segunda-feira, abril 14, 2008

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Uma Noite Desconcertante

As novas noites de segunda-feira na RTP2 juntam duas das mais desconcertantes e (por isso) apaixonantes séries alguma vez produzidas.

Sobre “Weeds”, já aqui se escreveu em Agosto de 2007 porque é que é difícil não ficar viciado nela. Recupero as palavras que gizam os argumentos:

«Uma Série Viciante

“Weeds”, série norte-americana de 30 minutos lançada pela RTP2 com o título “Erva”, é, seguramente, a série mais original e melhor escrita da televisão portuguesa, desde a passagem pelo pequeno ecrã das aventuras da família Fisher em “Sete Palmos de Terra”.

Criada pela argumentista e produtora Jenji Kohan, “Weeds” constitui um magnífico exercício de ficção, em que esta se cruza com a realidade de uma forma insólita e fascinante. A história é a de uma mulher que enviúva jovem e que, para sustentar a família, começa a comercializar marijuana. Daqui até o tarado irmão do marido lhe oferecer um vibrador como prenda ou o filho mais novo ser suspenso na escola depois de provocar uma batalha no recreio, é um pequeno passo. Ou seja, “Weeds” explora de uma forma sublime cada personagem e faz uma brilhante sátira aos valores de uma sociedade representada por uma família dos subúrbios ricos de Los Angeles. Sem estereótipos ou generalizações. Sem pretensões de moralismo ou bom-senso. Um retrato fiel das relações humanas. Um exercício de estilo algures entre a ironia e a realidade. Uma série recheada de ambiguidades. Como a vida.

Mary Louise Parker, até aqui actriz secundária em vários filmes, encontra em “Weeds” a oportunidade de ouro para provar todo o seu valor. Desconcertante, estranha, mas genial e a todos os títulos brilhante, a protagonista lidera um bom elenco que, associado à excelência do argumento e dos diálogos, transforma “Weeds” num caso sério de sucesso nos Estados Unidos. A confirmação de uma série viciante, a apreciar com dedicação nas próximas noites de segunda-feira na RTP2.»

Começa com uma polémica cena de sexo entre o protagonista e uma freira.


“Californication”, que esta noite estreou na televisão pública, mas que já há uns tempos pode ser acompanhada na FOX, marca o regresso de David Duchovny ao pequeno ecrã, depois da sua mediática presença em “X-Files”. Mas se é difícil dissociar o actor da carismática personagem de Fox Mulder, é também indiscutível reconhecer a qualidade de interpretação de Duchovny, bem patente em “Californication”. A sua personagem, o degradante e “ganzado” Hank Moody, leva ao extremo a imagem do escritor que trocou toda a sua auto-estima por uma vida promíscua e decadente. Um pouco gasto? Talvez. Mas deliciosamente extremado.


Particularmente rica é a presença dos actores secundários. A ex-companheira de Hank, Karen (a grandiosa Natacha McElhone), encaixa voluptuosamente na série, proporcionando um vertiginoso desenrolar de emoções. A que se junta a filha do casal, Becca (a brilhante Madeleine Martin), jovem adolescente, que traz à série aquele toque especial (sobretudo quando pronuncia palavras como “vagina” ou “apalpão”).


A interacção entre as três intrigantes personagens faz o resto. Ao contrário do que à primeira vista possa parecer, esta não é uma série sobre sexo. Ela é sobre relações humanas nos nossos tempos, enformada por uma lasciva atmosfera sexual, que lhe confere uma particularidade única.

Uma última nota para a evolução que é ver “Weeds” e “Californication” em episódios separados de meia hora. Já havíamos lamentado a exibição das anteriores temporadas de “Weeds”, em dose dupla, com dois episódios semanais de 30 minutos, abruptamente interrompidos na ligação entre ambos, quando se percebe perfeitamente que cada episódio foi concebido e idealizado para ser “devorado” isoladamente, com uma dinâmica própria do género.

1 comentário:

Anónimo disse...

Grande noite de televisão... Muitos parabéns pela crítica...