quinta-feira, abril 12, 2007

“A flexibilidade laboral ou a «corrosão do carácter»?” (I)

Numa economia de “pleno emprego”, o trabalho não é apenas um meio de produção de riqueza, mas também um meio de integração social. O trabalho remunerado com duração indeterminada (salário regular colectivamente negociado, e um conjunto de direitos e garantias) tornou-se uma importante fonte do desenvolvimento identitário, ético e cognitivo do indivíduo, conferindo um estatuto social ao trabalhador.
Na sociedade centrada no trabalho, predomina o trabalho remunerado regular efectuado numa empresa, com base num vínculo contratual estável e num compromisso de longo prazo que fundamenta a autonomia e a cidadania.
Contudo, as profundas mutações actuais da organização económica e social colocam cada vez mais em causa os conceitos e as representações de trabalho, emprego e empresa que foram construídas desde o início do século XX. Com o início da falência do modelo tradicional de organização e gestão, que funcionava segundo modelos tayloristas de produção em massa, constatamos que a estabilidade e previsibilidade é, hoje em dia, substituída pela mudança e flexibilidade, consequência dos modelos económicos de desenvolvimento actuais, sustentados numa lógica de globalização da economia e do próprio conhecimento. Seríamos ingénuos se considerássemos que estas alterações têm apenas consequências ao nível do trabalho. Afectam de igual forma a organização das relações sociais, profissionais e a própria organização mental do indivíduo.
Estas modificações implicam a crise do “pleno emprego”, do trabalho assalariado, da integração social pelo emprego, e, ao mesmo tempo, a crise do Estado-providência (Welfare State) e das formas de regulação social do trabalho – aspectos que, adicionados ao aumento de liberdade de acção das empresas, podem contribuir para a disseminação de empregos precários (mal pagos, incertos, não oferecendo perspectivas de progresso profissional).
Em rigor, o trabalho assalariado sofreu grandes metamorfoses nas últimas décadas. A diversificação e a flexibilização das suas formas encontram-se associadas à complexificação, heterogeneização e fragmentação do trabalho entendido como actividade produtiva.
Contudo, existem riscos nesta nova realidade, bem ilustrados por Sennett (1998). “A flexibilidade, vista a partir de baixo, é a fragmentação do tempo, é viver em risco de ambiguidade, é perder a noção de estabilidade, é a vida feita de sucessivos agoras e recomeços contínuos. A flexibilidade é o subtil fim da carreira profissional e o desprezo pela experiência acumulada... a corrosão do carácter”.
O contrato de trabalho, tal como o conhecíamos, está a ser progressivamente questionado enquanto dimensão aparentemente antagónica da flexibilidade laboral. Uma das figuras emblemáticas do contrato de trabalho, a melhoria das condições de remuneração e de carreira de acordo com a antiguidade na empresa, tem entrado em declínio. O ritmo acelerado da evolução tecnológica tem originado uma dessintonia entre mérito e antiguidade, fazendo com que os trabalhadores não se consigam manter actualizados e entrem precocemente na situação de “ramos mortos”. A não resolução deste problema, mormente através do recurso a formação profissional adequada, conduz necessariamente a um processo designado de ruptura tecnológica, em que as organizações têm, simultaneamente, pessoas a mais (sem as competências indispensáveis para o futuro) e pessoas a menos.

terça-feira, abril 10, 2007

Fantástico...

O melhor momento do Hora H

Lusos Encantos



Falésia Sombria

segunda-feira, abril 09, 2007

A Devida Comédia
Pergunto-me quando é que a maioria dos supostos tugas sofredores da bonomia nacional tão alardeada (traduzo: estupidez crassa e imbecilidade latente) conseguirão perceber o que se retrata a seguir... Criancinhas.
A criancinha quer Playstation. A gente dá. A criancinha quer estrangular o gato. A gente deixa. A criancinha berra porque não quer comer a sopa. A gente elimina-a da ementa e acaba tudo em festim de chocolate. A criancinha quer bife e batatas fritas. Hambúrgueres muitos. Pizzas, umas tantas. Coca-Colas, às litradas. A gente olha para o lado e ela incha. A criancinha quer camisola adidas e ténis nike. A gente dá porque a criancinha tem tanto direito como os colegas da escola e é perigoso ser diferente. A criancinha quer ficar a ver televisão até tarde. A gente senta-a ao nosso lado no sofá e passa-lhe o comando. A criancinha desata num berreiro no restaurante. A gente faz de conta e o berreiro continua.
Entretanto, a criancinha cresce. Faz-se projecto de homem ou mulher. Desperta. É então que a criancinha, já mais crescida, começa a pedir mesada, semanada, diária. E gasta metade do orçamento familiar em saídas, roupa da moda, jantares e bares. A criancinha já estuda. Às vezes passa de ano, outras nem por isso. Mas não se pode pressioná-la porque ela já tem uma vida stressante, de convívio em convívio e de noitada em noitada. A criancinha cresce a ver Morangos com Açúcar, cheia de pinta e tal, e torna-se mais exigente com os papás. Agora, já não lhe basta que eles estejam por perto. Convém que se comecem a chegar à frente na mota, no popó e numas férias à maneira. A criancinha, entregue aos seus desejos e sem referências, inicia o processo de independência meramente informal. A rebeldia é de trazer por casa. Responde torto aos papás, põe a avó em sentido, suja e não lava, come e não limpa, desarruma e não arruma, as tarefas domésticas são «uma seca».
Um dia, na escola, o professor dá-lhe um berro, tenta em cinco minutos pôr nos eixos a criancinha que os papás abandonaram à sua sorte, mimo e umbiguismo. A criancinha, já crescidinha, fica traumatizada. Sente-se vítima de violência verbal e etc e tal. Em casa, faz queixinhas, lamenta-se, chora. Os papás, arrepiados com a violência sobre as criancinhas de que a televisão fala e na dúvida entre a conta de um eventual psiquiatra e o derreter do ordenado em folias de hipermercado, correm para a escola e espetam duas bofetadas bem dadas no professor «que não tem nada que se armar em paizinho, pois quem sabe do meu filho sou eu». A criancinha cresce. Cresce e cresce. Aos 30 anos, ainda será criancinha, continuará a viver na casa dos papás, a levar a gorda fatia do salário deles. Provavelmente, não terá um emprego. «Mas ao menos não anda para aí a fazer porcarias».
Não é este um fiel retrato da realidade dos bairros sociais, das escolas em zonas problemáticas, das famílias no fio da navalha? Pois não, bem sei. Estou apenas a antecipar-me. Um dia destes, vão ser os paizinhos a ir parar ao hospital com um pontapé e um murro das criancinhas no olho esquerdo. E então teremos muitos congressos e debates para nos entretermos.
Miguel Carvalho, Visão on-line, 1 Março 2007
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quinta-feira, abril 05, 2007

Recordar é Viver

Última edição do concurso Roda da Sorte, RTP 1, 1994.

Lamentável...

quarta-feira, abril 04, 2007

A Doninha Está de Volta



Dialectos de Ternura é o primeiro e apaixonante single do novo trabalho da Doninha, que já nos habituou a estas pérolas. Negócios Estrangeiros (escrito por José Luís Peixoto) é, para mim, um dos melhores temas em português dos últimos tempos, a cereja no topo do bolo de um álbum que é já um caso sério de sucesso. A prová-lo o disco de platina alcançado no próprio dia de lançamento por vendas superiores a 20 mil unidades. Amor, Escárnio e Maldizer saiu na segunda-feira e os Da Weasel protagonizaram no programa Há Vida em Markl, nas Manhãs da Antena 3, um dos mais hilariantes momentos radiofónicos dos últimos tempos, que pode ser escutado aqui.

terça-feira, abril 03, 2007

Recordar é Viver

domingo, abril 01, 2007

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quinta-feira, março 29, 2007

Lamentável...

Caricato no mínimo. Árbitro festeja golo do Ajax em pleno jogo. Justifica os seus festejos com o facto de ter aplicado correctamente a lei da vantagem. No entanto, a UEFA já terá instalado um processo disciplinar ao juíz holandês.

segunda-feira, março 26, 2007

Verdes Anos

Os Amigos do Gaspar

sexta-feira, março 23, 2007

Palavras de Vida Eterna

Urgentemente

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
Ódio, solidão e crueldade,
Alguns lamentos,
Muitas espadas.

