizar e reter o valor acrescentado produzido. Fala-se, assim, em gestão do conhecimento porquanto nos referimos à actividade orientada para a estimulação e criação de condições de sucesso favoráveis à emergência de inovações bem sucedidas no mercado.
Contudo, o garante de inovação e progresso técnico depende ainda de um conjunto de factores de competitividade estrutural, que tornam o empresário e o mercado mais ou menos capazes de modernização e eficiência. Estamos, portanto, perante um leque alargado de condicionantes estruturais, de ordem social, institucional, científica e tecnológica, como são o sistema de ensino e formação, os níveis de Investigação & Desenvolvimento (I&DE) e o próprio Estado. Refira-se, inevitavelmente, o caso concreto da economia portuguesa, em que, para além da ausência de valor acrescentado dos produtos, existe todo um conjunto de problemas de índole estrutural que interferem directamente na competitividade, sobre os quais nos debruçaremos em particular nos momentos seguintes desta reflexão.

Lamentável...

quarta-feira, outubro 25, 2006

A luta contra a pobreza e a lição de Muhammad Yunus

Alguém afirmou um dia que um banqueiro é "aquele que nos empresta um guarda-chuva quando está sol e no-lo retira quando começa a chover". Ou seja: que um banco, regra geral, empresta facilmente a quem está bem/tem muito e consequentemente presta boas garantias, todavia penaliza com altas taxas e no limite não empresta mesmo nada a quem tem dificuldades e/ou não apresenta garantias.

Muhammad Yunus é a antítese deste conceito de banqueiro e por isso, enquanto fundador do Grameen Bank, é conhecido como o "banqueiro dos pobres", e o seu trabalho foi agora reconhecido pela Academia Sueca atribuindo-lhe o Prémio Nobel da Paz 2006.

Porquê o prémio Nobel da Paz para este economista?
A Paz, manter a Paz, evitar os conflitos, é o objectivo.
E que meios temos para garantir esse objectivo?
Um desses meios, reconhece agora a Academia, é a luta contra a pobreza e a exclusão, é a luta pelo desenvolvimento social, é a luta pelo desenvolvimento económico sustentável,... é a luta pela redução das desigualdades sociais.
E com que instrumentos?
O instrumento escolhido por M.Yunus foi o microcrédito. Dar crédito a quem é pobre e não tem garantias mas tem capacidade empreendedora. No fundo, seguir aquela máxima: "Ao pobre não dês o peixe, dá antes a cana e ensina a pescar". Milhares de pessoas pobres, sobretudo mulheres no Bangladesh, ultrapassaram a fase da dependência do "peixe" e conquistaram o seu sustento ( e igualmente importante a sua auto-estima), "pescando".
«O maior mérito de Yunus é o de ter persistido na convicção de que os pobres são capazes de empreender para construir um futuro melhor para si e para as suas familias», escreveu Jorge Wemans no Público de 14Out2006, acrescentando que outro grande mérito foi o de «ter formulado uma ideia simples e experimentar em pequena escala, recolher os ensinamentos, adaptar procedimentos, induzir para uma escala maior».

E nós, à nossa escala (regional/municipal), o que fazemos por esse objectivo? Que meios temos? Que instrumentos podemos utilizar?

«2015: Sem Desculpas! O mundo Deve Ser Melhor» é , como lembrou muito bem o Dr José Paulo Farinha no preâmbulo do Diagnóstico Social da Sertã, o lema da campanha promovida pela Cidades e Governos Locais Unidos e pelo Comité dos Municípios e Regiões da Europa. A nossa acção deve ser norteada por esse lema. Mas, para agir, com segurança, temos de fazer o prévio diagnóstico. Porque "não há nada mais inútil do que executar, com eficiência, aquilo que nunca deveria ser executado"(Peter Drucker).

