sexta-feira, setembro 28, 2007

Palvaras de Vida Eterna
"Dois homens, ambos gravemente doentes, estavam no mesmo quarto de hospital. Um deles podia sentar-se na sua cama durante uma hora, todas as tardes, para que os fluidos circulassem nos seus pulmões. Sua cama estava junto da única janela do quarto. O outro homem tinha de ficar sempre deitado de costas.
Os homens conversavam horas a fio. Falavam das suas mulheres, famílias, das suas casas, dos seus empregos, dos seus aeromodelos, onde tinham passado as férias... E todas as tardes, quando o homem da cama perto da janela se sentava, ele passava o tempo a descrever ao seu companheiro de quarto todas as coisas que conseguia ver do lado de fora da janela. O homem da cama do lado começou a viver à espera desses períodos de uma hora, em que o seu mundo era alargado e animado por toda a actividade e cor do mundo do lado de fora da janela.
A janela dava para um parque com um lindo lago. Patos e cisnes chapinhavam na água enquanto as crianças brincavam com os seus barquinhos. Jovens namorados caminhavam de braços dados por entre as flores de todas as cores do arco-íris. Árvores velhas e enormes acariciavam a paisagem e uma ténue vista da silhueta da cidade podia ser vista no horizonte. Enquanto o homem da cama perto da janela descrevia isto tudo com extraordinário pormenor, o homem no outro lado do quarto fechava os seus olhos e imaginava a pitoresca cena. Um dia, o homem perto da janela descreveu um desfile que ia a passar, embora o outro homem não conseguisse ouvir a banda, e conseguia vê-la e ouvi-la na sua mente, enquanto o outro senhor a retratava através de palavras bastante descritivas. Dias e semanas passaram.
Uma manhã , a enfermeira chegou ao quarto trazendo água para os seus banhos, e encontrou o corpo sem vida do homem perto da janela, que tinha falecido calmamente enquanto dormia. Ela ficou muito triste e chamou os funcionários do hospital para que levassem o corpo. Logo que lhe pareceu apropriado, o outro homem perguntou se podia ser colocado na cama perto da janela. A enfermeira disse logo que sim e fez a troca. Depois de se certificar de que o homem estava bem instalado, a enfermeira deixou o quarto.
Lentamente, e cheio de dores, o homem ergueu-se, apoiado no cotovelo, para contemplar o mundo lá fora. Fez um grande esforço e lentamente olhou para o lado de fora da janela... que dava, afinal, para uma parede de tijolo! O homem perguntou à enfermeira o que teria feito com que o seu falecido companheiro de quarto lhe tivesse descrito coisas tão maravilhosas do lado de fora da janela. A enfermeira respondeu que o homem era cego e nem sequer conseguia ver a parede.Talvez ele quisesse apenas dar-lhe coragem..."

quarta-feira, setembro 26, 2007

Silent Magic Words

Dream on Girl

Dream on girl, Dream on girl

I want to see you sleep tonight

You’re up and down

You hit the ground

And time is drifting trough your fears

I can’t find your dreams tonight

And make your lover come back home

If you don’t know, you are on your own

I’ll choose the best days for your sleep

Come back to see the day you lost your heart

And odd your hopes

I’ll take you to see the sunrise and try to catch your ghost

Come on girl, a dream is your world

The sins you see are in your mind

The words that you speak are here in my ear

So I can hear you falling down

Take a breath to see me

I can wait for you to

Live your live with no hopes but

If you still believe…

Come back to see the day you lost your heart

And odd your hopes

I’ll take you to see the sunrise and try to catch your ghost

Rita Redshoes

terça-feira, setembro 25, 2007

Ver TV

É Proibido Pensar

“Confrontado com o meu desespero face à tirania do barulho, um amigo aconselhou-me a efectuar uma imersão intensiva na televisão portuguesa como uma experiência antropológica. Tentando, dispus-me – até pela impossibilidade de alternativa - a ver os programas da manhã e da tarde (…). E descobri que se organizam de acordo com uma lei implícita, segundo a qual o que importa é dizer o que quer que seja, desde que em tom entusiasta, acompanhado de expansiva linguagem corporal e sorriso radioso no rosto. Sendo os apresentadores, na sua maioria, gente nova e agradável à vista, parecem envolvidos num qualquer concurso oculto em que ganha quem falar mais alto, de forma mais exagerada ou estridente. Os convidados parecem escolhidos pela sua quase generalizada irrelevância e estão atentos à «proibição» de falar de temas «chatos» (conceito em que se engloba tudo quanto é da esfera político-social) ou deprimentes (a não ser através dos «casos da vida», invariavelmente bem sucedidos, que comunicam edificantes mensagens «de amor e coragem»).
(…) As inefáveis prestações musicais, dominadas pela música pimba ou por grupelhos pseudomodernos, obedecem ao mesmo critério: canta bem quem mais «puxa» pela voz, mais exacerba o grito, mais sua e mais comovido parece. Mas o cúmulo da estridência oca é ocupado, sem sombra de dúvida, pelos sketches cómicos que integram estes programas. Tipicamente, um senhor vestido de mulher, em paródia preconceituosa e de mau gosto aos homossexuais e transsexuais, acha que tem piada por falar alto e com voz de falsete, fazer afirmações de sentido dúbio e pontuar as frases com «ai, filha» ou «ó rica». Neste contexto, e para que vejam onde cheguei, confesso que os episódios, que tive pela primeira vez oportunidade de ver, dos Morangos com Açúcar me pareceram uma coisa muito tolerável, pelo menos com alguma organização narrativa, sequência lógica e um pouco menos de estridência sonora”.

Carla Machado, Professora Universitária, in Público, 9 Agosto 2007

Nota do Autor do Blogue: Como eu a percebo, Carla… Também actualmente a televisão é uma das minhas principais fontes de entretenimento e companhia diárias. Contudo, apesar do meu actual estado de dependência televisiva, acho que não conseguiria sujeitar-me a uma experiência antropológica tão vil e cruel. Embora assuma: Sim… Eu ultimamente espreitei algumas vezes «As Tardes da Júlia». E quem não o fez?
Lusos Encantos



Lago do Gadanha

sexta-feira, setembro 14, 2007

Palavras de Vida Eterna

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião. Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.
Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias. Difícil é encontrar e reflectir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.
Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir. Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.
Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado. Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais...
Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar. Difícil é mentir para o nosso coração.
Fácil é ver o que queremos enxergar. Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.
Fácil é dizer "oi" ou "como vai'? Difícil é dizer "adeus". Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...
Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados. Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.
Fácil é querer ser amado. Difícil é amar completamente só. Amar de verdade,sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.
Fácil é ouvir música que toca. Difícil é ouvir a sua consciência. Acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.
Fácil é ditar regras. Difícil é seguí-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.
Fácil é perguntar o que deseja saber. Difícil é estar preparado para escutar esta resposta. Ou querer entender a resposta.
Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade. Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.
Fácil é dar um beijo. Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.
Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida. Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.
Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica. Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.
Fácil é sonhar todas as noites. Difícil é lutar por um sonho...

Carlos Drummond de Andrade

sábado, setembro 08, 2007

Verdes Anos

Era Uma Vez... O Espaço