É urgente inventar a alegria,
Multiplicar as searas,
É urgente descobrir rosas e rios
E manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
Impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
Permanecer.

Eugénio de Andrade

Fantástico...

"Mr. Show", com David Cross e Bob Odenkirk.

quinta-feira, março 22, 2007

Carpe Diem
Vinte e Quatro Horas
Os desafios são intrigantes. Mas se cada dia que passa mais não é que um novo desafio, então a vida é ela própria intigrante. Pelos desafios que nos proporciona. Sou o primeiro a assumir que adoro render-me ao comodismo dos dias, ao planeamento de cada actividade ao pormenor, a uma agenda de trabalhos coerente. Mas também dificilmente algo me dará maior prazer que o desafio à monotonia dos dias, a loucura de um momento não planeado, a magia de partir à descoberta do nada, a incerteza de cada passo, o encontro inesperado ao virar da esquina, o risco espelhado na partida. Antítese? Contraditório? Ou será que, afinal de contas, é isso a vida?
Ser desafiado é ainda mais intrigante. Ser desafiado por alguém que partilha esse gosto pelo planeado não podia ser mais louco. E o resultado dessa loucura é sempre reconfortante. Pelos afectos que proporciona. Pela troca de olhares no final de um dia a mil à hora.
Fui desafiado. E desafiei. E fui recebido de braços abertos por aqueles que convidei a tomarem parte no desafifo. Que reconfortante. Ter um jantar glorioso à minha espera. Viver uma noite intensa. Amanhecer sem saber ao que vou. Descobrir lugares. Conhecer pessoas novas. Proporcionar pequenos prazeres. Entrar na vida das pessoas que adoro e sentir que sou recebido incondicionalmente.
Obrigado a quem me desafiou a viver certamente as vinte e quatro horas mais intensas dos últimos tempos na minha humilde existência. Obrigado a todos os que estiveram a meu lado nessa corrida contra o tempo. Contra o tempo para chegar a tempo de voltar ao planeado, ao convencional, ao comodista. Quando regressei ao ponto de partida percebi que tudo estava como antes. Menos eu. Um dia mais velho. Mas muitos dias mais feliz.

quarta-feira, março 21, 2007

Fantástico

terça-feira, março 20, 2007

Palavras de Vida Eterna

Carta de Amor

É tão lindo,
Poder pensar que existe
Alguém neste mundo para nos amar
Que, o mundo já não é só sofrimento
Que a vida é bela,
Mesmo que estejamos num canto sós
Presos nesta solidão,
Solidão imensa, que nos mantém agarrados como uma presa
Nas garras de um leão
Sem forças para escapar
Mas o amor de alguém por nós é que nos faz lutar
E liberta-nos sim
Desta prisão
É para ti amor que eu dedico esta canção
Não te esqueço, espero que não te esqueças de mim
Tudo aquilo que escrevo nesta carta é só para ti
Não te minto meu bem, essa é uma certeza
O amor carrego tempo, e transporto sem tristeza
Revelo, o que sinto não tenho medo de dizer
Espero que sejas a mulher para a qual eu tenha que morrer
Talvez ai eu possa nem saber, se o amor que existe entre nós dois é a valer
Tu sabes, também o sentes, também o dizes
Espero que o continues a dizer :

Eu te amo espero que gostes de mim desta forte maneira
Que gosto de ti
Quero te beijar sentir o teu abraço
Quero estar contigo só mais um bocado
Eu te amo não fujas de mim
Não quero ficar só, eu gosto de ti
Quero compartilhar contigo os bons e os maus momentos
Quero que tu sintas os meus pensamentos

É isso aí dama, quero sentir o teu corpo
O teu calor, sim junto do meu
O suor da paixão que nos une na cama
Espero que isto dure assim pela semana
Vida a inteira, não me importo, eu só quero saber
Se o amor que tu me mostras é o que te faz gemer,
Espero que sim caso contrário diz que não
Não quero viver mais uma falsa paixão,
Ilusão, frustração e ter que sofrer de novo
Não me quero sentir assim, porque já me senti
Não gostei o que passei
mas aquilo que te vou dizer
agora dama sei é bem

Eu te amo espero que gostes de mim desta forte maneira
Que eu sinto por ti
Sem medos sem lamentos, com esta forte paixão
Quero ser teu amor mas chama me irmão
Nas horas que precisas mais de um amigo
Nos momentos que o teu estado psicológico é mais critico, sou eu
Estou aqui, comigo podes contar
Mas aquilo que eu vou te pedir
Não deixas de me amar
À mar e mar, há ir e voltar
Mas também existe amor, para receber e dar
Aquilo que eu te dou a ti, dama
Não te esqueças de dar a mim

Eu te amo espero que gostes de mim desta forte maneira
Que gosto de ti
Quero te beijar sentir o teu abraço
quero estar contigo só mais um bocado
Eu te amo não fujas de mim
Não quero ficar só, eu gosto de ti
Quero compartilhar contigo os bons e os maus momentos
Quero que tu sintas, os meus pensamentos

Eu te amo espero que gostes de mim desta forte maneira
Que gosto de ti
Quero te beijar sentir o teu abraço
quero estar contigo só mais um bocado
Eu te amo não fujas de mim
Não quero ficar só, eu gosto de ti
Quero compartilhar contigo os bons e os maus momentos
Quero que tu sintas, os meus pensamentos.

Mundo Complexo

Fantástico

segunda-feira, março 19, 2007

Demasiado Lamentável...



O pavilhão português na mais importante feira internacional de tecnologia, a CeBIT 2007, conforme foi fotografado para o Abrupto. Citando Pacheco Pereira, «tudo neste pavilhão é antiquado, desinteressante, apagado, triste, sem brilho. Assim a "portuguese technology" não vai lá».

segunda-feira, março 12, 2007

Delicioso

Revista Xis, Público, 10 Fevereiro 2007

quarta-feira, março 07, 2007

Puro Relax

Verdes Anos

Dartacão

terça-feira, março 06, 2007

100 Comentários


















Haverá algo mais urgente que visitar o site da "maior promotora de espectáculos do terceiro mundo" (como a própria Casa Blanca se define)?

Recordar é Viver...

segunda-feira, março 05, 2007

Mutações

"Tem-se falado dos resultados patéticos obtidos pela maioria dos estudantes portugueses no ensino secundário. Uma professora universitária traçou, nas páginas deste jornal, um retrato terrível do aluno-tipo da faculdade onde lecciona, uma espécie de dejecto intelectual, sem qualquer interesse pelas actividades académicas. Como sou professor do ensino secundário sei bem do que fala essa senhora. É notória a progressiva degradação da qualidade dos nossos estudantes a cada ano que passa. Escrevem mal, falam pior, compreendem o mundo que nos rodeia com notória dificuldade mas, nos assuntos que os interessam, seja futebol, marcas e modas, consumo, telemóveis, etc., são capazes de alcançar "performances" bem interessantes. Há uma motivação desviada, por assim dizer, que leva a um tremendo desperdício de potencialidades.
É um facto que as nossas escolas têm produzido gerações de ignorantes em larga escala. Afinal de contas os cidadãos são um espelho perfeito da sociedade em que vivem. Se os alunos são tão maus, os pais e encarregados de educação não deverão ser muito melhores. Se as escolas são tão fracas, os organismos responsáveis por elas devem ser muito mais frouxos. Em última análise, se os resultados académicos da esmagadora maioria dos nossos estudantes são ridículos isso só mostra a verdadeira face de Portugal.
Na verdade, a maioria da população não se preocupa verdadeiramente com este estado de coisas. Os jornais diários de maior tiragem são os desportivos. Os programas de televisão preferidos são os mais cretinos. Os teatros são ocupados por personagens vindas das telenovelas e produzem-se espectáculos "leves" e "divertidos". Quantos serão capazes de referir os nomes de três artistas plásticos portugueses contemporâneos? Os locais de passeio preferidos por toda a família para um fim-de-semana perfeito são os "shopping centers". E por aí fora. Será isto preocupante? Só para quem quiser chatear-se.
O mundo está a mudar, os cidadãos estão a mudar, as coisas serão necessariamente diferentes, mas há questões básicas essenciais que importa acautelar. Cultura e educação são campos demasiado importantes para serem deixados nas mãos de merceeiros, mas é isso que temos feito, e continuando a fazê-lo, nunca conseguiremos pagar a factura.
Resumindo, os nossos estudantes não têm obtido resultados nada brilhantes, antes pelo contrário, mas o problema não é só deles nem das escolas que frequentam, é bem mais profundo. A maioria dos portugueses tem uma fraca formação académica, mas o pior é que não encara a possibilidade de a melhorar nem sequer percebe por que há-de preocupar-se com isso. Pior que não conseguir, é não querer aprender.
Se queremos que alguma coisa mude dentro de 30 anos é preciso começar a trabalhar já hoje com os nossos filhos. Vai sendo tempo de tirar as bandeirinhas das janelas e levar este país a sério."