Este Diagnóstico Social e a Agenda 21 Local do Município da Sertã, já concluidos, bem como o Estudo Demográfico a realizar, são peças que faltavam, e que constituem a base séria de trabalho para a partir da mesma, esperamos todos, se passar à acção. Se a aprendermos a "lição" de Yunus, encontraremos os meios e os instrumentos necessários.

Jorge Rodrigues Farinha
(Vereador da Câmara Municipal da Sertã)

terça-feira, outubro 24, 2006

Puro Relax...

terça-feira, outubro 17, 2006

Palavras de Vida Eterna

Vida e Cor

A floresta...
A vida...
A cor...
Não há beleza como esta
Tão sedutora e tão querida
Tão minha e tão nossa
Cheia de tanto amor...
Oxalá um dia possa
Vê-la como merece
Porque lá fundo não esquece
O que o mundo faz de mal.
Afinal,
Quem como ela
Sabe ouvir?
E escutar?
Fascinar?
Dessa forma tal
Deslumbrante...
Imperial...
Envolvida...
E, nesse instante
No momento encantador
Sublime encontro matinal
No enlevo da giesta
Vejo algo tão natural
Como a vida...
Como a cor...
A floresta.

terça-feira, setembro 12, 2006

Lamentável...

segunda-feira, setembro 04, 2006

Delicioso...

Uns links a explorar

Sempre que não há nada de jeito para fazer e o tédio se instala no local de trabalho… Quando nem um joguinho consegue animar a malta… Quando em casa nada ajuda… Porque não um pouco de assédio sexual? Como aquele ao vivo e em directo à Marta Atalaia, essa grande e boa… profissional da SIC Notícias!! As estatísticas dizem que, em 90% dos contextos laborais, existem manifestações explícitas de assédio… Logo por azar, tinha logo que trabalhar nos 10% restantes… Frustrante... Muito frustrante… Tão frustrante como tentar assaltar uma viatura e deparar com um moderníssimo sistema de segurança. E, por falar em viaturas, que tal umas aulinhas de condução? Aqui são grátis… E nem é preciso ir fazer figuras tristes ao “Pior Condutor de Sempre”… Nós damos as medalhas e tudo… Maria Madalena nos valha… Nem o Dan Brown se lembrava desta…
Construir um país

"(...) O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país. (...) Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO. Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros. Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica. Onde nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar a alguns. Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar-lhe o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
(...) Como "matéria prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que nosso país precisa. Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos escandalosos na política. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente abusados! É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda... Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias. Nós temos que mudar. (...) Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a nos acontecer: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO. E você, o que pensa?.... MEDITE!"
Excertos de artigo de Eduardo Prado Coelho - in Público

domingo, setembro 03, 2006

Lamentável...

Palavras de Vida Eterna

Amor e Sexo

Amor é um livro - Sexo é esporte
Sexo é escolha - Amor é sorte
Amor é pensamento, teorema
Amor é novela - Sexo é cinema
Sexo é imaginação, fantasia
Amor é prosa - Sexo é poesia
O amor nos torna patéticos
Sexo é uma selva de epiléticos

Amor é cristão - Sexo é pagão
Amor é latifúndio - Sexo é invasão
Amor é divino - Sexo é animal
Amor é bossa nova - Sexo é carnaval

Amor é para sempre - Sexo também
Sexo é do bom - Amor é do bem
Amor sem sexo é amizade
Sexo sem amor é vontade
Amor é um - Sexo é dois
Sexo antes - Amor depois
Sexo vem dos outros e vai embora
Amor vem de nós e demora.

Rita Lee / Roberto de Carvalho / Arnaldo Jabor

Fantástico...

Opening Number by Conan O'Brien - Emmys'2006

quinta-feira, agosto 31, 2006

Lamentável...

quarta-feira, agosto 30, 2006

A Droga DeVida

A pedido de muitas famílias (mas certamente não da minha) e depois de muita pressão para que não o fizesse (o que estimulou ainda mais o meu inconsciente acto), apresento seguidamente as várias denominações das mais conhecidas substâncias psico-activas, a.k.a. drogas. Peço encarecidamente aos leitores deste blogue que não seja questionada a fonte dos dados… pelo menos que não o façam sob o efeito de alguma das drogas apresentadas. Trata-se de um estudo exaustivo junto de fontes privilegiadas, depois de muitas passas estratégicas, as chamadas passas de investigação… Uma divulgação imprescindível, uma lista obrigatória em qualquer casa de bem… Oh yeahh…

Afetaminas, speed, cristal ou anfes.

