terça-feira, março 03, 2009

Directo à Questão

Empresas Veículos Sociais por Excelência

Enquanto tal, as empresas necessitam de um propósito, a função objectivo da empresa, um desígnio abrangente que não se reduza à mera satisfação dos cliente e dos proprietários. Como afirma Henry Mintzberg, as empresas não podem sofrer do chamado “síndrome de glorificação do egoísmo”, que aquele autor define como o sacrifício da responsabilidade social em detrimento do valor para o accionista ou “shareholder”.
A responsabilidade social da empresa pode ser definida como a noção de que as empresas têm uma obrigação para com os grupos constituintes da sociedade. As organizações privadas, enquanto verdadeiros veículos sociais, devem justificar a sua existência com a sua contribuição para a sociedade. O que se pretende sublinhar com esta afirmação é que qualquer decisão da empresa tem impacto social, pelo que os critérios de distribuição da propriedade da empresa devem deslocar-se dos fenómenos de fornecimento passivo de capital ao accionista para o desempenho social e intelectual conducente a uma vantagem competitiva.
Neste contexto, a noção de “stakeholder” (ou agente social) assume particular relevância, na medida em que a empresa deve considerar nas suas políticas de gestão todos os grupos ou indivíduos que podem afectar ou são afectados pela realização dos objectivos da organização. Consequentemente, a empresa deve ser compreendida no seu meio envolvente, alargando a visão da gestão sobre o seu papel e responsabilidades, para além da sua função de maximização dos lucros para o detentor da propriedade ou do capital.
Esta noção de responsabilidade social da empresa ou a concepção daquela enquanto um veículo social não se encontra ainda enraizada nos proprietários da grande maioria das nossas empresas. Para além dos baixos níveis de qualificação quer de empresários quer de colaboradores, verifica-se uma reduzida preocupação com o impacto social da actividade da empresa em áreas tão diversificadas como o ambiente, a qualidade ou a solidariedade. Iniciativas ou actividades nestas áreas surgem apenas quando impostas legislativamente, de que constituem exemplo as certificações de qualidade, que quase nunca envolvem os trabalhadores e poucas vezes partem de iniciativa autónoma dos empresários.
A tudo isto associa-se ainda uma fraca aposta nas Tecnologias de Informação e Comunicação (as famosas TIC) e nos processos de Inovação e Desenvolvimento, o que acentua a dificuldade destas empresas, nos seus moldes actuais, em entrarem na “sociedade do conhecimento”, tal como é definida por inúmeros gurus da gestão, como Peter Drucker.
As empresas nacionais continuam, pois, longe de reconhecer aspecto fundamental desempenhado pela responsabilidade social num mercado exigente como o actual. Neste contexto de hipercompetitividade e de crise económico-financeira à escala global, ser socialmente responsável é, mais do que nunca, condição de sucesso e de conquista de mercado.

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