Rui Silvares Carvalho - Cova da Piedade
[in Público]

sexta-feira, março 02, 2007

Fantástico...

Verdes Anos

Tom Sawyer

quinta-feira, março 01, 2007

Lamentável...

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Verdes Anos

Fábulas da Floresta Verde

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Palavras de Vida Eterna

Poema do Homem Só

Sós,
irremediavelmente sós,
como um astro perdido que arrefece.
Todos passam por nós
e ninguém nos conhece.

Os que passam e os que ficam.
Todos se desconhecem.
Os astros nada explicam:
Arrefecem

Nesta envolvente solidão compacta,
quer se grite ou não se grite,
nenhum dar-se de outro se refracta,
nenhum ser nós se transmite.

Quem sente o meu sentimento
sou eu só, e mais ninguém.
Quem sofre o meu sofrimento
sou eu só, e mais ninguém.
Quem estremece este meu estremecimento
sou eu só, e mais ninguém.

Dão-se os lábios, dão-se os braços
dão-se os olhos, dão-se os dedos,
bocetas de mil segredos
dão-se em pasmados compassos;
dão-se as noites, e dão-se os dias,
dão-se aflitivas esmolas,
abrem-se e dão-se as corolas
breves das carnes macias;
dão-se os nervos, dá-se a vida,
dá-se o sangue gota a gota,
como uma braçada rota
dá-se tudo e nada fica.

Mas este íntimo secreto
que no silêncio concreto,
este oferecer-se de dentro
num esgotamento completo,
este ser-se sem disfarçe,
virgem de mal e de bem,
este dar-se, este entregar-se,
descobrir-se, e desflorar-se,
é nosso de mais ninguém.

António Gedeão
Lusos Encantos















Estremoz

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

And The Oscar Goes To...

MELHOR FILME «The Departed: Entre Inimigos»
MELHOR REALIZAÇÃO Martin Scorsese («The Departed»)
MELHOR ACTOR PRINCIPAL Forest Whitaker («O Último Rei da Escócia»)
MELHOR ACTRIZ PRINCIPAL Helen Mirren («A Rainha»)
MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO Alan Arkin («Uma Família à Beira de Um Ataque de Nervos»)
MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA Jennifer Hudson («Dreamgirls»)
MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO «Happy Feet»
MELHOR FILME EM LÍNGUA NÃO-INGLESA» «As Vidas dos Outros»
MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL «Uma Família à Beira de Um Ataque de Nervos»
MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO «The Departed: Entre Inimigos»
MELHOR DIRECÇÃO ARTÍSTICA «O Labirinto do Fauno»
MELHOR FOTOGRAFIA «O Labirinto do Fauno»
MELHOR MONTAGEM «The Departed: Entre Inimigos»
MELHOR GUARDA-ROUPA «Marie Antoinette»
MELHOR BANDA SONORA «Babel»
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL "I Need to Wake Up" - «Uma Verdade Inconveniente»
MELHOR CARACTERIZAÇÃO «O Labirinto do Fauno»
MELHOR MONTAGEM DE SOM «Cartas de Iwo Jima»
MELHOR SOM «Dreamgirls»
MELHORES EFEITOS VISUAIS «Piratas das Caraíbas: O Cofre do Homem Morto»
MELHOR DOCUMENTÁRIO «Uma Verdade Inconveniente»
MELHOR DOCUMENTÁRIO / CURTA-METRAGEM «The Blood of Yingzhou District»
MELHOR CURTA-METRAGEM / ANIMAÇÃO «The Danish Poet»
MELHOR CURTA-METRAGEM / ACÇÃO REAL «West Bank Story»

[Fonte: Cinema 2000]

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Fantástico...

O saudoso Herman...

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

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sábado, fevereiro 17, 2007

Recordar é Viver...


sexta-feira, fevereiro 16, 2007

O Público Mudou...

Porque o mundo mudou... O jornal de referência nacional está diferente. Há muito prometida (por mim nem por isso muito aguardada), a viragem gráfica e editorial do Público chegou no passado dia 12 às bancas. E está longe de ser consensual.
Desde a primeira edição do novo Público que me apetece escrever sobre o assunto, mas preferi aguardar pelos primeiros comentários antes de me pronunciar. Chocam-me alguns deles pelo seu teor quasi-destrutivo, matando logo à partida um processo de recriação maduro, consciente das exigências de uma sociedade sem tempo. Considero que, para tudo, há um período de habituação e que o benefício da dúvida deve ser dado nestas ocasiões. Primeiro estranha-se...
Sem dúvida que o jornal está diferente. Muito diferente, aliás. Todas as mudanças assistem a um natural processo de resistência. A mudança é necessária... Mas será que esta era?
Confesso que vou ter muitas saudades das páginas “cheias de letras e com uma imagenzita no canto superior”. Confesso que ainda me perco, confuso, no novo alinhamento do jornal. Confesso que as novas cores que enchem as suas páginas me provocaram alguma repulsa inicial. Confesso que tenho dúvidas quanto à eventual captação de novos leitores. Confesso que a tal espécie de conservadorismo associado à manutenção de um formato inalterado desde a sua fundação não me choca minimamente. Confesso, enfim, que ainda não estou habituado à nova cara do jornal. E que não vai ser tão depressa...
Mas continuará a ser o meu jornal. Um jornal de referência a todos os níveis. Um jornal que responde “sim” às exigências de um mercado hipercompetitivo. Um jornal que tanto se lê em 30 minutos como em 2 horas. Um jornal cativante, quase viciante. Um jornal isento e capaz da grande reportagem, da verdadeira notícia, da entrevista actual. Um jornal sóbrio e recheado de conteúdo. Um jornal cheio de cor e de imagem. Um jornal que terá tempo para afinar a edição, de responder às exigências deste novo formato. Um jornal que de certeza não perderá os seus clientes fiéis.
Porque o essencial do “velho” Público continua lá... Porque o Público não podia morrer!

Recordar é Viver...

Lamentável...

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Palavras de Vida Eterna

Emoções

Quando eu estou aqui
Eu vivo esse momento lindo
Olhando pra você
E as mesmas emoções sentindo
São tantas já vividas
São momentos que eu não esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que eu contei aqui
Amigos eu ganhei
Saudades eu senti, partindo
E às vezes eu deixei
Você me ver chorar, sorrindo
Sei tudo que o amor
É capaz de me dar
Eu sei já sofri
Mas não deixo de amar
Se chorei
Ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi
São tantas já vividas
São momentos que eu não esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que eu contei aqui
Mas eu estou aqui
Vivendo esse momento lindo
De frente pra você
E as emoções se repetindo
Em paz com a vida
E o que ela me traz
Na fé que me faz
Optimista demais
Se chorei
Ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi
Se chorei
Ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi

Roberto Carlos

Lamentável...

Bafta: And The Winner Is...

