segunda-feira, novembro 02, 2009

Directo à Questão

O Desenvolvimento Económico-Social e a Evolução do Conceito de Qualidade de Vida

Registou-se nas últimas décadas uma transformação profunda na sociedade Portuguesa. É inegável.
O declínio acentuado na agricultura, outrora o mais importante sector de actividade económica, é particularmente visível nas regiões que dela dependiam de modo exclusivo ou quase, situadas predominantemente no interior do país. O seu tecido social transformou-se radicalmente. Estas regiões perderam população que emigrou para o exterior, com um destaque particular para os países mais importantes da União Europeia, ou para as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto e, em menor proporção, para outras regiões do litoral.
O envelhecimento da população que restou é outra realidade inquestionável.
Funções como a agricultura ou a indústria, o comércio ou os serviços encontram no tipo de aglomerado os argumentos para o seu estabelecimento, moldando e transformando a forma destes, estabelecendo relações de cooperação. São modos de ocupar o território, distintos nos seus conceitos e finalidades, que se complementam, sustentando a chamada “colonização” humana.
Contudo, como sabemos, o abandono dos campos, a deslocação dos mais novos para as cidades e até para o estrangeiro, deram origem a uma gradual desertificação das zonas rurais interiores, como atrás foi referido, e à inevitável degradação do parque habitacional, porque abandonado. Os “resistentes”, por força da idade, são idosos que, por circunstâncias várias, a que não será alheio o reduzido rendimento, são impotentes relativamente a esta questão.
É, por isso, também inegável que mudaram as formas e contextos de vida. Mudaram as condições que estão na base da qualidade de vida das populações.
A noção de qualidade de vida, como é definida actualmente pela Organização das Nações Unidas, procura, não só aferir os patamares atingidos de cidadania efectiva e de participação cívica, mas também as condições sociais existentes (designadamente condições de vida, oferta e acesso de bens e serviços) que permitem a sua manutenção ou florescimento, não esquecendo a actuação dos poderes públicos, da sociedade civil e da iniciativa privada, que, em conjunto, são co-responsáveis pelos desenvolvimentos sociais locais.
Esta noção de qualidade de vida alicerça-se nos conceitos de necessidade básica, oportunidades de ascensão social, auto-satisfação e auto-desenvolvimento. Nesta hierarquia de etapas, avança-se para a satisfação de uma necessidade determinada quando outras mais elementares já foram satisfeitas. Conforme o conceito de pirâmide das necessidades de Maslow, o nível das necessidades básicas (visto num âmbito alargado que, neste caso, inclui exigências próprias da modernidade) corresponde à base da pirâmide, terreno onde se garante a sobrevivência com dignidade e a criação de condições para passar à etapa seguinte.
Como sublinha Frances Stewart, bens e serviços como saúde, nutrição ou educação são características básicas das condições de vida que conseguirão muito provavelmente, enquanto necessidades humanas universais, um consenso alargado. Tais necessidades são geralmente consideradas prioritárias, porque da sua satisfação dependem as condições de desenvolvimento dos restantes aspectos da vida como, por exemplo, desfrutar da arte, da cultura ou do desporto.
Estamos, pois, perante um conceito intimamente relacionado com o processo de desenvolvimento económico-social. Ter qualidade de vida, definida como a satisfação de necessidades básicas, é cada vez mais ter acesso a condições de vida que contribuam para o desenvolvimento pessoal, social, económico e até mesmo cultural.

Retirado
daqui.

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