quarta-feira, agosto 02, 2006

Sobre os Professores
A base para um integral funcionamento do sistema de ensino e, por conseguinte, de uma instituição escolar, está nos professores. Afinal, são eles que estão incumbidos de, nas palavras de Fernando Savater, “lutar contra a fatalidade, contra o destino. A fatalidade de que o filho de um pobre seja sempre pobre, de que o filho de uma pessoa ignorante seja sempre ignorante e de que o filho de um fanático seja sempre um fanático. Para evitar essas fatalidades é que precisamos da educação”.
Contudo, verifica-se que os professores constituem uma das mais desmotivadas classes ocupacionais existentes. Como o comprova um de muitos professores por esse país fora que sentem esta realidade, numa das colunas de opinião do jornal Público, “os professores encontram-se desmotivados e tristes, pois são «pau para toda a colher», exigindo-lhes tudo, mas mesmo tudo”. Mais à frente no artigo, esse mesmo professor, afirma: “Os nossos alunos esperam há muito que lhes seja mostrada a pedagogia do coração”.
Os professores encontram-se, actualmente, profundamente cansados e desmotivados e é aí que reside uma das maiores lacunas do sistema de ensino. Limitam-se a transmitir conhecimentos, quando sabem (ou deveriam saber) que marcam profundamente os seus alunos, constituindo verdadeiros modelos de saber e de acção.
O “professor caracol”, como já lhe chamaram, que anda de terra em terra, sem conseguir um lugar de efectividade numa escola, ao qual se encontra reservado um futuro incerto, pode ser uma das justificações para o que se passa actualmente com o corpo docente em Portugal.
Se a tudo isto, juntarmos o completo alheamento de muitos pais e encarregados de educação relativamente ao percurso escolar dos filhos, delegando nos professores (e também noutros técnicos, como os psicólogos) toda a responsabilidade pela educação dos alunos e culpabilizando-os pelas situações de insucesso ou inadaptação, então facilmente percebemos porque é que a classe docente, tão necessária e “civilizadora” (nas palavras de Fernando Savater), se encontra mergulhada num limbo, o qual prejudica gravemente o normal funcionamento de todo um sistema de ensino, já de si débil e frágil.
Como em todas as áreas, em todos os contextos de trabalho há bons e maus profissionais. O que não podemos de forma alguma admitir é que os bons professores (ao menos esses) sucumbam no limbo de um sistema do qual são parte integrante e essencial.

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