Base livre ou freebase.

Canabinóides, chamon, charro, liamba, erva, chocolate, tablete, taco, curro ou ganza.

Cocaína, coca, branca, branquinha, gulosa, júlia, neve ou snow.

Crack, rock ou pedra.

Ecstasy ou pastilha.

Haxixe, hash, maconha, boi ou cânhamo.

Heroína, heroa, cavalo, cavalete, chnouk, castanha, H, pó, poeira, merda, açúcar, brown sugar, burra, gold, veneno, bomba ou black tar.
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Eis a música do milénio...

sábado, agosto 26, 2006

Delicioso...

Palavras de Vida Eterna

Sei de cor
Cada traço do teu rosto, do teu olhar,
Cada sombra da tua voz e cada silêncio,
Cada gesto que tu faças,
Meu amor sei-te de cor.

Sei cada capricho teu e o que não dizes
Ou preferes calar, deixa-me adivinhar,
Não digas que o louco sou eu
Se for tanto melhor,
Amor sei-te de cor.

Sei por que becos te escondes,
Sei ao pormenor o teu melhor e o pior,
Sei de ti mais do que queria...
Numa palavra diria
Sei-te de cor!

Paulo Gonzo

quinta-feira, agosto 24, 2006

Puro Relax...

terça-feira, agosto 22, 2006

Delicioso...

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segunda-feira, agosto 21, 2006

Palavras de Vida Eterna

A morte não é nada,
Só passei para o outro lado,
Eu sou eu, vós sois vós.
O que era para vós, continuo a ser.
Dai-me o nome que sempre me deste,
Falai-me como sempre o fizeste.
Não empregueis uma maneira diferente,
Não tomeis um ar triste.
Continuai a rir daquilo que nos fazia rir juntos,
Sorriam e pensem em mim.
Que o meu nome seja pronunciado em casa
Como sempre foi,
Sem exagero de coisa alguma.
A vida significa tudo o que sempre foi.
O fio não está cortado.
Porque estarei fora do vosso pensamento,
Simplesmente porque não me vedes?
Não estou longe,
Só estou do outro lado do caminho.

Charles Péguy

[Sempre contigo, Joaninha...]
A Administração Local em Portugal: Entre a capacidade de inovação e a resistência à mudança (II)

