sexta-feira, agosto 17, 2007

Assim Não…

Silly - [‘sili], s. louco; estúpido; parvo. (in Dicionário Inglês-Português, Porto Editora)

O elenco e análise crítica dos mais loucos, estúpidos, parvos (e lamentáveis) acontecimentos que estão a marcar a precisamente denominada “silly season”.

1. A versão portuguesa do filme “Os Simpsons”.

Quando uma série que leva 18 temporadas de exibição, associadas a mais de duas décadas de sucesso, é transmitida anos a fio no nosso país na sua versão original, legendada em português, não se percebe que o filme, fiel à série, que leva Homer, Bart, Marge e companhia pela primeira vez ao grande ecrã, seja dobrado em português. E que a versão na língua original esteja arredada da maior parte das salas de cinema nacional. Sobretudo porque falamos de uma série adulta (a todos os níveis), com um público-alvo fiel (não são de certeza crianças de 6 anos), que se habituou às vozes de sempre dos Simpsons (não é fácil imaginar outras). Assim não…

2. O afastamento de Dalila Rodrigues do comando do Museu Nacional de Arte Antiga.

Só quem não conhece o fantástico espólio do MNAA e o excelente trabalho desenvolvido por Dalila Rodrigues nos últimos tempos é que poderá ficar indiferente à decisão de não renovação da comissão de serviço da ainda directora do Museu por parte da tutela. Mormente quando o motivo para que tal aconteça é a manifestação pública de posições discordantes com o Governo. Assim não…

3. O desaparecimento de Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni em menos de 24 horas.

O mundo do cinema ficou mais pobre. Um intervalo de poucas horas separou as mortes de Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni, duas verdadeiras lendas vivas do cinema, os dois cineastas que melhor souberam trabalhar a dificuldade de comunicação entre os seres humanos.. Mais do que a perda de dois dos mais proeminentes realizadores do século XX, assistimos à perda de um estilo de fazer cinema, de uma forma particular de criar (sétima) arte. Assim não…

4. A suspensão da assembleia geral do BCP devido a problemas informáticos.

Não lembra a ninguém que uma decisiva assembleia geral do BCP seja suspensa devido a problemas informáticos no sistema de contagem de votos, sem que seja sequer iniciada a discussão da ordem de trabalhos. Ficou uma vez mais adiada a clarificação do poder dentro do maior banco privado português. E logo pelo motivo mais absurdo, irresponsável e embaraçante. E logo num banco que deve às novas tecnologias uma parte substancial da sua implantação no mercado. Assim não…

5. A não aplicação da Lei da Interrupção Voluntária da Gravidez na Madeira.

Oh... As mágicas terras da Madeira… Um paraíso único… A imagem de umas férias de sonho… E… As parvoíces habituais de Alberto João Jardim. Como escreveu Eduardo Prado Coelho no Público de 7 de Agosto, “o que se passa em terras da Madeira deixa-me sempre num estado de desesperada perplexidade”. E não é para menos. Desta vez, uma farsa hipócrita e absolutamente desnecessária. Jardim alega que a Lei da IVG está em vigor na Madeira, só que, uma vez que não foi prevista no orçamento regional, não está em condições de ser aplicada. E lá vai mais um capricho de Alberto João, com o estilo que lhe é habitual e perante uma atitude passiva de Cavaco Silva. Assim não…

6. A ausência do Governo nas comemorações do centenário do nascimento de Miguel Torga.

“Lamentável”. Foi precisamente esta a expressão utilizada por Carlos Encarnação, Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, para caracterizar a ausência de qualquer elemento do Governo nas cerimónias de comemoração dos 100 anos sobre o nascimento de Miguel Torga. Não obstante algum aproveitamento politico-partidário da situação por parte do edil conimbricense, o que é indesmentível é que a cidade de Coimbra e um dos maiores escritores portugueses de sempre mereciam mais de um Executivo que continua a evidenciar falhas graves quando se fala de cultura em português, “apenas” uma das mais vincadas marcas de afirmação da identidade lusa. Assim não…

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