«A Rainha» e «The Last King Of Scotland», filmes que retratam uma rainha graciosa e um ditador carismático, arrecadaram no domingo os principais galardões dos Prémios da Academia de Cinema Britânico, os Bafta.
A dama Helen Mirren foi «coroada» Melhor Actriz pelo papel de Isabel II no filme «A Rainha», que também venceu na categoria de Melhor Filme do ano.
O norte-americano Forest Whitaker levou o prémio de Melhor actor pela sua interpretação de Idi Amin em «The Last King of Scotland», a história de um jovem médico escocês com o ditador ugandês.
«Last King» foi distinguido com dois prémios, o de Melhor Filme Britânico e Melhor Argumento Adaptado.
Whitaker levou a melhor na categoria de Melhor Actor sobre Daniel Craig (o novo James Bond em «Casino Royale»), Leonardo DiCaprio («Entre Inimigos»), Richard Griffiths («The History Boys») e Peter O´Toole («Venus»).
O realizador de «The Last King of Scotland», Kevin Macdonald, confessou no entanto ter tido dúvidas sobre se Whitaker era o homem certo para o papel, por este lhe ter parecido uma pessoa «demasiado doce, gentil e adorável».
A longa-metragem arrecadou três prémios, tal como «El labirinto del Fauno», de Guillermo del Toro, que ganhou a categoria Melhor filme em Língua Não Inglesa, Melhor Guarda-Roupa e Melhor Caracterização.
Paul Greengrass foi considerado o Melhor Realizador, com «United 93», o drama/documentário sobre um dos voos sequestrados a 11 de Setembro de 2001.
A antiga «American Idol», Jennifer Hudson, ganhou o prémio de Melhor Actriz Secundária pelo musical «Dreamgirls», enquanto Alan Arkin ganhou o de Melhor Actor Secundário em «Little Miss Sunshine».
O mais recente filme do agente secreto James Bond, o aclamado «Casino Royale», foi um dos derrotados, levando para casa o prémio de Melhor Som, de entre as nove categorias para as quais estava nomeado.
[ Fonte: Diário Digital / Lusa ]

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

100 Comentários

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Lamentável...

Grande Odete...

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Fantástico...

Recordar é Viver...

Lamentável...

O homem do garrafão no seu melhor...

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Puro Relax...

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

100 Comentários


















Visão, 1 Fevereiro 2007
Pequenos Grandes Portugueses

Já muito se escreveu e disse sobre a lista final do programa “Grandes Portugueses” da RTP. Apenas deixaria aqui dois ou três comentários que considero pertinentes sobre a selecção dos telespectadores da televisão pública.
Nos dez finalistas, sem surpresas, não encontramos qualquer personalidade ainda em vida, com o melhor posicionado vivo a ocupar o 12.º lugar, no caso Mário Soares. Já se sabe como os portugueses são mais de homenagens póstumas e muito pouco de gratificações em vida.
Nos dez finalistas, isto já um pouco mais surpreendente, nenhum futebolista ou artista, três reis (D. Afonso Henriques, Infante D. Henrique e D. João II), dois políticos (António de Oliveira Salazar e Álvaro Cunhal), dois estadistas (Marquês de Pombal e Aristides de Sousa Mendes), um navegador (Vasco da Gama) e dois poetas (Luís de Camões e Fernando Pessoa). Já se sabe o que é que os portugueses aprendem nos bancos da escola e, com a honrosa excepção de Aristides de Sousa Mendes, quais os nomes que andam na boca do povo. Só queria saber quantos efectivamente sabem em que século viveu o Marquês de Pombal ou o número de cantos dos Lusíadas de Camões.
Nos dez finalistas, ainda mais surpreendente, ausências como as de Mário Soares, Eça de Queirós, Amália Rodrigues ou Eusébio. Nenhum destes quatro nomes deslustraria na lista dos dez mais, com a particularidade de cada um deles, na sua área de referência, marcar um estilo inconfundível e incontornável. Precisamente por serem ímpares naquilo que fazem (ou fizeram) se lamenta a sua ausência.
Nos dez finalistas, para mim a maior das surpresas, a prova de que há máquinas bem oleadas (mais ou menos explícitas) capazes de verdadeiras massificações de opinião. Falo, naturalmente, da militância comunista e do (mais oculto, será?) aparelho salazarista. Veremos qual o seu impacto na votação final, agora que já provaram do que são efectivamente capazes.
Sem demais juízos de valor, e na continuidade do particular apreço por rankings e afins, concluo com a lista dos "10 mais" ordenada da forma como eu a colocaria. Discutível, como todas as possíveis, como sempre.
1. Marquês de Pombal
2. Aristides de Sousa Mendes
3. Infante D. Henrique
4. Fernando Pessoa
5. Luís de Camões
6. D. João II
7. Vasco da Gama
8. D. Afonso Henriques
9. António de Oliveira Salazar
10. Álvaro Cunhal

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Lusos Encantos...

Coimbra, Pátio da Universidade
Screen Actors Guild Awards - And the winner is...

Anunciadas este domingo à noite em Los Angeles, as distinções dos SAG - Screen Actors Guild Awards, considerados um dos precursores mais fiáveis para os Oscars, não representaram surpresas — Forest Whitaker foi uma vez mais considerado o melhor actor por «O Último Rei da Escócia», Helen Mirren a melhor actriz com «A Rainha», Eddie Murphy e Jennifer Hudson os secundários por «Dreamgirls» —, mas o prémio colectivo para o elenco de «Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos» permitiu confirmar a popularidade do filme na actual temporada. Em televisão, Jeremy Irons e Helen Mirren foram os melhores actores (telefilme ou mini-série) por «Elizabeth I», Hugh Laurie o melhor actor em série dramática («Dr. House»), Chandra Wilson melhor actriz («Anatomia de Grey»). Em comédia, Alec Baldwin foi o melhor actor por «30 Rock» e America Ferrera melhor actriz com «Ugly Betty». Por fim, foram distinguidos os elencos de «Anatomia de Grey» (Drama) e «The Office» (comédia). Julie Andres recebeu um prémio pela sua carreira, entregue por Dick Van Dyke e Anne Hathaway, seus colegas de «Mary Poppins» e «Diário da Princesa». [Fonte: Cinema 2000]

terça-feira, janeiro 30, 2007

Descubra as Diferenças...



segunda-feira, janeiro 29, 2007

Palavras de Vida Eterna

Fácil de Entender

Talvez por não saber falar de cor, Imaginei
Talvez por saber o que não será melhor, Aproximei
Meu corpo é o teu corpo o desejo entregue a nós
Sei lá eu o que queres dizer, Despedir-me de ti
Adeus um dia voltarei a ser feliz

Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor,
não sei, o que é sentir, se por falar falei
Pensei que se falasse era fácil de entender

Talvez por não saber falar de cor, Imaginei
Triste é o virar de costas, o último adeus
Sabe Deus o que quero dizer

Obrigado por saberes cuidar de mim, Tratar de mim,
olhar para mim, escutar quem sou,
e se ao menos tudo fosse igual a ti

Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor,
não sei o que é sentir, se por falar falei
Pensei que se falasse era fácil de entender

É o amor, que chega ao fim, um final assim,
assim é mais fácil de entender

Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor,
não sei o que é sentir, se por falar falei
Pensei que se falasse era fácil de entender!

The Gift
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quinta-feira, janeiro 25, 2007

Recordar é viver...

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Delicioso...

Melhor de 2006 - Área Vip

Mantendo a mística dos rankings, que já caracteriza as "páginas" deste blogue, aqui fica a lista dos temas musicais eleitos pelo Programa Área Vip, da Antena 3, como os melhores de 2006. O desfile dos escolhidos pode ser auscultado aqui, em formato podcast.

1. As She Goes - The Raconteurs
1. Crazy - Gnarls Barkley
2. Yah! - Buraka Som Sistema
2. Poetas de Karaoke - Sam The Kid
3. Heartbeats – José González
3. My Love - Justin Timberlake feat. T.I.
4. Acho um Pouco Bom - Cansei de Ser Sexy
5. Smile - Lili Allen
6. In the morning – Razorlight
7. Cuckoo Plan – Loto
8. Lets Break the Night With Colour - Richard Ashcroft
9. Who Left the Lights Off Baby – Guillemots
10. Amor Combate – Linda Martini

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Pura Ilusão...

terça-feira, janeiro 16, 2007

Globos de Ouro 2007 - And The Winner Is...

Cinema

Melhor realizador: Martin Scorsese ('The Departed').
Melhor filme dramático: 'Babel'.
Melhor actriz dramática: Helen Mirren ('The Queen').
Melhor actor dramático: Forest Whitaker ('The Last King of Scotland').
Melhor filme musical ou comédia: 'Dreamgirls'.
Melhor actriz em musical ou comédia: Meryl Streep ('The Devil Wears Prada' ).
Melhor actor em musical ou comédia: Sacha Baron Cohen ('Borat').
Melhor actriz secundária: Jennifer Hudson ('Dreamgirls').
Melhor actor secundário: Eddie Murphy ('Dreamgirls').
Melhor argumento: Peter Morgan ('The Queen').
Melhor filme em língua estrangeira: 'Letters from Iwo Jima'.
Melhor filme de animação: 'Cars'.
Melhor banda sonora original: Alexandre Desplat ('The Painted Veil').
Melhor canção original: "The Song of the Heart" ('Happy Feet').
Prémio carreira Cecil B. DeMille: Warren Beatty.

