terça-feira, março 31, 2009

Verdes Anos

A Corrida Mais Louca do Mundo

quarta-feira, março 25, 2009

Carpe Diem





A 25 de Março de 1957, há 52 anos, a Alemanha Ocidental, a Bélgica, a França, a Holanda, a Itália e o Luxemburgo assinavam o Tratado de Roma, instituindo a Comunidade Económica Europeia (CEE) e a Comunidade Europeia da Energia Atómica (Euratom).

Era o início da Europa como a conhecemos actualmente.
Directo à Questão

O Trabalho de Elvira Fortunato ou um Retrato da Investigação em Portugal

Elvira Fortunato é portuguesa. É investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. Dirige o Centro de Investigação de Materiais (Cenimat). E venceu, no ano passado, o primeiro prémio do European Research Council na área das Engenharias e Ciências Físicas, no valor de 2 milhões e 250 mil euros.
No entanto, a grande maioria dos portugueses não conhece esta distinta personalidade lusa.
Elvira Fortunato é uma das cinco melhores investigadoras em electrónica transparente a nível mundial e já ultrapassou Cristiano Ronaldo na lista de portugueses mais citados na Internet. A sua vitória no European Research Council transportou-a rapidamente para as primeiras páginas de vários jornais e revistas especializadas.
Então quem é esta brilhante investigadora da Universidade Nova de Lisboa?
O trabalho na área dos transístores garantiu a Elvira Fortunato um papel de destaque no cenário das Tecnologias da Informação e da Comunicação. Elvira Fortunato integra uma equipa que conseguiu tornar o papel parte integrante de um transístor usando-o como isolante, em vez do tradicional silício, um projecto designado por "Invisible". Estes desenvolvimentos podem ser usados no campo da electrónica descartável, em ecrãs, etiquetas e pacotes inteligentes ou aplicações médicas na área dos bio-sensores. A mesma equipa desenvolveu com a Samsung uma nova geração de ecrãs planos transparentes baseada na descoberta de um novo material semicondutor para os transístores constituído por óxidos, como o óxido de zinco.
Elvira Fortunato tem em mãos, basicamente, uma das mais cobiçadas patentes a nível mundial, a patente dos transístores em papel, que pode revolucionar tanto a electrónica como o paradigma das publicações em papel, possibilitando, por exemplo, a concepção de jornais e revistas com imagens em movimento. Contudo, como noticiou recentemente o Jornal Público, a indústria portuguesa ou radicada em Portugal nunca se mostrou verdadeiramente interessada nos seus projectos.
A homenagem que a Assembleia da República prestou a Elvira Fortunato, no passado dia 13 de Março, com um voto de congratulação aprovado por unanimidade, trouxe para a opinião pública esta lamentável situação que envolve a ciência e a tecnologia concebidas em Portugal. No dia da homenagem, a investigadora não escondeu a sua decepção face ao país de onde tem resistido sair. Disse, na altura: “Portugal é muito grande, os portugueses é que são pequeninos”.
Elvira Fortunato, na entrevista ao Público, não escondeu o seu desejo de que a descoberta de que é protagonista – e que pode revolucionar todo o cenário na área das Tecnologias da Informação e da Comunicação - fosse rentabilizada por um consórcio de indústria portuguesa. Mas quando procurou papeleiras portuguesas para parceiras na investigação, viraram-lhe as costas. A parceria foi para a brasileira Suzano. Recebeu grandes ofertas de multinacionais mas acabou por ser a Universidade Nova de Lisboa que pegou no projecto, mantendo para já a inteligência em Portugal.
Mas até quando será possível reter este “know-how” no nosso país? A persistência e a resistência da investigadora em sair de Portugal devem ser realçados. Mas o cenário vivido por Elvira Fortunato e pela sua equipa de investigação não é mais do que um Retrato da forma como Portugal gere os seus melhores cérebros. Basta pensar no exemplo de António Damásio, um dos investigadores mais estudados em todo o mundo, que nunca encontrou em Portugal as condições para o desenvolvimento da sua actividade.

Vá Directo à Questão. Aqui.

terça-feira, março 17, 2009

E o Paraíso Aqui Tão Perto...




Por do sol no Picoto Raínho...

quarta-feira, março 11, 2009

Do Arco da Velha

Sit-down Comedy, ontem no Twitter.

Decorreu ontem, depois das 22h30, 1º Espectáculo de sit-down comedy do Twitter. O evento consistia em fazer humor com pequenas frases de 140 caracteres. Aberto a amadores e afins, a noite teve tanto de desorganização como de boa disposição.