Como vimos, as autarquias, enquanto unidades político-administrativas relativamente autónomas das unidades públicas da Administração Central e de dimensão reduzida face a estas, constituem verdadeiras “rampas de lançamento” para a necessária inovação e mudança nas práticas públicas em Portugal. Contudo, existe todo um conjunto de fenómenos que toldam a Administração Local, impedindo esse processo de ruptura.
Antes de mais, importa assinalar a enorme percentagem de gastos com o pessoal na estrutura de custos das autarquias. Tendo em conta que as despesas de investimento se revestem de uma importância fulcral no desempenho das autarquias (afinal é, sobretudo, em função delas que a gestão municipal é avaliada no final de cada mandato eleitoral), um dos poucos elementos que possui margem de manobra na gestão de uma autarquia são precisamente os custos com pessoal. Perante o aumento das áreas de actuação dos municípios e a natural tendência de terceirização dos serviços por eles prestados, a redução das despesas correntes da autarquia passa pela natural flexibilização dos quadros de pessoal. Não esqueçamos, no entanto, que a maioria dos trabalhadores são também eleitores, pelo que existe, naturalmente, um conflito de interesses na gestão das despesas municipais ao nível dos custos com pessoal.
Como resultado directo desse aumento das competências das autarquias aos mais diversos níveis de actuação, assinale-se o crescente endividamento deste tipo de organizações. No panorama actual, a situação financeira de alguns municípios torna-se insustentável. Efectivamente preocupante a este nível é o facto de o Presidente da Câmara, quando julgado democraticamente, não ver o seu desempenho avaliado pela situação economico-financeira, mas antes pelo nível de investimento realizado em prol dos munícipes. A adopção de princípios de gestão autárquica torna-se ruinosa não existindo qualquer travão ao endividamento (ou sendo os que existem facilmente contornáveis) ou valorização efectiva do saneamento financeiro das contas públicas locais.
Contudo, um dos grandes problemas da administração autárquica, que entronca nos restantes, é a ausência de um trabalho de parceria efectivo com municípios vizinhos. De facto, parece-nos evidente que, em alternativa ao trabalho isolado (na lógica de “cada um no seu quintal”) característico da gestão municipal, a administração local só teria a ganhar com a existência de um maior e mais dinâmico intercâmbio entre entidades de referencial geo-estratégico comum.
De resto, parece-nos evidente que a grande lacuna deste tipo de organizações se encontra precisamente ao nível do planeamento estratégico. Não existem políticas integradas de gestão municipal, a estratégia encontra-se mal delineada em termos de objectivos gerais e específicos, as estruturas são propensas ao desenvolvimento de comportamentos de resistência à mudança e, inversamente, não existem estímulos à inovação e ao empreendedorismo. De resto, a inovação ou a assumpção do risco, quando existem, são sobretudo individuais, ou seja, partem de baixo para cima na estrutura hierárquica, que, pelas suas características de rigidez e divisionalismo, não propicia a existência de um impacto directo nos processos de gestão.
Finalmente, concordamos com Mintzberg quando afirma que as sociedades têm o serviço público correspondente às suas expectativas. Se as pessoas alimentam crenças de que o Estado é “pesado” e burocrático, então é assim que ele será. Pelo contrário, se reconhecerem o serviço público enquanto a causa nobre que efectivamente representa, então encontrarão um Estado forte e justo. E uma nação necessita sobretudo de que ambos os sectores, público e privado, sejam fortes, interagindo num saudável equilíbrio.
Puro Relax...

sexta-feira, agosto 18, 2006

Palavras de Vida Eterna

Balada da Neve

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza.
e cai no meu coração.

Augusto Gil

quinta-feira, agosto 17, 2006

Puro Relax...