Televisão

Melhor série dramática: 'Grey's Anatomy' (Anatomia de Grey) (ABC).
Melhor actriz dramática: Kyra Sedgwick ('The Closer').
Melhor actor dramático: Hugh Laurie ('Dr. House').
Melhor série musical ou comédia: 'Ugly Betty' (ABC).
Melhor actriz em musical ou comédia: America Ferrera ('Ugly Betty').
Melhor actor em musical ou comédia: Alec Baldwin ('30 Rock').
Minisérie ou telefilme: 'Elizabeth I' (HBO).
Melhor actriz numa minisérie ou telefilme: Helen Mirren ('Elizabeth I').
Melhor actor numa minisérie ou telefilme: Bill Nighy ('Gideon's Daughter').
Melhor actriz secundária em série, minisérie ou telefilme: Emily Blunt ('Gideon's Daughter').
Melhor actor secundário em série, minisérie ou telefilme: Jeremy Irons ('Elizabeth I').

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Lusos Encantos...














Ilha do Pico, Açores

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Cinemacção

2006 Filmes

É incontornável falar de cinema em 2006 sem referir um conjunto de obras que marcaram indubitavelmente o ano ao nível da Sétima Arte.
Correndo o sério risco de se afirmar como a obra-prima do ano (esperemos que justamente premiada na cerimónia dos Óscares em 2007), Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos (a mui infeliz tradução para Little Miss Sunshine), de Jonathan Dayton e Valerie Faris, é uma comédia deliciosamente frenética, brilhantemente escrita, excelentemente realizada e com um fabuloso elenco, encabeçado por Greg Kinnear e Toni Collette. Com filmes destes, vale a pena ir ao cinema.
Um homem pai de família transforma-se em herói quase acidental, numa sátira às relações familiares, ao ambiente da máfia e à própria dicotomia mal-bem. Uma História de Violência (A History of Violence) é o filme que marca o regresso de David Cronenberg em 2006, depois de filmes como eXistenZ e Spider. É, em nossa opinião, o seu melhor filme, uma obra deliciosamente violenta e cruelmente irónica, que combina o talento do realizador com as brilhantes interpretações de Viggo Mortensen, Maria Bello, Ed Harris e William Hurt.
Match Point é, indiscutivelmente, um dos filmes do ano e um dos melhores do aclamado realizador Woody Allen. É a história brilhantemente contada de um jovem, da sua ascensão na sociedade e das terríveis consequências da sua ambição. Para além do brilhante argumento, consubstanciado numa história envolvente do primeiro ao último minuto, Match Point conta ainda com as interpretações majestáticas de Scarlett Johansson e Jonathan Rhys Meyers.
2006 ficará ainda inevitavelmente marcado pelo regresso do agente secreto 007 ao grande ecrã, desta vez no corpo do não consensual Daniel Craig. De Martin Campbell (o mesmo de Goldeneye), Casino Royale, a 21.ª película sobre o agente ao serviço de sua magestade é, em nossa opinião (e trata-se de uma opinião muito suspeita, uma vez que não parte de um admirador da saga, muito pelo contrário), o melhor filme 007 da chamada “era moderna”. A interpretação excelente de Daniel Craig, as arrebatadoras bond-girls Caterina Murino e Eva Green e o fantástico argumento que envolve a película tornam Casino Royale num filme frenético e muito bem conseguido dentro do género. A saga James Bond tem um novo fã.
E o que dizer do polémico O Segredo de Brokeback Mountain (Brokeback Mountain)? Estará tudo dito? Se assim é, resta-me elencá-lo como um dos melhores do ano - se não mesmo o melhor – e render-me ao estilo muito próprio (diria mesmo mágico) de Ang Lee (vencedor do Óscar para Melhor Realização) e aos brilhantes desempenhos de Heath Ledger (nomeado para Melhor Actor Principal), Jake Gyllenhaal (nomeado para Melhor Actor Secundário) e Michelle Williams (nomeada para Melhor Actriz Secundária e, na nossa opinião, uma das melhores interpretações femininas dos últimos tempos, num filme todo ele masculino e masculinizado).
Já que estamos a falar em Óscares, era impossível fazer uma crónica sobre cinema em 2006 sem referir as excelentes interpretações de Philip Seymour Hoffman, em Capote, distinguido na última cerimónia de entrega dos prémios da Academia com o Óscar de Melhor Actor Principal pelo assombroso papel do escritor homossexual Truman Capote, e de Reese Witherspoon (para a história, fica a sua deliciosa expressão “Baby, baby, baby...”), que recebeu a estatueta de Melhor Actriz Principal, pela interpretação da cantora country June Carter Cash no filme Walk the Line. Nomeado em seis categorias, o filme Colisão (Crash), de um realismo impressionante centrado nos problemas raciais de Los Angeles, obteve surpreendentemente (ou talvez não) a estatueta de Melhor Filme, a que juntou as de Melhor Argumento Original e Melhor Montagem.
2006 foi ainda o ano de O Código Da Vinci (The Da Vinci Code). Baseado no romance homónimo de Dan Brown, o filme de Ron Howard, com lançamento mundial a 19 de Maio, foi o sucesso de bilheteira do ano. O mesmo sucesso não pode ser atribuído à sua apreciação crítica. Fiel à obra que lhe serviu de argumento (se calhar demasiado fiel), O Código Da Vinci deixa muito a desejar em termos cinematográficos, sendo, para todos os efeitos, a desilusão do ano.
Uma nota final para lamentar o facto de, por razões óbvias, não ter assistido a todos os filmes estreados nas salas nacionais ao longo do ano, pelo que a selecção apresentada é naturalmente fundada em critérios subjectivos. No grupo dos filmes de 2006 que não tiveram oportunidade de ser vistos inclui-se um que suscita particular interesse e que está, por isso, na lista daqueles a ver o mais rapidamente possível. Falo do filme que recebeu mais nomeações para os Globos de Ouro de 2007, Babel, a multinarrativa dramática que irá completar a "trilogia da morte" do realizador Alejandro González Iñárritu, que inclui Amores Perros e 21 Grams. Um outro que incluo nesse grupo é O Terceiro Passo (The Prestige), o último filme de Christopher Nolan, realizador de obras como Memento, Insomnia e Batman Begins.
Num ano particularmente fértil em pequenas (grandes) pérolas cinematográficas, onde poderíamos ainda incluir obras como Good Night and Good Luck (de George Clooney), Memórias de uma Gueixa (de Rob Marshall), BORAT - Aprender Cultura da América para Fazer Benefício Glorioso à Nação do Cazaquistão (de Larry Charles), A Senhora da Água (de M. Night Shyamalan) ou Volver (de Pedro Almodóvar), fica a enorme expectativa para a Cerimónia dos Óscares, marcada este ano para o dia 25 de Fevereiro. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood revela os nomeados já no dia 23 de Janeiro. Até lá, boas sessões de cinema e, parafraseando Lauro Dérmio, o imortal personagem de Herman José, “always watch good moves”...

Fantástico...

Exterminador Implacável - A Maior História de Sempre

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Puro Relax...

Palavras de Vida Eterna

Mãe!
Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei! Traze tinta encarnada para escrever estas coisas! Tinta cor de sangue, sangue! verdadeiro, encarnado!
Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens! Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar. (...)
Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!.

José de Almada Negreiros, in “Confidências”

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Pura ilusão...


Fantástico...

Anúncio do Honda Civic (2006)

terça-feira, janeiro 02, 2007

Olá 2007

Tempo de transições... Tempo de balanços... Como eu até estou a gostar desta história dos rankings, não resisti em elencar os acontecimentos que marcaram o ano agora findado. Alertando, como sempre, para a subjectividade inerente a este tipo de metodologia, deixo-vos com a minha selecção dos acontecimentos do ano de 2006.