A vencedora do Espectáculo (que só perto do final da festa começou a ter algo de espectacular) foi, por unanimidade, a Cat Walking Catarina. A sua obra pode ser (re)visitada num passeio pelo seu brilhante blogue, que tive todo o prazer em descobrir e que partilho convosco aqui. Foi o ponto alto da noite.

domingo, março 08, 2009

Vida

Não Posso Adiar

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.

António Ramos Rosa
Delicioso


quinta-feira, março 05, 2009

Do Arco da Velha

Ainda o 19.º Aniversário do Jornal Público

O escritor António Lobo Antunes dirigiu a edição de hoje do Público. Aqui o seu Editorial:

Os jornais & eu
"Em criança (e em adolescente, e em adulto) não havia jornais na minha casa mas havia jornais nas casas da minha família. Na do meu avô paterno lembro-me do Debate, monárquico, impossível de ler porque estava sempre dobrado e com a cinta posta. Na do meu tio Elói, aí sim, abertos, os semanários da sua terra, o Ecos de Pombal e o Notícias de Pombal.
Na secção necrológica do Ecos li uma ocasião uma notícia que começava assim: faleceu oportunamente no Brasil o senhor Fulano de Tal, tio do nosso estimado amigo Não Sei Quê Não Sei Quê. Na do meu outro avô, em Nelas, era o Diário de Notícias, que chegava no comboio da meia-noite e trazíamos, de bicicleta, da estação. O meu outro avô, de casaco de linho branco, passava horas a lê-lo na varanda para a serra. Depois do casaco de linho morrer a minha avó substituiu o Diário de Notícias pelo Almanaque da Sãozinha, cheio dos milagres da dita, relatados por crentes agradecidos. Num desses prodígios uma senhora contava que, de pobre que era, olhava em lágrimas as panelas vazias do almoço. Veio-lhe a Sãozinha à ideia, rezou com empenho, entrou-lhe de imediato uma lebre pela cozinha dentro, fechou a cozinha, matou a lebre à paulada e regalou-se a comer prodígio divino de cabidela. Confesso que esta dádiva da Sãozinha me fez um bocado de impressão, ao imaginar o assassinato do bicho. Até ao fim da sua vida a pagela da santa dos roedores ocupou um lugar importante no oratório da minha avó: uma adolescente de aspecto virtuoso, cheia de medalhas, que ofereceu a sua existência terrena em troca da conversão dos pais. Jesus fez-lhe a vontade arrebatando-a, estou a citar, ao nosso convívio, e os pais incréus descobriram o Altíssimo que, mesmo através da cabidela e do fricassé, se manifesta à gente, ou não mesmo, de preferência através da cabidela e do fricassé, misturando o Céu com o micro-ondas e os mandamentos com batatinhas salteadas.
Na ideia de entender o interesse do meu outro avô pelo Diário de Notícias comecei a folheá-lo, não era aos quadradinhos e portanto aborreceu-me. Troquei-o por pilhas antigas das Selecções do Reader's Digest em que achei nacos de prosa fascinantes: "Encontrei o Amor no Hospital Ortopédico", "Eu Sou o Testículo de João", "Ao Ficar Cega a Sua Existência Ganhou Sentido". Mais tarde A Bola e o Record, sobretudo A Bola onde trabalhavam grandes jornalistas (Carlos Pinhão, Aurélio Márcio, Vítor Serpa, as extraordinárias reportagens da Volta à França de Carlos Miranda que bem mereciam estar reunidas em livro e nada devem às de Antoine Blodin) e quando esta geração deixou de escrever eu fui deixando de ler. Ao PÚBLICO devo o ter começado a ensaiar prosinhas em forma de crónica, graças ao convite de Vicente Jorge Silva, que eu não conhecia e me convidou para o suplemento dos domingos, salvando-me, porque a editora, à época, não pagava, de vender Bordas de Água nas pastelarias ou arrumar automóveis na zona do Saldanha, a coçar a magreza com o debrum preto das unhas. Agora não leio jornais: vejo o teletexto, a única coisa, aliás, que vejo na televisão desde que o futebol deixou de ser um desporto, a política uma ocupação digna e a cultura se transformou em banalidades veementes, uma estrebaria de porta aberta em que toda a gente entra, como dizia D. Francisco Manuel de Melo, autor muito do meu afecto. Vejo as capas e as primeiras páginas no quiosque frente ao restaurantezito onde como e passo à frente. As prosinhas do PÚBLICO aparecem hoje na Visão, onde sempre me trataram com extrema delicadeza. Há pouco abri um exemplar e dei com umas tantas frases acerca de mim, estúpidas, desonestas e ignorantes: fiquei curado. É pena que os jornais, como a literatura, sejam uma estrebaria de porta aberta: devia ser reservada aos profissionais sérios, como os nomes de que há pouco falei, e que decerto existem. Conheço alguns. Estes parágrafos para o PÚBLICO são uma homenagem a esses nomes. O que me assusta é o facto de qualquer pessoa estar à mercê de criaturas medíocres, sem possibilidade de rectificar a pulhice. Faleceu oportunamente no Brasil: ao menos o Ecos de Pombal era sincero. A lebre para a esfomeada com fé: ao menos o Almanaque da Sãozinha dava esperança a quem almoça um carioca e um salgado ao balcão. Ao ficar cega a sua existência ganhou sentido: ao menos as Selecções do Reader's Digest animavam os que tropeçam. Se tornar a meter o olho entre páginas e receber sinceridade, esperança e sentido com certeza que lerei. E se o testículo de João for o testículo de António, então, juro, não perco uma sílaba. Desde miúdo que me dá vontade de abrir os brinquedos, a verificar como funcionam. E tenho um par de tais apêndices de que ignoro o mecanismo e nos quais suspeito (não estou seguro) que não existem parafusos nem roscas. Foram um presente dos meus pais e como quase tudo em mim continuam a ser um mistério. Devíamos vir com manual de instruções, como os electrodomésticos."
Carpe Diem

