sexta-feira, dezembro 28, 2007

O Cerne da Questão

A Noite



"A noite é minha amante. Tenho com ela uma relação muito particular, desde os 21 anos de idade, altura em que o meu pai morreu e em que toda a minha vida se alterou. Eu passei a trabalhar de noite e não mais deixei de o fazer. Consegui juntar o útil ao agradável: gostava do trabalho que fazia, e ainda faço, e gostava da noite. Noventa e nove por cento das amizades que fiz foram feitas de noite. As pessoas à noite estão mais disponiveis, mais sensiveis, mais autênticas".

Carlos do Carmo, a propósito do seu novo disco, "À Noite".





"Há pelo menos vinte anos que não me deito antes das três da manhã e que não adormeço sem ler um livro. Viver comigo não é fácil, até porque eu jamais fui capaz de responder à mais lógica das perguntas: Mas o que é que tu ficas a fazer de noite?... Realmente, não sei dizer ao certo. Suponho que o facto de ter aprendido a distinguir todos os ruidos da noite, de conhecer o som dos animais nocturnos, de me ter viciado no silêncio da noite, de saber localizar as estrelas no céu, não seja resposta suficiente. Há qualquer coisa mais para além disso, qualquer coisa de indefenóvel e única. Há um mundo diurno e um mundo nocturno. Este é o reino da luz e das sombras, um mundo de silêncio onde cada som tem um sentido, uma utilidade e por onde se sente deslizar esse 'lento círculo azul do tempo'. De noite, morre-se mais devagar...''

Miguel Sousa Tavares, em "Não te deixarei morrer, David Crockett".

É uma da matina... Porque será que subscrevo estas palavras?

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