Actualidade Nacional

1. Cavaco Silva é eleito Presidente da República, tornando-se o primeiro Chefe de Estado de direita na história da República Portuguesa
2. A Sonae lança Oferta Pública de Aquisição sobre a Portugal Telecom, numa iniciativa económica sem precedentes em Portugal
3. José Sócrates introduz um conjunto de reformas do Estado e, apesar da contestação social, não perde a popularidade junto da opinião pública
4. Vanessa Fernandes, atleta do Benfica, conquista o terceiro título europeu consecutivo de triatlo e sagra-se campeã europeia de duatlo
5. Luís Felipe Scolari leva a selecção nacional de futebol ao 4.º lugar do Campeonato do Mundo, realizado na Alemanha
6. Os Gato Fedorento tornam-se uma referência incontornável no panorama humorístico nacional
7. A GMotors Europe abandona a fábrica Opel da Azambuja
8. A Procuradora-Geral Adjunta Maria José Morgado é nomeada coordenadora do processo “Apito Dourado”
9. José Mourinho é eleito o melhor treinador do mundo pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol
10. O país é varrido por um conjunto de cheias e de inundações, tornando o Outono de 2006 num dos mais chuvosos de sempre

Actualidade Internacional

1. O fundador do Banco Grameen do Bangladesh, Muhammad Yunus, recebe o Prémio Nobel da Paz
2. O Papa Bento XVI faz uma visita histórica à Turquia, país muçulmano dividido por questões políticas e religiosas
3. Saddam Hussein, ex-presidente iraquiano, é julgado e enforcado por crimes contra a humanidade
4. O cessar-fogo entre Israel e Líbano chega ao fim depois de 34 dias de intensos combates entre militares israelitas e as milícias xiitas do Hezbollah
5. O YouTube, criado por Chad Hurley e Steve Chen, é comprado pela Google por 1.650 milhões de dólares
6. A publicação, na Dinamarca, de 12 cartoons satirizando o profeta Maomé, cria ondas de choque à escala mundial
7. George Bush e o seu Partido Republicano perdem o controlo de ambas as Câmaras do Congresso norte-americano
8. Plutão deixa de ser considerado, pela União Astronómica Internacional, o nono planeta do sistema solar
9. Ban Ki-Moon sucede a Kofi Anann como secretário-geral da Organização das Nações Unidas
10. A Itália sagra-se, pela quarta vez na sua história, campeã do mundo de futebol, ao bater a França na final do Alemanha 2006

domingo, dezembro 31, 2006

Fantástico...

Valentim Loureiro pelo sempre fantástico Ricardo Araújo Pereira...

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Lusos encantos...













No cais (Ponte 25 de Abril, Lisboa)

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Cinemacção

Como todos os rankings, muito pessoal e fundado em critérios de cientificidade duvidosa, deixo seguidamente a lista dos meus filmes de eleição...

1. Beleza Americana (de Sam Mendes)

2. A Vida é Bela (de Roberto Benigni)

3. O Senhor dos Anéis (de Peter Jackson)

4. Uma Mente Brilhante (de Ron Howard)

5. Pulp Fiction (de Quentin Tarantino)

6. O Pianista (de Roman Polanski)

7. Magnólia (de Paul Thomas Anderson)

8. O Grande Peixe (de Tim Burton)

9. Os Condenados de Shawshank (de Frank Darabont)

10. Lost in Translation – O Amor é um Lugar Estranho (de Sofia Coppola)

quinta-feira, dezembro 21, 2006

É Natal...






terça-feira, dezembro 19, 2006

Palavras de Vida Eterna

Crucificada

Amiga... noiva... irmã... o que quiseres!
Por ti, todos os céus terão estrelas,
Por teu amor, mendiga, hei-de merecê-las
Ao beijar a esmola que me deres.

Podes amar até outras mulheres!
- Hei-de compor, sonhar palavras belas,
Lindos versos de dor só para elas,
Para em lânguidas noites lhes dizeres!

Crucificada em mim, sobre os meus braços,
Hei-se poisar a boca nos teus passos
Pra não serem pisados por ninguém,

E depois... Ah! Depois de dores tamanhas
Nascerás outra vez de outras entranhas,
Nascerás outra vez de uma outra Mãe!

Florbela Espanca
Delicioso...


segunda-feira, dezembro 18, 2006

Carpe Diem

Por Prazeres Alentejanos

Estive relutante em escrever este texto, uma vez que me irritam solenemente aquele tipo de blogues que relatam a vida diária dos seus criadores ("Hoje levantei-me à uma da tarde e fui dar comida ao canário... Limpei a caca da gaiola e regressei para dormir uma reconfortante sesta") que, a julgar pelos exemplos, sofrem precisamente do problema de nunca fazerem nada de particularmente interessante no seu dia-a-dia, motivo mais do que suficiente, a meu ver, para tornar absolutamente inútil para a sociedade em geral, e para os leitores do blogue em particular, o conteúdo da página.
Sem querer cair nesse tipo de registo, não vou deixar de transmitir aos dois fiéis leitores deste espaço (oops.. acabei de perder mais um)... Dizia, não vou deixar de transmitir ao único leitor fiel deste espaço (que por acaso sou eu), alguns dos momentos únicos vividos pela minha pessoa. E não conseguiria deixar de fazer referência à minha passagem por terras alentejanas, este fim-de-semana.
Herdade do Esporão, em Reguengos de Monsaraz. Soava a prenda de aniversário, mas disso teve apenas o facto de não ter pago a despesa no final. Foi antes uma experiência única, um momento reconfortante, um dia excepcional. Vinhas a perder de vista, a imponente torre que serve de imagem de marca do Esporão, o magestático e deliciosamente interminável almoço, recheado de pratos que só o nome encheria este blogue, o acolhedor recostar no sofá depois da mágica refeição e a prova do envolvente Private Selection Tinto 2003, tudo enformado numa atmosfera feérica de prazer e puro relax.
Garrafeira atestada, prazeres degustados, parto rendido à descoberta de outras paisagens. Monsaraz e o seu castelo altaneiro, uma Rua Direita envolta num enorme espírito natalício. Que outra coisa seria de esperar de uma aldeia repleta de personagens bíblicas, simbolicamente reconstituídas para celebrar esta época festiva? Barragem do Alqueva, o imponente reconforto da natureza, num gigantesco cenário de água e, por isso, de vida. Regresso a Évora, cidade património da humanidade, beleza e história em cada esquina.
Rendido, regresso a casa. Guardo o carregado sotaque alentejanos da simpática senhora que me atendeu no Plus (acho que a marca não era para dizer). "Quer levar um folheto com as nossas promoções? Volte sempre, obrigado..." Penso no que deve ser feito para preservar este património único. Penso em como potenciar (ainda mais) estes espaços, sobretudo em termos turísticos. Penso em Portugal e como gosto cada vez mais deste pequeno rectângulo à beira-mar plantado. O racional eleva-se, pela primeira vez no dia, ao emotivo. Porque esse já nada tem a acrescentar para além do sorriso rasgado que iluminou todo o resto do fim-de-semana. Àqueles que proporcionaram tudo isto e acompanharam cada gesto, o meu muito obrigado... Sempre...

sábado, dezembro 16, 2006

Lamentável...

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Palavras de Vida Eterna

Eu não sei, que mais posso ser
um dia rei, outro dia sem comer
por vezes forte, coragem de leão
as vezes fraco assim é o coração
eu não sei, que mais te posso dar
um dia jóias noutro dia o luar
gritos de dor, gritos de prazer
que um homem também chora
quando assim tem de ser.

Foram tantas as noites
sem dormir
tantos quartos de hotel
amar e partir
promessas perdidas
escritas no ar
e logo ali eu sei...

Tudo o que eu te dou
tu de das a mim
tudo o que eu sonhei
tu serás assim
tudo o que eu te dou
tu me das a mim
tudo o que eu te dou...

Sentado na poltrona, beijas-me a pele morena
fazes aqueles truques que aprendeste no cinema,
mais, peço-te eu, já me sinto a viajar
pára, recomeça, faz-me acreditar.

Não, dizes tu, e o teu olhar mentiu
enrolados pelo chão no abraço que se viu.

É madrugada ou alucinação
estrelas de mil cores extasy ou paixão
hum, esse odor, traz tanta saudade
mata-me de amor ou da-me liberdade
deixa-me voar, cantar, adormecer.

Pedro Abrunhosa
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Lamentável...

Imagens das cheias na Sertã, em Novembro de 2006 (vídeo amador).

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Elogio ao amor

"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas.
Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro.
Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.
A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição.Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente.
O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e mintae sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se podeceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira.
E valê-la também."