A indústria dos incêndios

A evidência salta aos olhos: o país está a arder porque alguém quer que ele arda. Ou melhor, porque muita gente quer que ele arda. Há uma verdadeira indústria dos incêndios em Portugal. Há muita gente a beneficiar, directa ou indirectamente, da terra queimada.
Oficialmente, continua a correr a versão de que não há motivações económicas para a maioria dos incêndios. Oficialmente continua a ser dito que as ocorrências se devem a negligência ou ao simples prazer de ver o fogo. A maioria dos incendiários seriam pessoas mentalmente diminuídas. Mas a tragédia não acontece por acaso. Vejamos:
1 - Porque é que o combate aéreo aos incêndios em Portugal é TOTALMENTE concessionado a empresas privadas, ao contrário do que acontece noutros países europeus da orla mediterrânica? Porque é que os testemunhos populares sobre o início de incêndios em várias frentes imediatamente após a passagem de aeronaves continuam sem investigação após tantos anos de ocorrências? Porque é que o Estado tem 700 milhões de euros para comprar dois submarinos e não tem metade dessa verba para comprar uma dúzia de aviões Cannadair? Porque é que há pilotos da Força Aérea formados para combater incêndios e que passam o Verão desocupados nos quartéis? Porque é que as Forças Armadas encomendaram novos helicópteros sem estarem adaptados ao combate a incêndios? Pode o país dar-se a esse luxo?
2 - A maior parte da madeira usada pelas celuloses para produzir pasta de papel pode ser utilizada após a passagem do fogo sem grandes perdas de qualidade. No entanto, os madeireiros pagam um terço do valor aos produtores florestais. Quem ganha com o negócio? Há poucas semanas foi detido mais um madeireiro intermediário na Zona Centro, por suspeita de fogo posto. Estranhamente, as autoridades continuam a dizer que não há motivações económicas nos incêndios...
3 - Se as autoridades não conhecem casos, muitos jornalistas deste país, sobretudo os que se especializaram na área do ambiente, podem indicar terrenos onde se registaram incêndios há poucos anos e que já estão urbanizados ou em vias de o ser, contra o que diz a lei.
4 - À redacção da SIC e de outros órgãos de informação chegaram cartas e telefonemas anónimos do seguinte teor: "enquanto houver reservas de caça associativa e turística em Portugal, o país vai continuar a arder". Uma clara vingança de quem não quer pagar para caçar nestes espaços e pretende o regresso ao regime livre.
5 - Infelizmente, no Norte e Centro do país ainda continua a haver incêndios provocados para que nas primeiras chuvas os rebentos da vegetação sejam mais tenros e atractivos para os rebanhos. Os comandantes de bombeiros destas zonas conhecem bem esta realidade.
Há cerca de um ano e meio, o então ministro da Agricultura quis fazer um acordo com as direcções das três televisões generalistas em Portugal, no sentido de ser evitada a transmissão de muitas imagens de incêndios durante o Verão. O argumento era que, quanto mais fogo viam no ecrã, mais os incendiários se sentiam motivados a praticar o crime... Participei nessa reunião. Claro que o acordo não foi aceite, mas pessoalmente senti-me indignado. Como era possível que houvesse tantos cidadãos deste país a perder o rendimento da floresta - e até as habitações - e o poder político estivesse preocupado apenas com um aspecto perfeitamente marginal? Estranhamente, voltamos a ser confrontados com sugestões de responsáveis da administração pública no sentido de se evitar a exibição de imagens de todos os incêndios que assolam o país.
Há uma indústria dos incêndios em Portugal, cujos agentes não obedecem a uma organização comum mas têm o mesmo objectivo - destruir floresta porque beneficiam com este tipo de crime. Estranhamente, o Estado não faz o que poderia e deveria fazer:
1 - Assumir directamente o combate aéreo aos incêndios o mais rapidamente possível. Comprar os meios, suspendendo, se necessário, outros contratos de aquisição de equipamento militar.
2 - Distribuir as forças militares pela floresta, durante todo o Verão, em acções de vigilância permanente. (Pelo contrário, o que tem acontecido são acções pontuais de vigilância e combate às chamas).
3 - Alterar a moldura penal dos crimes de fogo posto, agravando substancialmente as penas, e investigar e punir efectivamente os infractores.
4 - Proibir rigorosamente todas as construções em zona ardida durante os anos previstos na lei.
5 - Incentivar a limpeza de matas, promovendo o valor dos resíduos, mato e lenha, criando centrais térmicas adaptadas ao uso deste tipo de combustível.
6 - E, é claro, continuar a apoiar as corporações de bombeiros por todos os meios. Com uma noção clara das causas da tragédia e com medidas simples mas eficazes, será possível acreditar que dentro de 20 anos a paisagem portuguesa ainda não será igual à do Norte de África. Se tudo continuar como está, as semelhanças físicas com Marrocos serão inevitáveis a breve prazo.

