segunda-feira, dezembro 18, 2006

Carpe Diem

Por Prazeres Alentejanos

Estive relutante em escrever este texto, uma vez que me irritam solenemente aquele tipo de blogues que relatam a vida diária dos seus criadores ("Hoje levantei-me à uma da tarde e fui dar comida ao canário... Limpei a caca da gaiola e regressei para dormir uma reconfortante sesta") que, a julgar pelos exemplos, sofrem precisamente do problema de nunca fazerem nada de particularmente interessante no seu dia-a-dia, motivo mais do que suficiente, a meu ver, para tornar absolutamente inútil para a sociedade em geral, e para os leitores do blogue em particular, o conteúdo da página.
Sem querer cair nesse tipo de registo, não vou deixar de transmitir aos dois fiéis leitores deste espaço (oops.. acabei de perder mais um)... Dizia, não vou deixar de transmitir ao único leitor fiel deste espaço (que por acaso sou eu), alguns dos momentos únicos vividos pela minha pessoa. E não conseguiria deixar de fazer referência à minha passagem por terras alentejanas, este fim-de-semana.
Herdade do Esporão, em Reguengos de Monsaraz. Soava a prenda de aniversário, mas disso teve apenas o facto de não ter pago a despesa no final. Foi antes uma experiência única, um momento reconfortante, um dia excepcional. Vinhas a perder de vista, a imponente torre que serve de imagem de marca do Esporão, o magestático e deliciosamente interminável almoço, recheado de pratos que só o nome encheria este blogue, o acolhedor recostar no sofá depois da mágica refeição e a prova do envolvente Private Selection Tinto 2003, tudo enformado numa atmosfera feérica de prazer e puro relax.
Garrafeira atestada, prazeres degustados, parto rendido à descoberta de outras paisagens. Monsaraz e o seu castelo altaneiro, uma Rua Direita envolta num enorme espírito natalício. Que outra coisa seria de esperar de uma aldeia repleta de personagens bíblicas, simbolicamente reconstituídas para celebrar esta época festiva? Barragem do Alqueva, o imponente reconforto da natureza, num gigantesco cenário de água e, por isso, de vida. Regresso a Évora, cidade património da humanidade, beleza e história em cada esquina.
Rendido, regresso a casa. Guardo o carregado sotaque alentejanos da simpática senhora que me atendeu no Plus (acho que a marca não era para dizer). "Quer levar um folheto com as nossas promoções? Volte sempre, obrigado..." Penso no que deve ser feito para preservar este património único. Penso em como potenciar (ainda mais) estes espaços, sobretudo em termos turísticos. Penso em Portugal e como gosto cada vez mais deste pequeno rectângulo à beira-mar plantado. O racional eleva-se, pela primeira vez no dia, ao emotivo. Porque esse já nada tem a acrescentar para além do sorriso rasgado que iluminou todo o resto do fim-de-semana. Àqueles que proporcionaram tudo isto e acompanharam cada gesto, o meu muito obrigado... Sempre...

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