Miguel Esteves Cardoso
Expresso, 2005

terça-feira, dezembro 05, 2006

Pura ilusão...

terça-feira, novembro 28, 2006

Palavras de Vida Eterna

Passagem dos Elefantes

Elefantes na água optimistas à solta
optimistas à solta elefantes na árvore

elefantes na árvore optimistas na esquadra
optimistas na esquadra elefantes no ar

elefantes no ar optimistas em casa
optimistas em casa elefantes na esposa

elefantes na esposa optimistas no fumo
optimistas no fumo elefantes na ode

elefantes na ode optimistas na raiva
optimistas na raiva elefantes no parque

elefantes no parque optimistas na filha
optimistas na filha elefantes zangados

elefantes zangados optimistas na água
optimistas na água elefantes na árvore.

Mário Cesariny
(1923-2006)

segunda-feira, novembro 27, 2006

Lamentável...

quinta-feira, novembro 23, 2006

Delicioso...

domingo, novembro 19, 2006

Palavras de Vida Eterna

Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê, quem não ouve música,
Quem destrói o seu amor próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda as marcas no supermercado,
Não arrisca vestir uma cor nova,
Não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere o "preto no branco" e os "pontos nos is"
A um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da
Chuva incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
Não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo
Exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!

Pablo Neruda

quarta-feira, novembro 15, 2006

Globalização e Conhecimento (II):
O Caso Português

O Conhecimento, enquanto a base de grande parte do comportamento implica, como vimos, capacidade de organização da informação existente tendo em vista a resposta a problemas específicos. O trabalhador do conhecimento imerge na sociedade actual como grupo profissional dominante, com níveis elevados de habilitações académicas, autonomia e desenvolvimento profissional contínuo. Este novo operário surge no culminar de um processo de desenvolvimento do capitalismo que corresponde à transição para uma fase porventura terminal, o capitalismo do mercado global.
A Globalização, termo diverso e complexo, falsa ideia clara ou verdadeira ideia confusa, o certo é que constitui um dado adquirido e incontornável. Por isso, a questão que a sociedade actual deve colocar não é se deve ou não existir uma economia global, antes como potenciar essa economia. Como analisámos no primeiro momento da nossa reflexão, a economia de mercado global e a transição para a EBC constituem dois verdadeiros megaprocessos em curso no contexto macroeconómico que se condicionam reciprocamente. Nesse sentido, podemos afirmar que existe um nível englobante das economias nacionais, em que se situam as grandes empresas transnacionais ou, nas palavras de José Pinto dos Santos, professor português do INSEAD, um novo tipo de multinacionais, as metanacionais.
Tomando como prisma de análise a globalização enquanto processo de integração económica mundial, podemos considerar a integração de Portugal na União Europeia (UE) um processo de inserção da economia portuguesa num processo mundial de globalização. A integração europeia assume-se, assim, enquanto uma resposta macro-regional à Globalização, sem criar uma fortaleza europeia, salvaguardando identidades culturais e não deixando de defender interesses nacionais.
Este processo de transnacionalização crescente da economia torna particularmente relevante a competitividade estrutural da economia no mercado global. Um país torna-se mais ou menos atractivo ao Investimento Directo Estrangeiro (IDE) em função do desempenho das suas estruturas económicas. Esse desempenho é medido tendo por base um conjunto de indicadores estruturais que, no caso português, se traduzem em evidentes problemas de competitividade. Senão vejamos. Sem necessidade de recorrer a uma análise exaustiva, facilmente verificamos que: a) existem problemas de fundo no sistema fiscal; b) o Estado é “gordo” e ineficiente; c) o ensino e formação profissional são ministrados mais em quantidade do que em qualidade; d) existe uma baixa produtividade empresarial; e) os índices de corrupção são elevados; f) existe escassez de mão-de-obra qualificada (up-grading); g) a intensidade de concorrência no mercado interno é baixa; h) são bem patentes o esforço insuficiente em I&DE e os baixos níveis de “acesso ao conhecimento”.
Para garantir a existência de uma convergência real entre os Estados-membros, a UE implicou uma substancial transferência de recursos financeiros para os países com dificuldades de índole estrutural, daí a denominação de fundos estruturais. No entanto, apesar de Portugal ter sido amplamente beneficiado por este tipo de ajudas, a economia nacional continua actualmente no extremo inferior da classificação no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado pelas Nações Unidas.
Não esqueçamos, contudo, que os níveis de partida foram muito baixos à escala da Europa Ocidental, sobretudo em termos de desenvolvimento de recursos humanos. Os números são inequívocos e revelam que a economia portuguesa registou um crescimento profundo na última metade do século XX, em grande parte alavancado por indução externa, enquanto resultado directo do fim do “autocentramento imperial” e de uma crescente abertura externa (europeia e ibérica).
Acrescente-se ainda que o princípio da solidariedade europeia parece não ser conciliável com a lógica de mercado global. De facto, as transferências de fundos comunitários são necessárias, mas não suficientes, uma vez que não atenuam variáveis como a posição periférica do país e as suas matrizes culturais idiossincráticas. Por exemplo, a emergência à escala global de países como a China, que praticam o chamado dumping social, acentua as dificuldades de uma economia como a portuguesa, largamente em mão-de-obra barata e produtos de baixo valor acrescentado. Também os recém-integrados países da Europa Central e de Leste constituem ameaça directa à economia nacional, ao aliarem aos menores custos directos e indirectos de trabalho um sólido e inestimável capital do conhecimento.
Portanto, o problema centra-se no evidente e amplamente discutido atraso em termos de capital humano e no estatuto periférico no seio da UE, reforçado por força do alargamento a uma Europa a 25. Como verificámos anteriormente, falta, em grande parte, à economia portuguesa a criação de valor acrescentado, ou seja, a situação portuguesa actual reflecte a globalização num estádio avançado, em contraponto com o atraso na transição para a EBC. Neste cenário, parece-nos que o único rumo possível para o futuro de Portugal é a valorização da diferença, o que implica uma mudança necessariamente gradual no sentido do aumento da capacidade endógena de inovação e empreendedorismo.
Consideramos, portanto, que não podemos considerar a integração na UE uma oportunidade desperdiçada. No contexto global actual, seria impossível abdicar da pertença europeia e, se é verdade que, qual sina lusa, voltamos a partir atrasados para um novo desafio, importa, sobretudo, não perder o comboio do conhecimento. Nesta nova epopeia, o Estado e os empresários portugueses têm um papel decisivo na definição de estratégias em prol de uma sociedade do conhecimento. Mas, porque a etiologia do problema de competitividade estrutural português tem uma enorme fatia cultural, a premência de mudança impende sobre cada um de nós. E deve, por isso, partir, antes de mais, de cada um de nós. De todos nós.

terça-feira, novembro 14, 2006

Lamentável

Afinal o pequenito Saúl não morreu... Como o prova esta reportagem da SIC Notícias, está bem vivo e recomenda-se... Ou então não... Pelo menos os organizadores de espectáculos já não o recomendam muito... O moço está velho e perdeu toda a sua piada característica... A solução? Bom, promomos algo num registo Ana Malhoa. Uma verdadeira ressurreição artística de Saúl Ricardo, mas desta vez não enquanto um pequenito petiz que toca acordeão e salienta as virtudes do belo bacalhau à portuguesa, antes enquanto um verdadeiro sex-simbol, dono de um portentoso e musculado cabedal, que seduz as moças e aperece na capa da Ragazza. Só precisa de uns ligeiríssimos retoques estéticos...

segunda-feira, novembro 13, 2006

Palavras de Vida Eterna

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca

quarta-feira, novembro 08, 2006

Puro Relax...

terça-feira, novembro 07, 2006

Sobre a Amizade

(Re)Descobri estas palavras enquanto viajava pelo amontoado digital de documentos que guardo no disco rígido da memória... Servem, também e sobretudo, para homenagear um grande amigo há alguns meses longe da vista...

"Os amigos que descobrimos nos claustros da faculdade são o nosso contentamento e alegria. Neles encontrámos – enfim! – a tranquila bonança da compreensão e do respeito, o precioso consolo da estima e do apreço, o tónico desafio do génio e do intelecto, o júbilo extremo do humor e da mordaz ironia, o valor inestimável do afecto e da incomensurável amizade. Este é o momento de agradecer o tempo que já partilhámos e desejar que a casualidade dos nossos percursos individuais não nos afaste por muito tempo."