José Gomes Ferreira
Sub-director de Informação SIC
04-08-2005

quarta-feira, agosto 16, 2006

100 Comentários

A Administração Local em Portugal: Entre a capacidade de inovação e a resistência à mudança (I)

Como é defendido por Paulo Magro da Luz, da Partner Government & Health Care, Novabase Consulting, num artigo de opinião publicado em Suplemento do Diário Económico Digital de Setembro de 2005 subordinado ao tema Modernização da Administração Pública Portuguesa, “a necessidade de uma intervenção profunda na Administração do Estado que suporte transformações de Organização, Processos e Recursos Humanos para a tornar mais ágil, eficiente e compatível com os actuais níveis de exigência da sociedade e com as capacidades do País é hoje consensual”.
Reconhecido o importantíssimo poder do Estado, enquanto elemento regulador e decisório, a problemática da Administração Pública portuguesa reside essencialmente, nos desequilíbrios existentes, na ineficiência no cumprimento da “missão” pública, no latente défice de produtividade existente e na rigidez aos mais diversos níveis, sobretudo em termos de procedimentos e de afectação de recursos (humanos e financeiros). Temos um Estado que, basicamente, não cumpre eficazmente com a sua função reguladora e fiscalizadora e que presta um serviço público em que os custos envolvidos não encontram revérbero na qualidade oferecida ao cliente.
Contudo, enquanto máquina “pesada” que é, torna-se difícil encetar um mais do que urgente processo de mudança. Tal é, de resto, impossível enquanto for o próprio Estado a dar os maus exemplos, com serviços burocratizados e pouco produtivos, enquanto as empresas que prevaricam, viciando o sistema, continuarem intocáveis e, sobretudo, enquanto não existir uma gestão planeada de políticas, de recursos e de práticas dentro do próprio Estado. Como sublinha Pereira, o aparelho administrativo do Estado, apesar da ocorrência de algumas rupturas no sistema político e social português, não tem sido objecto de alterações dramáticas equivalentes, nomeadamente ao nível da cultura administrativa e da burocracia pública. Neste sentido, tem-se, de alguma forma, mantido o pendor centralista, legalista, “administrativista” e conservador da Administração Pública portuguesa.
Se nos centrarmos nas especificidades da Administração Autárquica, ou seja, na gestão dos Municípios, enquanto unidades político-administrativas relativamente autónomas das unidades públicas da Administração Central, verificamos que, sem embargo da evidente uniformidade de regras existentes para a generalidade das instituições públicas, as suas particularidades (e.g. natureza, objectivos, dimensão) poderão ditar uma maior ou menor abertura daquelas entidades à modernidade e, naturalmente, marcar diferenças na sua capacidade de absorção de formas mais flexíveis de gestão.
Os Municípios não são apenas entidades públicas de administração, mas igualmente unidades de governo próprio, possuindo, como tal, a mesma legitimidade política, financeira e democrática que é reconhecida ao governo central. Significa isto que os Municípios possuem autonomia política e capacidade de decisão autónoma. Para além disso, as autarquias locais são entidades com um rosto: o Presidente da Câmara Municipal. Este facto revela-se de extrema importância no que concerne à visibilidade e relacionamento com o exterior.
Os Municípios, além de unidades de governo, ou entidades políticas de governação local, constituem ainda verdadeiras unidades produtivas, ao produzirem e distribuírem pela comunidade um apreciável volume de serviços. Nalgumas localidades, são mesmo as principais entidades empregadoras concelhias. Assim, constituem efectivas unidades de gestão, sendo obrigadas a planear e utilizar os meios, as técnicas e os métodos mais adequados para melhor rentabilizar a sua acção e de forma mais eficiente servir as populações;
A ambiência positiva na Administração Local para a absorção da modernidade e para melhor utilização dos meios e métodos avançados de gestão pública torna, portanto, o governo local no mais capaz de inovação. Ainda assim, em muitos sectores a inovação é só aparente porque, na verdade, os serviços públicos não são capazes de inovar, porquanto tiram os seus recursos do orçamento, em vez de serem remunerados pelos resultados. Assim, o sucesso depende de orçamentos cada vez maiores. Mais do que no sector privado, a inovação depende dos indivíduos, isto é, dos funcionários, já que estes se comportam predominantemente com base em padrões e normas de conduta. Ora, o envolvimento e o comprometimento dos funcionários do Estado numa cultura de serviço público esteve sempre ausente de qualquer estratégia de modernização administrativa.
Existe, portanto, um conjunto de debilidades que impedem a concretização de melhores níveis de absorção das práticas modernas de gestão nos municípios e, portanto, de maiores índices de eficiência locais. É sobre os entraves à inovação nas autarquias locais que nos debruçaremos na segunda parte deste artigo.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Palavras de Vida Eterna

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso,
em serenos sobressaltos
como estes pinheiros altos
que em verde e ouro se agitam
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma. é fermento,
bichinho alacre e sedento
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa dos ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança.

Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
para-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra som televisão
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre a mãos de uma criança.

António Gedeão

quinta-feira, agosto 03, 2006

Puro Relax...


quarta-feira, agosto 02, 2006

Sobre os Professores
A base para um integral funcionamento do sistema de ensino e, por conseguinte, de uma instituição escolar, está nos professores. Afinal, são eles que estão incumbidos de, nas palavras de Fernando Savater, “lutar contra a fatalidade, contra o destino. A fatalidade de que o filho de um pobre seja sempre pobre, de que o filho de uma pessoa ignorante seja sempre ignorante e de que o filho de um fanático seja sempre um fanático. Para evitar essas fatalidades é que precisamos da educação”.
Contudo, verifica-se que os professores constituem uma das mais desmotivadas classes ocupacionais existentes. Como o comprova um de muitos professores por esse país fora que sentem esta realidade, numa das colunas de opinião do jornal Público, “os professores encontram-se desmotivados e tristes, pois são «pau para toda a colher», exigindo-lhes tudo, mas mesmo tudo”. Mais à frente no artigo, esse mesmo professor, afirma: “Os nossos alunos esperam há muito que lhes seja mostrada a pedagogia do coração”.
Os professores encontram-se, actualmente, profundamente cansados e desmotivados e é aí que reside uma das maiores lacunas do sistema de ensino. Limitam-se a transmitir conhecimentos, quando sabem (ou deveriam saber) que marcam profundamente os seus alunos, constituindo verdadeiros modelos de saber e de acção.
O “professor caracol”, como já lhe chamaram, que anda de terra em terra, sem conseguir um lugar de efectividade numa escola, ao qual se encontra reservado um futuro incerto, pode ser uma das justificações para o que se passa actualmente com o corpo docente em Portugal.
Se a tudo isto, juntarmos o completo alheamento de muitos pais e encarregados de educação relativamente ao percurso escolar dos filhos, delegando nos professores (e também noutros técnicos, como os psicólogos) toda a responsabilidade pela educação dos alunos e culpabilizando-os pelas situações de insucesso ou inadaptação, então facilmente percebemos porque é que a classe docente, tão necessária e “civilizadora” (nas palavras de Fernando Savater), se encontra mergulhada num limbo, o qual prejudica gravemente o normal funcionamento de todo um sistema de ensino, já de si débil e frágil.
Como em todas as áreas, em todos os contextos de trabalho há bons e maus profissionais. O que não podemos de forma alguma admitir é que os bons professores (ao menos esses) sucumbam no limbo de um sistema do qual são parte integrante e essencial.
As Primeiras Heurísticas de João Vasco Pereira Coelho

Não consegui resistir em partilhar convosco um excerto de um dos posts mais deliciosos do blogue “Starjamming”, que podeis encontrar em versão integral no respectivo link aqui ao lado. É impossível ficar indiferente às Palavras de Cotrim…