O Público está bem e recomenda-se...

A 5 de Março de 1990, surge, nas bancas, o primeiro número do jornal Público. A edição comemorativa dos 19 anos de vida de uma das publicações de referência nacionais é uma pérola a não perder, hoje, nas bancas.

terça-feira, março 03, 2009

Directo à Questão

Empresas Veículos Sociais por Excelência

Enquanto tal, as empresas necessitam de um propósito, a função objectivo da empresa, um desígnio abrangente que não se reduza à mera satisfação dos cliente e dos proprietários. Como afirma Henry Mintzberg, as empresas não podem sofrer do chamado “síndrome de glorificação do egoísmo”, que aquele autor define como o sacrifício da responsabilidade social em detrimento do valor para o accionista ou “shareholder”.
A responsabilidade social da empresa pode ser definida como a noção de que as empresas têm uma obrigação para com os grupos constituintes da sociedade. As organizações privadas, enquanto verdadeiros veículos sociais, devem justificar a sua existência com a sua contribuição para a sociedade. O que se pretende sublinhar com esta afirmação é que qualquer decisão da empresa tem impacto social, pelo que os critérios de distribuição da propriedade da empresa devem deslocar-se dos fenómenos de fornecimento passivo de capital ao accionista para o desempenho social e intelectual conducente a uma vantagem competitiva.
Neste contexto, a noção de “stakeholder” (ou agente social) assume particular relevância, na medida em que a empresa deve considerar nas suas políticas de gestão todos os grupos ou indivíduos que podem afectar ou são afectados pela realização dos objectivos da organização. Consequentemente, a empresa deve ser compreendida no seu meio envolvente, alargando a visão da gestão sobre o seu papel e responsabilidades, para além da sua função de maximização dos lucros para o detentor da propriedade ou do capital.
Esta noção de responsabilidade social da empresa ou a concepção daquela enquanto um veículo social não se encontra ainda enraizada nos proprietários da grande maioria das nossas empresas. Para além dos baixos níveis de qualificação quer de empresários quer de colaboradores, verifica-se uma reduzida preocupação com o impacto social da actividade da empresa em áreas tão diversificadas como o ambiente, a qualidade ou a solidariedade. Iniciativas ou actividades nestas áreas surgem apenas quando impostas legislativamente, de que constituem exemplo as certificações de qualidade, que quase nunca envolvem os trabalhadores e poucas vezes partem de iniciativa autónoma dos empresários.
A tudo isto associa-se ainda uma fraca aposta nas Tecnologias de Informação e Comunicação (as famosas TIC) e nos processos de Inovação e Desenvolvimento, o que acentua a dificuldade destas empresas, nos seus moldes actuais, em entrarem na “sociedade do conhecimento”, tal como é definida por inúmeros gurus da gestão, como Peter Drucker.
As empresas nacionais continuam, pois, longe de reconhecer aspecto fundamental desempenhado pela responsabilidade social num mercado exigente como o actual. Neste contexto de hipercompetitividade e de crise económico-financeira à escala global, ser socialmente responsável é, mais do que nunca, condição de sucesso e de conquista de mercado.

Vá Directo à Questão. Aqui.