Pedro Crespo in Agradecimentos do Relatório de Estágio, 2003

segunda-feira, novembro 06, 2006

Delicioso...

Fantástico...

Paulo Bento por Ricardo Araújo Pereira. Irrepreensível...

O treinador do Sporting já reagiu e em Conferência de Imprensa do dia 5 de Novembro declarou (e isto é absolutamente verídico) "Não me incomodam essas piadas... Desta vez foi com o «Tranquilidade»... Para a próxima pegam noutras expressões quaisqueres... Sou um profissional e estou preparado para este tipo de situações..."

segunda-feira, outubro 30, 2006

Globalização e Conhecimento (I):
Sobre a inovação e o empreendedorismo


Vivemos num tempo de transições. A expressão não é nova e identifica grande parte das macro-mudanças que vive actualmente o mundo económico. Neste tempo de transições, assiste-se à emergência da Economia Baseada no Conhecimento (EBC), caracterizada por elevados níveis de instrução da mão-de-obra, alta qualidade dos sistemas de ensino e prolongada esperança média de vida da população, ou seja, pela valorização do capital humano das organizações.
Face a este contexto, a inovação surge enquanto elemento central da EBC. Trata-se de um conceito abrangente e que pode assumir várias modalidades de acção, caracterizado essencialmente pela introdução de alterações estratégicas em produtos ou processos. Concordamos com Joseph Schumpeter, ele próprio um verdadeiro inovador que, já no início do século XX, defendia que a característica básica do Capitalismo é a ruptura do estado rotineiro e estacionário de equilíbrio, num processo de desenvolvimento endógeno e auto-adaptativo, que denominou de destruição criadora. Assim, o equilíbrio surge não como um objectivo em si, antes como um meio, um instrumento tendo em vista a optimização de recursos. E, nesse processo dinâmico, surge a figura do empresário empreendedor (entrepreneur) enquanto agente anti-rotineiro capaz da inovação. Para tal, ele necessita de conhecimento, isto é, da recolha, organização e sistematização da informação relevante que lhe permita a adaptação bem sucedida da empresa às modificações ocorridas na sua envolvente.
A inovação é, assim, mais do que um conjunto de pequenas mudanças. Ela não será necessariamente criativa; poderá mais não ser do que uma inovação imitativa, adaptativa, incremental, ou seja, uma adaptação com êxito de algo já existente a um novo contexto. Inovar é, antes de mais, aproveitar uma oportunidade de mercado, antecipando a concorrência. Evidenciamos, assim, a necessidade que impende à organização de gerar vantagem competitiva de forma a aproveitar as oportunidades e ter capacidade de resposta atempada e eficaz a movimentos competitivos da concorrência. Portanto, embora a inovação possa simplesmente acontecer, de uma forma mais ou menos frequente, surge cada vez mais a necessidade de a posicionar no centro da estratégia empresarial.
É aqui que importa introduzir o conceito de valor acrescentado, enquanto dimensão intimamente associada à noção de inovação. De facto, uma inovação bem sucedida no mercado é origem da criação de valor, o que implica a capacidade de tirar proveito de cadeias produtivas flexíveis e cada vez mais organizadas a nível transnacional. Para que seja possível uma eficiente gestão da cadeia de valor, é necessário que o empreendedor possua a capacidade de maximizar e reter o valor acrescentado produzido. Fala-se, assim, em gestão do conhecimento porquanto nos referimos à actividade orientada para a estimulação e criação de condições de sucesso favoráveis à emergência de inovações bem sucedidas no mercado.
Contudo, o garante de inovação e progresso técnico depende ainda de um conjunto de factores de competitividade estrutural, que tornam o empresário e o mercado mais ou menos capazes de modernização e eficiência. Estamos, portanto, perante um leque alargado de condicionantes estruturais, de ordem social, institucional, científica e tecnológica, como são o sistema de ensino e formação, os níveis de Investigação & Desenvolvimento (I&DE) e o próprio Estado. Refira-se, inevitavelmente, o caso concreto da economia portuguesa, em que, para além da ausência de valor acrescentado dos produtos, existe todo um conjunto de problemas de índole estrutural que interferem directamente na competitividade, sobre os quais nos debruçaremos em particular nos momentos seguintes desta reflexão.

Lamentável...

quarta-feira, outubro 25, 2006

A luta contra a pobreza e a lição de Muhammad Yunus

Alguém afirmou um dia que um banqueiro é "aquele que nos empresta um guarda-chuva quando está sol e no-lo retira quando começa a chover". Ou seja: que um banco, regra geral, empresta facilmente a quem está bem/tem muito e consequentemente presta boas garantias, todavia penaliza com altas taxas e no limite não empresta mesmo nada a quem tem dificuldades e/ou não apresenta garantias.

Muhammad Yunus é a antítese deste conceito de banqueiro e por isso, enquanto fundador do Grameen Bank, é conhecido como o "banqueiro dos pobres", e o seu trabalho foi agora reconhecido pela Academia Sueca atribuindo-lhe o Prémio Nobel da Paz 2006.

Porquê o prémio Nobel da Paz para este economista?
A Paz, manter a Paz, evitar os conflitos, é o objectivo.
E que meios temos para garantir esse objectivo?
Um desses meios, reconhece agora a Academia, é a luta contra a pobreza e a exclusão, é a luta pelo desenvolvimento social, é a luta pelo desenvolvimento económico sustentável,... é a luta pela redução das desigualdades sociais.
E com que instrumentos?
O instrumento escolhido por M.Yunus foi o microcrédito. Dar crédito a quem é pobre e não tem garantias mas tem capacidade empreendedora. No fundo, seguir aquela máxima: "Ao pobre não dês o peixe, dá antes a cana e ensina a pescar". Milhares de pessoas pobres, sobretudo mulheres no Bangladesh, ultrapassaram a fase da dependência do "peixe" e conquistaram o seu sustento ( e igualmente importante a sua auto-estima), "pescando".
«O maior mérito de Yunus é o de ter persistido na convicção de que os pobres são capazes de empreender para construir um futuro melhor para si e para as suas familias», escreveu Jorge Wemans no Público de 14Out2006, acrescentando que outro grande mérito foi o de «ter formulado uma ideia simples e experimentar em pequena escala, recolher os ensinamentos, adaptar procedimentos, induzir para uma escala maior».

E nós, à nossa escala (regional/municipal), o que fazemos por esse objectivo? Que meios temos? Que instrumentos podemos utilizar?

«2015: Sem Desculpas! O mundo Deve Ser Melhor» é , como lembrou muito bem o Dr José Paulo Farinha no preâmbulo do Diagnóstico Social da Sertã, o lema da campanha promovida pela Cidades e Governos Locais Unidos e pelo Comité dos Municípios e Regiões da Europa. A nossa acção deve ser norteada por esse lema. Mas, para agir, com segurança, temos de fazer o prévio diagnóstico. Porque "não há nada mais inútil do que executar, com eficiência, aquilo que nunca deveria ser executado"(Peter Drucker).

Este Diagnóstico Social e a Agenda 21 Local do Município da Sertã, já concluidos, bem como o Estudo Demográfico a realizar, são peças que faltavam, e que constituem a base séria de trabalho para a partir da mesma, esperamos todos, se passar à acção. Se a aprendermos a "lição" de Yunus, encontraremos os meios e os instrumentos necessários.

Jorge Rodrigues Farinha
(Vereador da Câmara Municipal da Sertã)

terça-feira, outubro 24, 2006

Puro Relax...

terça-feira, outubro 17, 2006

Palavras de Vida Eterna

Vida e Cor

A floresta...
A vida...
A cor...
Não há beleza como esta
Tão sedutora e tão querida
Tão minha e tão nossa
Cheia de tanto amor...
Oxalá um dia possa
Vê-la como merece
Porque lá fundo não esquece
O que o mundo faz de mal.
Afinal,
Quem como ela
Sabe ouvir?
E escutar?
Fascinar?
Dessa forma tal
Deslumbrante...
Imperial...
Envolvida...
E, nesse instante
No momento encantador
Sublime encontro matinal
No enlevo da giesta
Vejo algo tão natural
Como a vida...
Como a cor...
A floresta.