«Em incerto dia, era eu um recém-chegado à idade de menino-Homem, deparei-me com formulações nunca dantes vistas. O tema era exótico, e, portanto, apetecível - a encenação cultural das relações de sexualidade. O verbo afigurava-se, contudo, impenetrável.Com o fluir do tempo, e o entusiasmo próprio de quem é recém-chegado a parte, até então, incerta, a leitura, inicialmente tortuosa, tornou-se uma mui apetecível fruição de final de noite.Percebi então: estava perante as minhas primeiras heurísticas. Reproduzo-as abaixo, com a alegria de quem partilha:
"A sexualidade tem sido objecto, em termos históricos, de uma tripla repressão: a proibição, a condenação ao silêncio, e a eliminação do campo das visibilidades";
"O corpo funciona como lugar de categorização social";
"O acto sexual erotizado representa a experiência da experiência intrapsíquica do outro, a experiência da intenção do outro";
"A heterossexualidade conjugal orientada para a reprodução e centrada na genitalidade é uma construção histórico-social";
"O amor é uma ficção pessoal da intimidade e uma construção social da afectividade e das emoções";
"O corpo é um objecto social. É, por excelência, um objecto de troca e de consumo. Nos termos de Jean Baudrillard, é o mais belo objecto de consumo";
"O amor passional: antecipação fantasiada de gratificações ilimitadas, conjunto heteróclito de emoções positivas e negativas, carácter efémero e vulnerável, idealização de se ser amado";
"A existência de sexos diferentes implica uma selecção evolutiva no sentido da anisogamia, de uma distribuição bimodal dos gâmetas; os machos, detentores de matéria germinal potencialmente ilimitada, teriam o interesse em adoptar uma estratégia poligâmica, fecundando o maior número possível de fêmeas";
"A conjugação amor/sexo é uma das possíveis soluções sócio-culturais para o problema da articulação entre reprodução biológica e vinculação social";
"O amor romântico constitui um casoexemplar de construção social de emoções";
"A emoção deve ser compreendida enquanto papel social transitório".
Como refere Sophia, a partir de então, a minha solidão viu-se melhor.
(Nota: As formulações apresentadas são parte integrante da dissertação de doutoramento de Valentim Rodrigues Alferes, Encenações e Comportamentos Sexuais, tornada pública pelas sempre credíveis Edições Afrontamento).»
Puro Relax...

terça-feira, agosto 01, 2006

Palavras de Vida Eterna

As palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade
Movimento pró Monumento de Homenagem ao Arruda

Sim. Proponho que seja erguida uma estátua (pode ser algures no meio do oceano a caminho de Chorzow) a esse ícone dos nossos dias, o organizador da melhor Queima das Fitas de Coimbra de sempre a ter o slogan “Provavelmente a melhor Queima de sempre”. Porque foi um prazer ter trabalhado a teu lado nesse grandioso evento… Porque foi um prazer recolher no meu caderninho de apontamentos cada uma das tuas melhores calinadas… Porque ainda tenho fé em ver-te concluir o curso de Psicologia... Obrigado Arruda…

“Tenho 1% da Bayer”
“Fui árbitro do Açores Open quando a Steffi Graff estava em início de carreira.”
“E então um tubarão passou a rasar-me a orelha.”
“O avião em que ia bateu na água e voltou a subir.”
“Então eu acordei deitado com uma gaja com um monte de preservativos usados à minha volta e ainda com um colocado!...”
“Comprei umas sapatilhas que aumentam em 30% o meu rendimento desportivo.”
“O paciente ficou partido em bocadinhos, mas o meu pai, que é um dos melhores ortopedistas dos Açores, colou os ossinhos todos outra vez!”
“Segurei sozinho os portões do Parque da Queima, quando todas as pessoas tentavam entrar à força. Todos os outros me abandonaram, mas eu estive lá a impor-me e evitei o pior.”

Digam-me lá se um gajo que diz que fez isto tudo não merece ter uma estátua?
Faz hoje precisamente um ano que uma “entrada iniciática” (como na altura lhe chamaram) constituiu a rampa de lançamento de um projecto ambicioso que prometia revolucionar toda a blogosfera e a world wide web em geral. Um post e três comentários pornográficos (devidamente eliminados) depois, regressa a vontade de refazer com pinças de ginecologista a história de um país à deriva. Não adianta resistir… Este é mesmo o regresso (ou será o começo?) do Arco da Velha... Nunca se viu nada assim… Pelo menos a julgar pelo suicídio em massa das melgas que se encontravam à minha volta…